REPÚBLICA, estendestes
teus amplos abraços por todo teu corpo
e fundaste a paz em seu destino!
Os perversos que vêm de mais além do mar
para saquear sua existência, foram bem recebidos,
e rumo a Formosa acorrentada voam
para alimentar o ninhos de escorpiões.
Logo desceram a Coreia. Sangue
e pranto e destruição, sua acostumada
tarefa: paredes vazias e mulheres mortas,
mas de repente um dia
chegou o baluarte de teus voluntários
para cumprir a sagrada fraternidade do homem.
De mar a mar, de terra a neve,
todos os homens te contemplam, China.
Que poderosa irmã jovem nos nasceu!
O homem nas Américas, inclinado em seu sulco,
rodeado pelo metal de sua maquina ardente,
o pobre dos trópicos, o valente
mineiro da Bolívia, o largo operário
do profundo Brasil, o pastor
da Patagônia infinita,
te olham, China Popular, te saúdam
e comigo te enviam este beijo em tua fronte.
Não és para nós o que quiseram: a imagem
de uma mendiga cega junto ao templo,
mas uma forte e doce capitã do povo,
ainda com tuas vitoriosas armas em uma das mãos,
com um crescente ramo de espigas no peito
e sobre tua cabeça
a estrela de todos os povos!
Pablo Neruda
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