quinta-feira, 30 de maio de 2013

Poesia | Pablo Neruda - Em Sua Morte



Camarada Stalin, eu estava junto ao mar na Ilha Negra,
descansando de lutas e de viagens,
quando a notícia de tua morte chegou como um choque de oceano.

Foi primeiro o silêncio, o esturpor das coisas, e depois chegou do mar uma onda grande
de algas, metais e homens, pedras, espuma e lágrimas estava feita esta onda.
de história, espaço e tempo recolheu sua matéira
e se elevou chorando sobre o mundo
até que diante de mim veio para golpear a costa
e derrubou em minhas portas sua mensagem de luto
com um grito gigante
como se de repente se quebrasse a terra.

Era em 1914.
Nas fábricas se acumulavam sujeiras e dores.
Os ricos do novo século
repartiam-se a dentadas o petróleo e as ilhas, o cobre e os canais.
Nem uma só bandeira levantou suas cores
sem os respingos do sangue.
De Hong Kong a Chicago a polícia
buscava documentos e ensaiava a metralhadoras na carne do povo.
As marchas militares desde a aurora
mandavam soldadinhos para morrer.
Frenético era o baile dos estrangeiros
nas boates de Paris cheias de fumo.
Sangrava o homem.
Uma chuva de sangue
caía do planeta,
manchava as estrelas.
A morte estreou então armaduras de aço.
A fome
Nos caminhos da Europa
foi como um vento gelado aventando folhas secas e quebrantando ossos.
O outono soprava os farrapos.
A guerra havia eriçado os caminhos.
Olor de inverno e sangue
emanava da Europa
como de um matadouro abandonado.
Enquanto isso os donos
do carvão,
do ferro,
do aço,
do fumo,
dos bancos,
do gás,
do ouro,
da farinha,
do salitre,
do jornal El Mercúrio,
os donos de bordéis,
os senadores norte-americanos,
os flibusteiros
carregados de ouro e sangue
de todos os países,
eram também os donos
da História.
Ali estavam sentados
de fraque, ocupadíssimos
em dispensar-se condecorações,
em presentear-se cheques na entrada
e roubá-los na saída,
em presentear-se ações da carnificina
e repartir-se a dentadas
pedaços de povo e de geografia.

Então com modesto
vestido e gorro operário,
entrou o vento,
entrou o vento do povo.
Era Lênin.
Mudou a terra, o homem, a vida.
O ar livre revolucionário
transtornou os papéis
manchados. Nasceu uma pátria
que não deixou de crescer.
É grande como um mundo, mas cabe
até no coração do mais
humilde
trabalhador de usina e oficina,
de agricultura ou barco.
Era a União Soviética.

Junto a Lênin
Stalin avançava
e assim, com blusa branca,
com gorro cinzento de operário,
Stalin,
com seu passo tranqüilo,
entrou na História acompanhado
de Lênin e do vento.
Stalin desde então
foi construindo. Tudo
fazia falta. Lênin
recebeu dos czares
teias de aranha e farrapos.
Lênin deixou uma herança
de pátria livre e vasta.
Stalin a povoou
com escolas e farinha,
imprensas e maçãs.
Stalin desde o Volga
até a neve
do norte inacessível
pôs sua mão e em sua mão um homem
começou a construir.
As cidades nasceram.
Os desertos cantaram
pela primeira vez com a voz da água.
Os minerais
acudiram,
saíram
de seus sonhos escuros,
levantaram-se,
tornaram-se trilhos, rodas,
locomotivas, fios
que levaram as silabas elétricas
por toda extensão e distância.
Stalin
construía.
Nasceram de suas mãos
cereais,
tratores,
ensinamentos,
caminhos,
e ele ali
simples como tu e como eu,
se tu e eu conseguíssemos
ser simples como ele.
Porém aprenderemos.
Sua simplicidade e sua sabedoria,
sua estrutura
de bondoso coração e de aço inflexível
nos ajuda a ser homens cada dia,
diariamente nos ajuda a ser homens.

Ser homens! É esta
a lei Staliniana!
Ser comunista é difícil.
Há que aprender a sê-lo.
Ser homens comunistas,
é ainda mais difícil,
e há que aprender de Stalin
sua intensidade serena,
sua claridade concreta,
seu desprezo
ao ouropel vazio,
à oca abstração editorial.
Ele foi diretamente
desenlaçando o nó
e mostrando a reta
claridade da linha,
entrando nos problemas
sem as frases que ocultando
o vazio,
direto ao centro débil
que em nossa luta retificaremos
podando as folhagens
e mostrando o desígnio dos frutos.
Stalin é o meio-dia,
A madureza dos homens e dos povos.
Na guerra o viram
as cidades queimadas
extrair do escombro
a esperança,
refundida de novo,
fazê-la aço,
a atacar com seus raios
destruindo
a fortificação das trevas.
Mas também ajudou as macieiras
da Sibéria
a dar suas frutas debaixo da tormenta.

Ensinou a todos
a crescer, a crescer,
plantas e metais,
criaturas e rios
ensinou-lhes a crescer,
a dar frutos e fogo.
Ensinou-lhe a Paz
e assim deteve
com seu peito estendido
os lobos da guerra.

Diante do mar de Ilha Negra, na manhã,
icei a meia haste a bandeira do Chile.
Estava solitária a costa e uma névoa de prata
se mesclava à espuma solene do oceano,
Em metade do seu mastro, no campo de azul,
a estrela solitária de minha pátria
parecia uma lágrima entre o céu e a terra.
Passou um homem do povo, saudou compreendendo,
e tirou o chapéu.
Veio um rapaz e me apertou a mão.

Mais tarde o pescador de ouriços, o velho búzio
e poeta,
Gonzalito, acercou-se para acompanhar-me sob a bandeira.
“Era mais sábio que todos os homens juntos”, me disse
olhando o mar com seus velhos olhos, com velhos
olhos do povo.
E logo por longo instante não nos falamos nada.
Uma onda
estremeceu as pedras da margem.
“Porém Malenkov agora continuará sua obra”, prosseguiu
levantando-se o pobre pescador de jaqueta surrada.
Eu o fitei surpreendido pensando: como, como o sabe?
De onde, nesta costa solitária?
E compreendi que o mar lhe havia ensinado.

E ali velamos juntos, um poeta
um pescador e o mar
ao Capitão remoto que ao entrar na morte
deixou a todos os povos, como herança, a vida.



Pablo Neruda

Conferências/Seminários | Jerónimo de Sousa - Sessão Evocativa do Centenário de Álvaro Cunhal (2013)



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Música de Intervenção | Luís Cília - O Guerrilheiro



Ei-lo erguido no topo da serra,
Recostado no seu arcabuz:
De pequeno criado na guerra,
Não conhece, não vê outra luz.
Viu a terra da Pátria agredida,
Ergueu alto seu alto pensar:
- Pula o sangue, referve-lhe a vida
Vinde ouvir o seu rude cantar.

Eia, sus, oh! meus bons camaradas,
Desse sono por fim despertai;
Além tendes vossas espadas,
Eia, sus, bem depressa afiai.
Vai a terra da Pátria vencida,
Quem da luta se pode escusar?
- Pula o sangue referve-lhe a vida
Vinde ouvir o seu rude cantar.

Que me siga quem tem a vaidade
De ouvir balas sem nunca tremer,
Que me siga quem quer liberdade,
Quem não teme na luta morrer.
A estranhos a Pátria vendida
Pede braços que a vão libertar.
- Pula o sangue referve-lhe a vida
Vinde ouvir o seu rude cantar.

Já povoam os ecos da serra
Os sons rudes do altivo clarim;
E d'envolta com os gritos da guerra
Vão em roda cantando-lhe assim:
"Eia, avante, que a Pátria agredida
Quer seus filhos na luta encontrar.
- Pula o sangue referve-lhe a vida
Vinde ouvir o seu rude cantar.

Era noite, mas noite calada.
Sem estrelas no céu a luzir;
Fôra noite dos santos fadada
Para a terra da Pátria remir.
"Se esta luta por nós for vencida
Pode a terra da Pátria folgar"
- Pula o sangue referve-lhe a vida
Vinde ouvir o seu rude cantar.

Adeus serra, calada gigante,
Erma filha do meu Portugal;
Adeus terra que inspiras distante,
Este canto sentido e leal!
"A estranhos a Pátria vendida
Pede braços que a vão libertar".
- Pula o sangue referve-lhe a vida
Vinde ouvir o seu rude cantar. II

Não faltava ninguém no combate
Não faltava na luta ninguém
Só depois - já depois do embate
Rareava nas filas alguém.
Foi acção por acção decidida;
Vinde os mortos no campo contar.
Pula o sangue referve-me a vida
Vinde ouvir-me meu triste cantar.

Era dia: nas armas luzentes
Vinha em chapa batendo-lhe o sol;
Mas nem todos dos lá combatentes,
Viram brilho do imenso farol.
Pela terra de sangue tingida
Mais de um bravo se via rojar.
Pula o sangue referve-me a vida
Vinde ouvir-me meu triste cantar.

Vencedoras as quinas ficaram
Vencedoras ainda uma vez,
Mas de pranto depois as regaram
Quem lhes dera valor português.
Lá ficara uma espada esquecida
Sem que o dono a pudesse zelar.
Pula o sangue referve-me a vida
Vinde ouvir-me meu triste cantar.

Desabando do topo da serra,
Lá deixara o fiel arcabuz:
De pequeno criado na guerra,
Viu na guerra extinguir-se-lhe a luz.
Vira a terra da Pátria agredida
Ergueu alto o seu alto pensar.
Pula o sangue referve-me a vida
Vinde ouvir-me meu triste cantar.

Conferências/Seminários | António Sampaio da Nóvoa - Sessão Evocativa do Centenário de Álvaro Cunhal (2013)



segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sobre o Debate "2 Anos de Tróika" de Mário Soares & Cia

Descaramento

Há coisas, que parecendo mentira, são afinal, verdade.

Vem a isto a propósito de uma iniciativa que vai ter lugar no próximo dia 30 de Maio na Aula Magna, devidamente preparada e convocada, pelos habituais pedantes que do alto das suas cátedras anunciam um mundo novo, mesmo quando não mexem uma pallha palha a contribuír para isso!

Parece que se juntam para debater os “2 anos de tróika”, algumas figuras que se acham a si próprias, serem das “esquerdas”, e com um figurão de cartaz. Uma figura de renome nacional e internacional, pois não são pequenos os serviços prestados ao imperialismo através dos variadíssimos tentáculos da reacção internacional, no país e por esse mundo fora... Nem mais, Mário Soares, o “pai da democracia portuguesa” segundo tudo o que é dito por "cão e gato" das forças mais reaccionárias e anti-Abril do país, um amigo da “Europa connosco” de du ami Miterrand, que feriu de morte a nossa independência e soberania nacionais. O mesmo Mário Soares, cavernáculo e caceteiro anti-comunista, pai da contra-revolução institucional, e da contra-revolução orgânica, de assobiar para o lado face à sabotagem e atentados do ELP e do MDLP, agindo de forma brutal contra a Constituição de Abril. 

É este truculento reacionarão e anti-comunista, sectário, desavergonhado senhor do sistema, que é convidado (e eventualmente, como noutras iniciativas, o impulsionador) desta oportunista iniciativa. 

Percebe-se que alguns, almejando qualquer migalhita de poder, se entreguem ao deboche, e esqueçam o real papel de Mário Soares, na desdita situação dos trabalhadores e povo deste país. Do consulado do PS sózinho em que era primeiro.ministro, iniciado com a lei dos Contratos a prazo, a Lei anti-Reforma Agrária, as Revisões Inconstitucionais da Constituição de Abril, descaracterizadoras e liquidacionistas... 

Percebe-se a pressa daqueles que alimentam nesta “democracia” dos poderosos, porque só existem com ela, alimentam-se dela... 

Não se percebe é a participação daqueles, que pertencem ao campo das forças mais consequentes, que estão ao serviço dos trabalhadores e do povo. Uma promiscuidade inaceitável e ultrajante, para esconder e branquear as altas responsabilidades do PS na dramática situação em que o povo e o país se encontram.

Depois, a somar tudo, o profundo equívoco em que os “insígnes” convocantes, colocam os incautos. O desaparecimento e da “tróika” estranjeira e “tróika” nacional, e a sua substituição por apenas a”tróika”... Um equívoco oportunista, para facilitar a desculpa ao Mário Soares e ao PS de Guterres, Ferro Rodrigues, Sócrates e Seguro, nas tropelias feitas aos que sempre têm pago as favas, nesta democracia ao serviço do grande capital e da grande finança.

Um logro que necessita de ser denunciado! De facto os “2 anos de tróika”, foram, estão a ser, os 2 anos de seguimentos dos 36 de política de direita de Governos do PS, PSD e CDS, em conluio com o FMI, BCE e UE, ao serviço dos monopólios, e da subjugação dos povos aos seus interesses, onde os trabalhadores pagam a opulência de meia dúzia. Ou seja, o resultado da política feita como que por Conselhos de Administração se tratem, ao serviço da burguesia, ao serviço do capitalismo enquanto sistema sócio.económico. 

Por isso tem cada vez mais sentido, a luta na rua. Mas que ela seja a expressão concreta da luta que se trava lá, no local de trabalho, onde se antagonizam os interesses de classe distintos entre trabalho e capital. O momento é para conjugar e potenciar todos os esforços, toda a luta, que coloque na ordem do dia o Socialismo, como única alternativa ao capitalismo!
Não às “tróikas” nacional e estranjeira!

(27 de Maio, dois dias depois da impressionante concentração promovida pela CGTP-IN junto ao Palácio de Belém)

Luís Piçarra

Conferências/Seminários | Jerónimo de Sousa - As Desigualdades na Sociedade e no Território - Dimensões do Desenvolvimento Capitalista (2013)



domingo, 26 de maio de 2013

No Equador já Não Mandam a Oligarquia, O Capital, As Multinacionais: Quem Manda é o Povo do Equador

(Oiçam o discurso do Rafael Correa no primeiro dia do seu mandato enquanto Presidente do Equador...é MARAVILHOSO, LINDO, POESIA)

Equador subiu 10 posições no ranking do desenvolvimento humano!

Economia no Equador cresce 4.3% ao ano E destroçando a economia neo-liberal: eliminando a exploração laboral e subindo os salários!

Equador é o terceiro país que mais reduz a pobreza!!! E o que mais reduz desigualdade (ao contrário do que se passa aqui....)

O melhor índice para ver se a economia está bem não é o PIB ou outra medida qualquer mas a REDUÇÃO DA POBREZA diz Correa! ISTO SIM É UM PRESIDENTE!

Políticas de inclusão de pessoas com deficiências que têm neste momento pleno emprego!

O Banco Central é do Equador e não do dos especuladores ou dos estrangeiros!
Transnacionais só ficam com 20% do petróleo....e passava.-se o inverso.

Chega de pobres e esmolas: há que continuar a transformar as relações de poder para assegurar que o povo continua a mandar e não os estrangeiros e a banca.
Dizem que acentuamos a bipolarização favorecendo os pobres! É verdade, não pode haver paz, liberdade e justiça sem IGUALDADE.

Aqui não há neo-liberalismo nem neo-colonialismo!


http://www.youtube.com/watch?v=pFvkrsDb8kQ&feature=youtu.be

Conferências/Seminários | Agostinho Lopes - As Desigualdades na Sociedade e no Território - Dimensões do Desenvolvimento Capitalista (2013)



sábado, 25 de maio de 2013

Entrevistas | Manuel Rodrigues - Quebrar o Silêncio (2013)



O Socialismo e a Saúde em Cuba




Cristina Perez-Stadelmann*

Vários escritores mexicanos que não podiam continuar o seu trabalho, têm feito isso de novo, depois de terem recebido tratamento contra a doença de Parkinson, no Centro Internacional de Restauração Neurológica (Ciren), em Cuba, através de métodos cirúrgicos minimamente invasivos.

A cantora Lucha Villa e Alberto Cortez também recorreram ao centro de Cuba. Este a recuperar a força na mão esquerda, depois de passar por um acidente vascular cerebral no final da cirurgia. O tratamento e recuperação foram feitos à cabeça, por esta clínica como "bandeiras de esperança."

Lucha Villa, por sua vez, teve uma paragem cardíaca durante uma operação de lipoaspiração que a mantinha em coma, no México. Ela viajou para Cuba e depois de algum tempo apresentou uma "melhoria significativa" das perdas de capacidades neurológicas, tais como o uso de memória, concentração de pensamento e linguagem.

Pelo menos 60 publicações internacionais reconhecem a pesquisa científica de Ciren, e isso tem sido reconhecido por oferecer o tratamento mais eficaz contra a doença de Parkinson. Da mesma forma, as pessoas que sofrem um acidente vascular cerebral podem ser curadas cirurgicamente com células-tronco da medula óssea.

A técnica é localizar a área danificada ao milímetro e colocar à sua volta células-tronco da medula óssea para regenerar e poder lidar com a área afectada e,assim, restaurar funções com um grau bastante satisfatório para a qualidade de vida do paciente.

México-Cuba Fusão

Essa instituição, considerada a líder mundial em recuperação neural, tem trabalhado há mais de uma década estreitamente com o México, e foi com a colaboração dos cientistas Rene Drucker Colin e Madrazo Ignacio Navarro, que realizou o primeiro transplante neural cubano num paciente com Parkinson, um procedimento que foi um grande avanço na medicina.

No ano seguinte, nasceu o Ciren, com a presença de pacientes com Parkinson, paralisia de Alzheimer, cerebral, sequelas psicomotoras de AVC, tumores, acidentes de automóvel, tiros, quedas, e uma longa lista de doenças neurológicas. Bem como autismo, traumatismos cranianos, lesões cerebrais, esclerose múltipla e transplantes neurais, são realizadas em pessoas com a doença de Parkinson.

Há mais de duas décadas, o Ciren coopera com o México através de instituições como a Universidad Veracruzana Cinestav.

Esperança para as crianças.

Mais de mil pacientes são tratados anualmente nesta instituição, e crianças com distúrbios neurológicos têm sido uma prioridade. Elas vieram de dezenas de países para o tratamento e reabilitação com quatro períodos de 28 dias em que o paciente permanece internado e é supervisionado em tempo integral por um neurologista. Cada período tem um custo aproximado de 160 mil pesos para os pacientes em geral.

O contacto prévio com o Ciren da representação no México, permite que uma equipa de médicos mexicanos e cubanos avaliem se um candidato tem ou não, qualquer impedimento para viajar para Cuba e participar do programa. Tem de participar numa investigação preliminar em que lhe será diagnosticado o nível dos danos neurológicos. Se aceitar, ao chegar em Cuba é sujeito a vários estudos, e desenhado um programa de tratamento por um período máximo de 112 dias. Os tratamentos foram também aplicados no transplante de células-tronco neurais para a epilepsia.

Para o Dr. Emilio Villa Acosta, presidente do Ciren de Cuba, o momento mais perigoso na vida de um ser humano é apenas o nascimento, devido a eventuais lesões anteriores que podem ocorrer, com dano cerebral. Estes danos são conhecidos como sequelas de lesões perinatal no desenvolvimento psicomotor.

No entanto, «o que nós pensamos que era um problema antes da vedação, que é o cérebro, na verdade não é. Pais de crianças com distúrbios neurológicos não devem renunciar. Há oportunidades para a recuperação baseadas numa avaliação correcta durante a primeira semana e depois de estimular a neuroplasticidade do cérebro, criará novas conexões para o paciente recuperar a função».

Nos últimos dias, o especialista fez uma palestra sobre os avanços da neurociência em Cuba, e as altas taxas de recuperação que estão a ser alcançadas. «Nós trabalhamos no neurónio para melhorar muito as condições do cérebro. Temos 22 anos de experiência com pacientes de mais de 70 países. Temos casos de crianças que não moviam um membro, e que passaram a articular muito bem a fala ou que voltam a levantar-se e a andar».

“Existem milagres”

Para o especialista não é milagre, mas, tão só, recuperação de funções através de um tratamento neurorrestaurativo, multifactorial, intensivo e personalizado, baseado no princípio da neuroplasticidade, para conseguir a recuperação estrutural e funcional do sistema nervoso lesionado.

Tal é o caso de Pedro Solis, uma criança que veio a Cuba há três meses, e só andava na “ponta dos pés” para não cair, como resultado de danos nos nervos que o afectou desde a fase de gestação. Não havia esperança de recuperação, até que chegou à ilha. Pedro Solis foi examinado por uma equipa médica que recomendou a cirurgia nos tendões do tornozelo. Hoje, Pedro Solis melhorou muito e tenta jogar futebol e quer aprender karate.  «Tudo isso num processo lento, com certeza, mas a grandeza disto é que ele pode cuidar de si», refere o médico aos seus pais.

Outro caso é o de Jesus Sérgio, que sofreu um acidente de automóvel enquanto viajava na auto-estrada Ensenada-Tecate; sofreu danos graves na espinhal medula e ficou paraplégico. Esteve vinte dias inconsciente. Para recuperar da operação, usava um espartilho. Fez um controlo do esfíncter, e não tinha nenhuma sensibilidade nas pernas. Passados sete anos veio para o Ciren, onde uma estratégia destinada a fazer o seu padrão de caminhada era funcional, o mais próximo possível ao movimento fisiológico. Sérgio Jesus está a andar hoje em dia.

*Jornalista de El Universal, do México

(Que horror. É a isto que chamam Socialismo? Estar na frente planetária da Investigação Científica, em benefício do cidadão cubano? E do cidadão mexicano? E, ainda, do cidadão de todo o mundo?). É ISTO O SOCIALISMO? QUE BOM!



Conferências/Seminários | Avelãs Nunes - As Desigualdades na Sociedade e no Território - Dimensões do Desenvolvimento Capitalista (2013)



sexta-feira, 24 de maio de 2013

Grande Manifestação | 25 de Maio - Todos a Belém - Governo Rua | Combater a Exploração e o Empobrecimento



Todas as Informações > AQUI

Música de Intervenção | Luís Cília - Cantiga de Amigo



Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
 - o meu amigo está longe
e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a tristeza é bastante.

Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso
Calai Camões Virgílio Shelley Dante
- o meu amigo está longe
e a saudade é bastante.

Conferências/Seminários | Sérgio Ribeiro - As Desigualdades na Sociedade e no Território - Dimensões do Desenvolvimento Capitalista (2013)



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Centenário de Álvaro Cunhal - Uma Exposição de Visita Obrigatória

Uma visita à Exposição exibida no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço em Lisboa, confronta-nos com a agigantada realidade e da extrema singularidade do homem, revolucionário e grandioso e multifacetado comunista. Dirigente de qualidades ímpares do seu Partido de sempre, o PCP, mas também do Movimento Comunista Internacional.

Uma vida, construída pela teimosia de ainda muito jovem, tomar Partido. Tomar Partido pela causa de emamcipação da classe operária, dos trabalhadores e do povo português, e tomar Partido pela consciente necessidade da existência de um verdadeiro Partido de tipo leninista, sem lugar para grupos e orientações diversas, e ancorado numa teoria científica viva, em movimento, dialética, e estruturado de forma a defender-se da repressão e assegurar uma efectiva ligação às massas. Uma vida, onde nessa tomada de Partido, emprestou ao colectivo partidário valores da dignidade humana que se conformaram em elementos marcante da identidade comunista do PCP.

Uma vida que se confunde com a vida do Partido, aderindo ao Partido dez anos após a sua fundação, tendo sido Secretário Geral da FJCP. Dirigente de um Partido que se funde com o povo portuguiês, projecto colectivo que emana da classe operária, dos trabalhadores e do povo. O PCP, o seu Partido, tem a sua própria marca, nas características e identidade comunistas, que sobretudo a partir da reorganização de 1940/1941, transforma o PCP numa poderosa força revolucionária, com uma única direcção e uma orientação geral.

A firmeza do homem, do revolucionário, é contagiante na formação de um importante e decisivo destacamento de quadros revolucionários a tempo inteiro, de outros tantos igualmente jovens comunistas, comprovados lutadores pela causa da emancipação do seu povo. Tal como Álvaro Cunhal, experimentaram as mais duras provações sob a bota da besta fascista de Salazar.

Nunca é de mais realçar, que mesmo apesar das duras condições impostas pela clandestinidade, o respeito pela pessoa e pela felicidade humana, moldaram a própria vida interna doi Partido. Nenhum militante poderia ser mais que outro militante, que nenhum dirigente estava acima de outro dirigente, de outro militante. Que nenhum dirigente, fosse qual fosse o nível da sua responsabilidade estva acima da crítica. Nas característica fundamentais dos militantes, quadros revolucionários, revolucionários dessa têmpora, na havia espaço para o autoelogio e a autosatisfação. A “escola” do camarada Álvaro, ensinava o uso do espírito crítico. Pois nenhum dirigente, ele próprio também, não tem a capacidade de sózinho dirigir. Álvaro Cunhal deixa-nos a marca da construção deste exército, e de alguns muito bons e generosos generais. Que o são por mérito próprio inseridos neste grande colectivo que é o PCP, e não por se declararem sê-lo.

Do próprio, mas de característica contagiante a toda a construção do Partido, a humildade foi, e é necessário que continue a ser, uma característica qualitativa fundamental de um dirigente do Partido. As excepções, é pena que sejam muitas, confirmam esta regra. Humildade exactamente igual, que contagia o homem e todo o colectivo partidário, conceito definido por Álvaro Cunhal, que por sua vez, o colectivo se apresenta assim às massas. Aos trabalhadores, à juventude e ao povo português.

No Centenário de Alvaro Cunhal, já são muitas e com tendência para crescer, o aproveitamento oportunista da sua figura, da sua multifacetada e a sigular figura. Não há cão nem gato que não queira ter uma palavrinha nestas justíssimas comemorações do seu Centenário. Fica bem, até a alguns inimigos de Álvaro e da sua causa, assumirem o respeito pela figura do dirigente comunista, homem das artes e das letras, o criador de intensa liberdade que é o homenageado. Mas seguramente que fica mal a estes, e a outros, que põem Álvaro Cunhal fechado numa redoma de vidro, selado, como alguém alheio à dialética, de alguém que se petrificou. É injusta esta atitude de alguns guardiões que se julgam os hermeneutas da obra de Álvaro Cunhal. O oportunismo escolhe todas as possibilidades de intervir, e este Centenário é um espaço apetecível.

Que dria Álvaro Cunhal de alguns que a si se referem? Será que o tempo imediatamente antes e após o XVI Congresso desapareceu, e todos os protagonistas se esfumaram?

Álvaro Cunhal tem de ser apreciado no seu todo. É oportunismo puro e duro, fragmentar Álvaro Cunhal, sobretudo nos seu textos políticos e ideológicos. Mas alguns fazem-no, e é incorrecto que o façam, desrespeitando a memória da figura gigantesca que foi Álvaro Cunhal, e a sua principal criação: o Partido, que é o PCP hoje!

A Exposição, é iniciativa de obrigatória fixação na agenda. Para os comunistas naturalmente, mas também para todos os outros trabalhadores, povo, até mesmo os mais preconceituosos...Não será presunção dizer que a Exposição do Centenário de Álvaro Cunhal, nos orgulha de sermos quem somos, através de uma vida vivida com plena intensidade e paixão conscientes, tomando Partido, construindo todos os dias Partido. É uma honra dizermos que somos membros, simpatizantes e amigos do Partido de Álvaro Cunhal.

Que país, que juventude e futuro teríamos se caíssem os preconceitos, de forma a levar o saber, o conhecimento, a vida e a luta de um Partido de homens e mulheres, cuja história se confunde com a história do país e do povo português. Esta Exposição pode dar esse contributo. Pelos seus textos e contextualização histórica, e também pela cuidada funcionalidade e plasticidade do espaço. Há que aproveitar bem o tempo da sua exibição, organizações do Partido, Sindicatos, Comissões de Trabalhadores, Escolas, Colectividades de Cultura e Recreio, povo singular.

É avassaladora a imponência da Exposição, mas que mesmo assim, não substitui o homem íntegro, e a sua vasta obra.

A causa da vida de Álvaro Cunhal, presença obrigatória do momento presente, uma projecção para o futuro!

18 de Maio de 2013
Luís Piçarra


O Estado do Estado a que Chegámos


Questão central para aqueles que têm como objectivo a construção de uma sociedade nova, a questão do Estado, tema científicamente desenvolvido por Lénine em o “Estado e a Revolução”, permanece perene de actualidade e necessidade de aprofundamento e estudo. Álvaro Cunhal a partir da posição marxista-leninista sobre o Estado, desenvolve o seu conteúdo, partindo da realidade concreta portuguesa. Aqui ficam alguns fragmentos da obra do camarada Álvaro Cunhal, “A Questão do Estado, Questão Central de Cada Revolução”, Novembro de 1967:

...”Lénine desfazia o logro espalhado nas massas populares segundo o qual a participação de ministros «socialistas» no governo seria suficiente para assegurar uma política «socialista». «Uma mudança de ministros significa muito pouco» — sublinhava Lénine — «pois todo o trabalho administrativo real está nas mãos de um exército gigantesco de funcionários (...) impregnado até à medula de um espírito antidemocrático, está ligado por milhares e milhões de fios aos latifundiários e à burguesia, dependendo deles de todas as formas».(20)

E concluía: 

«Tentar levar a cabo, por meio deste aparelho de Estado, transformações tais como a abolição da propriedade latifundiária da terra sem indemnização ou o monopólio dos cereais, etc., é a maior das ilusões, o maior engano de si próprio e o engano do povo»(21)

Nos nossos dias e no nosso país, enganam-se também a si próprios e, queiram ou não queiram, enganam o povo aqueles que afirmam que a formação dum governo constituído por democratas, socialistas, mesmo comunistas, asseguraria, por si só, a realização duma política democrática, sem que para isso se tornasse necessária a destruição do aparelho do Estado organizado pelos fascistas.

Alguns, reconhecendo a dificuldade, julgam descobrir a solução ao imaginarem uma redistribuição dos cargos, com demissões dos fascistas mais notórios dos lugares mais responsáveis e a nomeação em sua substituição de «homens de confiança». Nem se trata de um descoberta nem de uma solução. Tapando o buraco com uma tábua furada, à primeira ilusão acrescentam uma segunda.

Tal “solução” é a velha solução das “revoluções” burguesas e pequeno-burguesas, em que os partidos, que se substituíam no poder, multiplicavam nomeações e redistribuições de cargos. Em Portugal, foi o processo habitual do partidos que se sucediam no governo, tanto no tempo da monarquia constitucional, como no da república parlamentar. Diversos políticos se gabaram de ter cansado os braços no primeiro dia de governo a assinar demissões e nomeações, E entretanto nos mais dos casos de pouco lhes valia o expediente. Tal “solução” pode ser viável (embora nem sempre o seja), quando se não trata de verdadeiras revoluções, quando se não trata de alterar a “arquitectura social da Nação”, mas apenas de mudar equipas burguesas, por virtude do jogo de interesses e rivalidades de grupos e camadas da burguesia. Mas, quando se trata de revoluções que alteram a natureza de classe da política governamental, então a redistribuição dos cargos é insuficiente para que o aparelho do Estado assegure a realização pelo governo das reformas ou medidas revolucionárias que se impõem”...


Passados 37 anos sobre a vitória da contra – revolução, a Revolução de Abril tem ainda marcas profundas na sociedade portuguesa. Mas as revisões constitucionais (ilegais) alteraram qualitativamente a natureza do Estado. Mantendo e reforçando a sua super-estrutura como instrumentos de domiação de classe, os Governos, desde o primeiro Governo constitucional do “PS sózinho” com Mário Soares como Primeiro – Ministro, -um autêntico e contra-revolucionário “Conselho de Administração da Burguesia”-. deu início a um processo de permanente golpada anti-constitucional e de uma política inconstitucional, acelerando a entrega aos perdedores por via das conquistas de Abril, aquilo que haviam perdido. Vivemos nos dias que correm, as consequências da política reaccionária que PS, PSD e CDS, ao longo de 37 anos nos Governos, realizaram no sentido de reforçar e perpetuar o poder da burguesia. O texto constitucional de 2 de Abril de 1976, Constituição “filha” da Revolução de Abril sofreu profundas mutilações.


Qualificamos o regime actual como um regime de democracia burguesa. O que é isto então? É uma forma de dominação da burguesia, enquanto que os direitos e as leis proclamados para todos têm um carácter puramente formal. Nas actuais condições, da existência da propriedade privada, da política de restauração capitalista e latifundista, de restauro do poder dos monopólios, faltam os meios socio-económicos para que nessa democracia formal se possam assegurar a sua efectiva aplicação. Nesta democracia burguesa pode-se ainda falar, criticar a um ministro, criticar o Governo, criticar um empresário, ter alguma representação parlamentar e noutras instituições do sistema , mas não se muda nada; às massas estão apenas permitido limitarem-se às palavras já que o poder económico e político da burguesia, com todo seu aparato, Leis, Tribunais, Forças de Segurança, Forças Armadas, além de todo o seu aparelho ideológico (comunicação social, ciência, tecnologia, compêndios e manuais escolares, etc.) está aparelhado para reprimir contra quem se levantar, com acção concreta, contra as classes dominantes.


A reclamação de direitos próprios dos trabalhadores e do povo têm sido fustigados pela repressão, chantagem e mais roubos. O Estado através dos seus executantes, o Governo, assegura a proporção directa de que os roubos aos direitos de quem trabalha, vão direitinhos para o bolso da burguesia. Vão por via directa com os milhões e milhões de euros do erário público para a banca privada, e vão de forma indirecta por via da privação de direitos laborais, na saúde, no ensino, na justiça.

Este estado a que chegamos, o Estado e o seu regime pode-se qualificar de democracia? Pode ser democrático um regime onde a maioria tem de submeter-se a uma minoria poderosa e usurpadora?


É uma democracia somente nos seus aspectos formais, na sua fachada, e que não realiza os interesses e direitos da maioria dos trabalhadores e do povo. Ou seja, este regime de “poder do povo” tal o significado da palavra, não o é. Não traz por isso nenhuma “vantagem às massas do povo”. Esta "democracia" não assegura aos trabalhadores e ao povo nenhuma liberdade efectiva, não assegura a independência do país, quer do ponto de vista económico, financeiro, e militar, transformando-o num país cada vez mais dependente dos interesses externos, da União Europeia, Banco Central Europeu, FMI, NATO. O capital nacional e internacional, impõem às amplas massas a sua vontade, os seus desejos e a sua visão. Um domínio quase total da sua vontade.

As leis que são aprovadas pelos parlamentos nos regimes de democracia burguesa, expressam a vontade das classes dominantes, e defendem os seus interesses de classe. Leis que igualmente beneficiam os partidos do sistema ao serviço do capital, que constituem as maiorias no parlamento. A história dos últimos 37 anos, de maiorias absolutas do PS, PSD e CDS na Assembleia da República é exemplo concreto disso mesmo. Apesar de uma firme e combativa intervenção comunista na Assembleia da Republica, a política de direita, o roubo, o esbulho, a insegurança, as limitações no acesso à justiça, saúde e educação, são características deste regime de democracia burguesa. “Este caos e esta confusão, esta liberdade dos fora-da-lei e malfeitores para perpetrar crimes são qualificados pelos detentores do poder económico e político, como "democracia verdadeira"!

O pluripartidarismo e o plurarismo, apresentados como virtudes dos regimes de democracia burguesa, são denominações para procurar dizer que a participação no poder de muitos partidos do sistema,não alteraram em nada as características de classe dessa democracia empobrecida. Esse regime não altera, não transforma numa perspectiva progressista, essa sociedade, pois não pode ser democrática uma sociedade baseada na exploração e opressão de classe.

Socorrendo-nos novamente de Lenine, sobre a democracia de facto como “Governo do Povo” a democracia da maioria, democracia dos trabalhadores, adianta: 
..."só a ditadura do Proletariado poderá emancipar a humanidade da escravidão que lhe impõe o capital, das mentiras, falsidades e hipocrisia da democracia burguesa que só existe para os ricos, e dar a democracia para os pobres, ou seja, conseguir que os operários e camponeses pobres tenham verdadeiro acesso aos benefícios que a democracia outorga"...

A democracia da maioria, a democracia socialista, na construção do Socialismo sob a a ditadura do proletariado, assegura a construção colectiva de um projecto igualmente colectivo e com novas e genuínas relações humanas, num sério e difícil desafio, da construção do “homem novo”, num mundo em que não está sózinho.. No Socialismo, o sujeito principal do desenvolvimento histórico, nas relações inerentes à democracia socialista, o ser humano ocupaocupar o lugar que lhe cabe, na base de sua capacidade e do trabalho que realiza, usufruindo do produto social produzido. A cada um segundo as suas capacidades, segundo o seu trabalho. Num regime de democracia burguesa, em nome dos interesses das classes dominantes e exploradoras, não pode aceitar estas relações novas. A liberdade do indivíduo é imcompatível com o o poder manipulado pelos interesses da burguesia.

O estado a que chegou o Estado neste regime de democracia burguesa, é o Estado da dominação do capital monopolista de Estado, sempre a pretender dizer e a fazer passar a idéia de que as leis são feitas no Parlamento, alijando daí responsabilidades, e ao mesmo tempo fazer passar despercebido de que Partidos e deputados é tudo “farinha do mesmo saco”, legítimamente sufragados pelo povo. Mas como afirmava Lenine, ..." em qualquer país parlamentarista, o verdadeiro trabalho 'estatal' faz-se nos bastidores e é executado pelos ministérios, repartições e Estados-Maiores"... Enfim, consuma-se pela prática a ditadura da burguesia, mesmo que ela não assuma as características da “ditadura terrorista dos monopólios e dos latifundiários, associados ao imperialismo”, como é definido em o “Rumo à Vitória” da autoria do camarada Álvaro Cunhal.

Em conclusão, a ditadura do proletariado é infinitamente e incomensuravelmente mais democrática, do que a mais “democrática” democracia que a burguesia cioncede. Qdemocracia que concede, desde que essa “concessão” não ponha em causa os seus interesses de classe. Ou seja, se estiver em perigo, pois lá se vão os parlamentos, as eleições, e as liberdadezinhas, nem que seja a tiros de canhão.

Abril de 2013
Luís Piçarra

Conferências/Seminários | Jerónimo de Sousa - Apresentação do Tomo IV das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal (2013)



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Música de Intervenção | José Mário Branco - Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades




Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Ref: E se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

Mas se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

Mas se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Mas se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.