Realização: Marie Monique
sábado, 29 de junho de 2013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Música de Intervenção | Sérgio Godinho - O Grande Capital
Pois é, o grande capital
É o tal do gostinho especial
Gosto a limão
Gosto a cereja
Gosto a opressão
Numa bandeja.
Gosto a opressão
Numa bendeja.
O grande capital
Está vivo em Portugal
E quem não o combate
É que dele faz parte
O grande capital é fino
Ou pisa a terra ou faz o pino
Ou mostra o dente
Ou é discreto
Uma pla frente
Outra plo recto
Uma pla frente
Outra plo recto.
O grande capital
Está vivo em Portugal
E quem não o combate
É que dele faz parte.
Dizem que o ódio é baboseira
E que a raiva é má conselheira
Mas nós com o grande capital
Damo-nos mesmo muito mal
Damo-nos mesmo muito mal.
O grande capital
Está vivo em Portugal
E quem não o combate
É que dele faz parte.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Poesia | Ernesto "Che" Guevara - Contra o Vento e as Marés
Este poema (contra o vento e as marés) levará minha
assinatura.
Deixo-lhes seis sílabas sonoras,
um olhar que sempre traz (como um passarinho ferido)
ternura,
Um anseio de profundas águas mornas,
um gabinete escuro em que a única luz são esses versos meus,
um dedal muito usado para suas noites de enfado,
um retrato de nossos filhos.
A mais linda bala desta pistola que sempre me acompanha,
a memória indelével (sempre latente e profunda) das crianças
que, um dia, você e eu concebemos,
e o pedaço de vida que resta em mim.
Isso eu dou (convicto e feliz) à revolução
Nada que nos pode unir terá força maior.
Ernesto "Che" Guevara
terça-feira, 25 de junho de 2013
Música de Intervenção | Sérgio Godinho - Liberdade
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Poesia | Mauro Iasi - Trabalho Morto
Cérebros, nervos, musculos...
meu corpo explode em coisas que não sou eu
Os seres humanos fazem coisas maravilhosas
que o trasformaram em coisas terríveis.
M-D-M
Disse-Me-Deus
D-M-D
E Deus não mais existe
O Diabo expulso do céu...resiste.
D-M-D'
E as coisas caminham com seus pés
suas almas cheiram sangue
Quando se vendem em cada esquina.
Saíram de mim por cada poro
fugiram de mim pelo cansaço
romperam meu corpo de carne
fluido de óleo...pele de aço.
Ganham vida roubando a minha.
assumem porque abdico
falam porque calo
fetichizam porque reifico.
Sou eu que me olho coisa
já fui ela, mas me esqueço
É a vida que olho no corpo da coisa,
mas, morto...não me reconheço.
Mauro Iasi
domingo, 23 de junho de 2013
Música de Intervenção | Sérgio Godinho - Com um Brilhozinho nos Olhos
Com um brilhozinho nos olhos
E a saia rodada
Escancaraste a porta do bar
Trazias o cabelo aos ombros
Passeando de cá para lá
Como as ondas do mar
Conheço tão bem esses olhos
E nunca me enganam
O que é que aconteceu diz lá
É que hoje fiz um amigo
E coisa mais preciosa no mundo não há
É que hoje fiz um amigo
E coisa mais preciosa no mundo não há
Com um brilhozinho nos olhos
Metemos o carro
Muito à frente muito à frente dos bois
Ou seja fizemos promessas
Trocámos retratos
Traçámos projectos a dois
Trocámos de roupa trocámos de corpo
Trocámos de beijos tão bom é tão bom
E com um brilhozinho nos olhos
Tocámos guitarras
Pelo menos a julgar pelo som
E com um brilhozinho nos olhos
Tocámos guitarras
Pelo menos a julgar pelo som
E o que é que foi que ele disse?
E o que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco
Com um brilhozinho nos olhos
Corremos os estores
Pusemos a rádio no on
Acendemos a já costumeira
Velinha de igreja
Pusemos no off o telefone
E olha não dá para contar
Mas sei que tu sabes
Daquilo que sabes que eu sei
E com um brilhozinho nos olhos
Ficámos parados
Depois do que não te contei
E com um brilhozinho nos olhos
Ficámos parados
Depois do que não te contei
Com um brilhozinho nos olhos
Dissemos sei lá
Tudo o que nos passou pela tola
Do estilo: és o number one
Dou-te vinte valores
És um treze no totobola
E às duas por três
Bebemos um copo
Fizemos o quatro e pintámos o sete
E com um brilhozinho nos olhos
Ficámos imoveis
A dar uma de tête a tête
E com um brilhozinho nos olhos
Ficámos imoveis
A dar uma de tête a tête
E o que é que foi que ele disse?
E o que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco
E com um brilhozinho nos olhos
Tentámos saber
Para lá do que muito se amou
Quem eramos nós
Quem queriamos ser
E quais as esperanças
Que a vida roubou
E olhei-o de longe
E mirei-o de perto
Que quem não vê caras
Não vê corações
E com um brilhozinho nos olhos
Guardei um amigo
Que é coisa que vale milhões
E com um brilhozinho nos olhos
Guardei um amigo
Que é coisa que vale milhões
E o que é que foi que ele disse?
E o que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Hoje soube-me a pouco
Passa aí mais um bocadinho
Que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Hoje soube-me a tanto
Portanto
Hoje soube-me a pouco
sábado, 22 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Poesia | Mauro Iasi - Quando os Trabalhadores Perderem a Paciência
As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!
Mauro Iasi
quarta-feira, 19 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
Poesia | Mauro Iasi - Dissidência ou a Arte de Dissidiar
Há hora de somar
E hora de dividir.
Há tempo de esperar
E tempo de decidir.
Tempos de resistir.
Tempos de explodir.
Tempo de criar asas, romper as cascas
Porque é tempo de partir.
Partir partido,
Parir futuros,
Partilhar amanheceres
Há tanto tempo esquecidos.
Lá no passado tínhamos um futuro
Lá no futuro tem um presente
Pronto pra nascer
Só esperando você se decidir.
Porque são tempos de decidir,
Dissidiar, dissuadir,
Tempos de dizer
Que não são tempos de esperar
Tempos de dizer:
Não mais em nosso nome!
Se não pode se vestir com nossos sonhos
Não fale em nosso nome.
Não mais construir casas
Para que os ricos morem.
Não mais fazer o pão
Que o explorador come.
Não mais em nosso nome!
Não mais nosso suor, o teu descanso.
Não mais nosso sangue, tua vida.
Não mais nossa miséria, tua riqueza.
Tempos de dizer
Que não são tempos de calar
Diante da injustiça e da mentira.
É tempo de lutar
É tempo de festa, tempo de cantar
As velhas canções e as que ainda vamos inventar.
Tempos de criar, tempos de escolher.
Tempos de plantar os tempos que iremos colher.
É tempo de dar nome aos bois,
De levantar a cabeça
Acima da boiada,
Porque é tempo de tudo ou nada.
É tempo de rebeldia.
São tempos de rebelião.
É tempo de dissidência.
Já é tempo dos corações pularem fora do peito
Em passeata, em multidão
Porque é tempo de dissidência
É tempo de revolução
Mauro Iasi
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Música de Intervenção | John Lennon - Imagine
Imagine
there's no heaven
It's easy
if you try
No hell
below us
Above us
only sky
Imagine all
the people
Living for
today
Imagine
there's no countries
It isn't
hard to do
Nothing to
kill or die for
And no
religion too
Imagine all
the people
Living life
in peace
You may say
I'm a
dreamer
But I'm not
the only one
I hope some
day
You'll join
us
And the
world will be as one
Imagine no
possessions
I wonder if
you can
No need for
greed or hunger
A
brotherhood of man
Imagine all
the people
Sharing all
the world
You may
say,
I'm a
dreamer
But I'm not
the only one
I hope some
day
You'll join
us
And the
world will live as one
domingo, 16 de junho de 2013
Música de Intervenção | Paco Ibáñez - La Poesia es una Arma
Cuando ya nada se espera personalmente exaltante
mas se palpita y se sigue más acá de la conciencia,
fieramente existiendo, ciegamente afirmando,
como un pulso que golpea las tinieblas,
cuando se miran de frente
los vertiginosos ojos claros de la muerte,
se dicen las verdades:
las bárbaras, terribles, amorosas crueldades:
Se dicen los poemas
que ensanchan los pulmones de cuantos, asfixiados,
piden ser, piden ritmo,
piden ley para aquello que sienten excesivo.
Con la velocidad del instinto,
con el rayo del prodigio,
como mágica evidencia, lo real se nos convierte
en lo idéntico a sí mismo.
Poesía para el pobre, poesía necesaria
como el pan de cada día,
como el aire que exigimos trece veces por minuto,
para ser y en tanto somos dar un sí que glorifica.
Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan
decir que somos quienes somos,
nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno.
Estamos tocando el fondo.
Maldigo la poesía concebida como un lujo
cultural por los neutrales
que, lavándose las manos, se desentienden y evaden.
Maldigo la poesía de quien no toma partido hasta mancharse.
Hago mías las faltas. Siento en mí a cuantos sufren
y canto respirando.
Canto, y canto, y cantando más allá de mis penas
personales, me ensancho.
Quisiera daros vida, provocar nuevos actos,
y calculo por eso con técnica, qué puedo.
Me siento un ingeniero del verso y un obrero
que trabaja con otros a España en sus aceros.
Tal es mi poesía: Poesía-herramienta
a la vez que latido de lo unánime y ciego.
Tal es, arma cargada de futuro expansivo
con que te apunto al pecho.
No es una poesía gota a gota pensada.
No es un bello producto. No es un fruto perfecto.
Es algo como el aire que todos respiramos
y es el canto que espacia cuanto dentro llevamos.
Son palabras que todos repetimos sintiendo
como nuestras, y vuelan. Son más que lo mentado.
Son lo más necesario: Lo que no tiene nombre.
Son gritos
en el cielo, y en la tierra, son actos.
sábado, 15 de junho de 2013
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Música de Intervenção | Paco Ibáñez - A Galopar
Las tierras, las tierras, las tierras de España,
las grandes, las solas, desiertas llanuras.
Galopa, caballo cuatralbo,
jinete del pueblo,
al sol y a la luna.
¡A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!
A corazón suenan, resuenan, resuenan
las tierras de España, en las herraduras.
Galopa, jinete del pueblo,
caballo cuatralbo,
caballo de espuma.
¡A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!
Nadie, nadie, nadie, que enfrente no hay nadie;
que es nadie la muerte si va en tu montura.
Galopa, caballo cuatralbo,
jinete del pueblo,
que la tierra es tuya.
¡A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!
Rafael Alberti
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Poesia | Sophia de Mello Breyner Andresen - Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Música de Intervenção | Paulo de Carvalho - E Depois do Adeus
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu viste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Poesia | Mauro Iasi - Vale a Pena Viver Quando se é Comunista
Quando a noite parece eterna
e o frio nos quebra a alma.
Quando a vida se perde por nada
e o futuro não passa de uma promessa.
Nos perguntamos: vale a pena?
Quando a classe parece morta
e a luta é só uma lembrança.
Quando os amigos e as amigas se vão
e os abraços se fazem distância.
Nos perguntamos: Vale a pena?
Quando a história se torna farsa
e outubro não é mais que um mês.
Quando a memória já nos falta
e maio se transforma em festa.
Nos perguntamos: vale a pena?
Mas, quando entre camaradas nos encontramos
e ousamos sonhar futuros.
Quando a teoria nos aclara a vista
e com o povo, ombro a ombro, marchamos.
Respondemos: vale a pena viver,
quando se é comunista.
Mauro Iasi
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Música de Intervenção | Luísa Basto - Avante Camarada
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!
Ergue da noite, clandestino,
À luz do dia a felicidade,
Que o novo sol vai nascendo
Em nossas vozes vai crescendo
Um novo hino à liberdade
Que o novo sol vai nascendo
Em nossas vozes vai crescendo
Um novo hino à liberdade
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!
Cerrem os punhos, companheiros,
Já vai tombando a muralha.
Libertemos sem demora
Os companheiros da masmorra
Heróis supremos da batalha
Libertemos sem demora
Os companheiros da masmorra
Heróis supremos da batalha
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!
Para um novo alvorecer
Junta-te a nós, companheira,
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira
Que comigo vais levar
A cada canto, a cada lar
A nossa rubra bandeira
Avante, camarada, avante,
Junta a tua à nossa voz!
Avante, camarada, avante, camarada
E o sol brilhará para todos nós!
domingo, 9 de junho de 2013
Artigos de Opinião | Luís Carapinha - A Revolução Defende-se
Passaram 90 dias da morte do Comandante Hugo Chávez. Para
ninguém é segredo, dentro e fora da Venezuela, que o desaparecimento prematuro
do líder da revolução bolivariana representa uma perda irreparável e que, nesta
situação, o processo emancipador se depara com o quadro mais complexo jamais
enfrentado. Contudo, desengane-se quem julgue que a revolução está derrotada ou
prestes a capitular. A aliança da grande burguesia venezuelana, comandada e
assessorada desde Washington, apostou forte na agenda desestabilizadora, mas
voltou a sair derrotada no embate frontal das presidenciais de 14 de Abril e na
operação subversiva que logo fez desencadear com a violência nas ruas e a
campanha de desconhecimento e impugnação das eleições. Durante largos meses as
forças da reacção prepararam-se para este cenário eleitoral e pós-eleitoral.
Desavergonhadamente, os mesmos inimigos declarados da Constituição bolivariana
e protagonistas do golpe fracassado de 2002 apresentaram-se às primeiras
eleições sem Chávez sob o chapéu de um comando de campanha designado «Símon
Bolívar». O candidato Capriles transfigurou-se em simpatizante de todas as
causas populares, erigindo-se mesmo em simpatizante do «genuíno» chavismo. A
par da cerrada campanha político-mediática planearam e levaram a cabo a guerra
económica. Uma guerra de desgaste da base eleitoral e social da revolução,
promovendo sabotagens da rede eléctrica, a falta de produtos alimentares e de
consumo básico e a tentativa de instauração de um clima de caos. Congeminando
soluções golpistas, a oposição não deixa de acenar com a saída do reformismo
para o interior do movimento bolivariano e do aparelho estatal.
A Venezuela está imersa num processo revolucionário com
características próprias em muito inéditas. Num percurso sinuoso, partindo de
uma revolução de libertação nacional que se procura consolidar na via de uma
transição socialista, corajosamente assumida por Chávez em 2006 e reiterada
pelo actual Presidente, Nicolás Maduro, o país vive as contradições de um
processo de transformações incompleto, em que o novo ainda só começou a brotar
e o velho ainda persiste. No campo bolivariano há consciência de que as relações
de produção dominantes continuam a ser capitalistas, inseparáveis da matriz
económica rentista assente na exploração e exportação petrolíferas,
excessivamente dependente das importações (alimentos, artigos de consumo e
equipamentos). A campanha subversiva da direita, acalentada por mais de sete
milhões de votos, contribuiu para a agudização da conjuntura económica em que
sobressaem os desequilíbrios produtivos e estruturais da economia venezuelana
num contexto em que a revolução bolivariana elevou sensivelmente, não apenas o
PIB, mas também – e mais – a capacidade aquisitiva e o consumo de amplas
camadas.
A resposta do Governo concentra-se em desarmar a
desestabilização e atender os problemas mais agudos causadores de mal-estar
social. Ao mesmo tempo trata de avançar com medidas estratégicas de elevação da
capacidade produtiva e participação dos trabalhadores, sem a organização dos
quais não existe sujeito revolucionário.
A determinação das massas venezuelanas é preponderante. Já
sem a presença física de Chávez, a iniciativa permanece no campo bolivariano. A
unidade concreta das forças anti-imperialistas e revolucionárias é essencial,
num momento em que os EUA ainda não reconheceram Maduro e intensificam as
pressões para reverter a correlação de forças na América Latina que não tem
sido favorável ao imperialismo.
Poesia | Sophia de Mello Breyner Andresen - Che Guevara
Contra ti se ergueu a prudência
dos inteligentes e o arrojo dos patetas
A indecisão dos complicados e o
primarismo
Daqueles que confundem revolução
com desforra
De poster em poster a tua imagem
paira na sociedade de consumo
Como o Cristo em sangue paira no
alheamento ordenado das igrejas
Porém
Em frente do teu rosto
Medita o adolescente à noite no
seu quarto
Quando procura emergir de um
mundo que apodrece
Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, 8 de junho de 2013
Música de Intervenção | Luís Cília - Portugal Resiste
Tiraste-me o direito à vida , mas eu vivo
Mandaste-me prender, mas eu sou livre
Que não pode morrer, não pode ser cativo
Quem pela Pátria morre, e só por ela vive.
Vi os campos florir mas não ouvi
Raparigas cantando em nossas eiras
Nossos frutos eu vi levar e vi
Na minha Pátria as garras estrangeiras
Vi os velhos e os meninos assentados
nos degraus da tristeza vi meu povo cismando
vi os campos desertos, vi partir soldados
sobre o meu povo negros corvos vi pairando
E tu que do pais fizeste a triste cela
Tu que te fechas em teu próprio cativeiro
Tu saberás que a Pátria não se vende
E em cada peito em cada olhar se acende
Este fogo este vento de lutar por Ela.
Tu saberás que o vento não se prende.
E não terás nas tuas mãos de carcereiro
O sol que mora nas canções que nós cantamos
Nem estas uvas penduradas nas palavras
Tu que servis as pretendeste ou escravas
Em silêncios de morte e de convento
Tu ouvirás na língua que traíste
Palavras como o fogo como o vento
Estas palavras com que Portugal resiste
sexta-feira, 7 de junho de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Poesia | Ernesto "Che" Guevara - Eu Sei! Eu Sei!
Se sair daqui, o rio me engolirá...
É o meu destino: hoje devo morrer!
Mas não, a força de vontade pode superar tudo
Há obstáculos, eu reconheço
Não quero sair.
Se tenho que morrer, será nesta caverna.
As balas, o que podem as balas fazer comigo
se meu destino é morrer afogado? Mas vou
vencer o destino. O destino pode ser
conseguido pela força de vontade.
Morrer, sim, mas crivado de
balas, destroçado pelas baionetas, se não, não. Afogado
não...
Uma recordação mais duradoura do que meu nome
É lutar, morrer lutando.
Ernesto “Che” Guevara
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Música de Intervenção | Luís Cília - O Povo Unido Jamais Será Vencido
De pé, cantar, que vamos triunfar
Avançam já bandeiras de unidade
Já vão crescendo brados de vitória
E tu verás teu canto e bandeira, florescer
A luz de um rubro amanhecer,
Milhões de braços fazendo a nova história.
De pé, marchar, que o povo vai triunfar
Agora já ninguém nos vencerá
Nada pode quebrar nossa vontade
E num clamor mil vozes de combate nascerão
Dirão, canção de liberdade;
Será melhor a vida que virá.
E agora, o povo ergue-se e luta
Com voz de gigante, gritando avante
O povo unido jamais será vencido
O povo está forjando a unidade
De norte a sul, na mina e no trigal
Somos do campo, da aldeia e da cidade
Lutamos unidos pelo nosso ideal, sulcando
Rios de luz, paz e fraternidade
Aurora rubra serás realidade
De pé, cantar, que o povo vai triunfar
Milhões de punhos impõem a verdade
De aço são, ardente batalhão
E as suas mãos levando a justiça e a razão
Mulher, com fogo e com valor
Estás aqui junto ao trabalhador.
E agora, o povo ergue-se e luta
Com voz de gigante, gritando avante
O povo unido jamais será vencido
terça-feira, 4 de junho de 2013
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