Uma
visita à Exposição exibida no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço
em Lisboa, confronta-nos com a agigantada realidade e da extrema
singularidade do homem, revolucionário e grandioso e multifacetado
comunista. Dirigente de qualidades ímpares do seu Partido de sempre,
o PCP, mas também do Movimento Comunista Internacional.
Uma
vida, construída pela teimosia de ainda muito jovem, tomar Partido.
Tomar Partido pela causa de emamcipação da classe operária, dos
trabalhadores e do povo português, e tomar Partido pela consciente
necessidade da existência de um verdadeiro Partido de tipo
leninista, sem lugar para grupos e orientações diversas, e ancorado
numa teoria científica viva, em movimento, dialética, e estruturado
de forma a defender-se da repressão e assegurar uma efectiva ligação
às massas. Uma vida, onde nessa tomada de Partido, emprestou ao
colectivo partidário valores da dignidade humana que se conformaram
em elementos marcante da identidade comunista do PCP.
Uma
vida que se confunde com a vida do Partido, aderindo ao Partido dez
anos após a sua fundação, tendo sido Secretário Geral da FJCP.
Dirigente de um Partido que se funde com o povo portuguiês, projecto
colectivo que emana da classe operária, dos trabalhadores e do povo.
O PCP, o seu Partido, tem a sua própria marca, nas características
e identidade comunistas, que sobretudo a partir da reorganização de
1940/1941, transforma o PCP numa poderosa força revolucionária, com
uma única direcção e uma orientação geral.
A
firmeza do homem, do revolucionário, é contagiante na formação de
um importante e decisivo destacamento de quadros revolucionários a
tempo inteiro, de outros tantos igualmente jovens comunistas,
comprovados lutadores pela causa da emancipação do seu povo. Tal
como Álvaro Cunhal, experimentaram as mais duras provações sob a
bota da besta fascista de Salazar.
Nunca
é de mais realçar, que mesmo apesar das duras condições impostas
pela clandestinidade, o respeito pela pessoa e pela felicidade
humana, moldaram a própria vida interna doi Partido. Nenhum
militante poderia ser mais que outro militante, que nenhum dirigente
estava acima de outro dirigente, de outro militante. Que nenhum
dirigente, fosse qual fosse o nível da sua responsabilidade estva
acima da crítica. Nas característica fundamentais dos militantes,
quadros revolucionários, revolucionários dessa têmpora, na havia
espaço para o autoelogio e a autosatisfação. A “escola” do
camarada Álvaro, ensinava o uso do espírito crítico. Pois nenhum
dirigente, ele próprio também, não tem a capacidade de sózinho
dirigir. Álvaro Cunhal deixa-nos a marca da construção deste
exército, e de alguns muito bons e generosos generais. Que o são
por mérito próprio inseridos neste grande colectivo que é o PCP, e
não por se declararem sê-lo.
Do
próprio, mas de característica contagiante a toda a construção do
Partido, a humildade foi, e é necessário que continue a ser, uma
característica qualitativa fundamental de um dirigente do Partido.
As excepções, é pena que sejam muitas, confirmam esta regra.
Humildade exactamente igual, que contagia o homem e todo o colectivo
partidário, conceito definido por Álvaro Cunhal, que por sua vez, o
colectivo se apresenta assim às massas. Aos trabalhadores, à
juventude e ao povo português.
No
Centenário de Alvaro Cunhal, já são muitas e com tendência para
crescer, o aproveitamento oportunista da sua figura, da sua
multifacetada e a sigular figura. Não há cão nem gato que não
queira ter uma palavrinha nestas justíssimas comemorações do seu
Centenário. Fica bem, até a alguns inimigos de Álvaro e da sua
causa, assumirem o respeito pela figura do dirigente comunista, homem
das artes e das letras, o criador de intensa liberdade que é o
homenageado. Mas seguramente que fica mal a estes, e a outros, que
põem Álvaro Cunhal fechado numa redoma de vidro, selado, como
alguém alheio à dialética, de alguém que se petrificou. É
injusta esta atitude de alguns guardiões que se julgam os
hermeneutas da obra de Álvaro Cunhal. O oportunismo escolhe todas as
possibilidades de intervir, e este Centenário é um espaço
apetecível.
Que
dria Álvaro Cunhal de alguns que a si se referem? Será que o tempo
imediatamente antes e após o XVI Congresso desapareceu, e todos os
protagonistas se esfumaram?
Álvaro
Cunhal tem de ser apreciado no seu todo. É oportunismo puro e duro,
fragmentar Álvaro Cunhal, sobretudo nos seu textos políticos e
ideológicos. Mas alguns fazem-no, e é incorrecto que o façam,
desrespeitando a memória da figura gigantesca que foi Álvaro
Cunhal, e a sua principal criação: o Partido, que é o PCP hoje!
A
Exposição, é iniciativa de obrigatória fixação na agenda. Para
os comunistas naturalmente, mas também para todos os outros
trabalhadores, povo, até mesmo os mais preconceituosos...Não será
presunção dizer que a Exposição do Centenário de Álvaro Cunhal,
nos orgulha de sermos quem somos, através de uma vida vivida com
plena intensidade e paixão conscientes, tomando Partido, construindo
todos os dias Partido. É uma honra dizermos que somos membros,
simpatizantes e amigos do Partido de Álvaro Cunhal.
Que
país, que juventude e futuro teríamos se caíssem os preconceitos,
de forma a levar o saber, o conhecimento, a vida e a luta de um
Partido de homens e mulheres, cuja história se confunde com a
história do país e do povo português. Esta Exposição pode dar
esse contributo. Pelos seus textos e contextualização histórica, e
também pela cuidada funcionalidade e plasticidade do espaço. Há
que aproveitar bem o tempo da sua exibição, organizações do
Partido, Sindicatos, Comissões de Trabalhadores, Escolas,
Colectividades de Cultura e Recreio, povo singular.
É
avassaladora a imponência da Exposição, mas que mesmo assim, não
substitui o homem íntegro, e a sua vasta obra.
A
causa da vida de Álvaro Cunhal, presença obrigatória do momento
presente, uma projecção para o futuro!
18
de Maio de 2013
Luís
Piçarra
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