quarta-feira, 22 de maio de 2013

Centenário de Álvaro Cunhal - Uma Exposição de Visita Obrigatória

Uma visita à Exposição exibida no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço em Lisboa, confronta-nos com a agigantada realidade e da extrema singularidade do homem, revolucionário e grandioso e multifacetado comunista. Dirigente de qualidades ímpares do seu Partido de sempre, o PCP, mas também do Movimento Comunista Internacional.

Uma vida, construída pela teimosia de ainda muito jovem, tomar Partido. Tomar Partido pela causa de emamcipação da classe operária, dos trabalhadores e do povo português, e tomar Partido pela consciente necessidade da existência de um verdadeiro Partido de tipo leninista, sem lugar para grupos e orientações diversas, e ancorado numa teoria científica viva, em movimento, dialética, e estruturado de forma a defender-se da repressão e assegurar uma efectiva ligação às massas. Uma vida, onde nessa tomada de Partido, emprestou ao colectivo partidário valores da dignidade humana que se conformaram em elementos marcante da identidade comunista do PCP.

Uma vida que se confunde com a vida do Partido, aderindo ao Partido dez anos após a sua fundação, tendo sido Secretário Geral da FJCP. Dirigente de um Partido que se funde com o povo portuguiês, projecto colectivo que emana da classe operária, dos trabalhadores e do povo. O PCP, o seu Partido, tem a sua própria marca, nas características e identidade comunistas, que sobretudo a partir da reorganização de 1940/1941, transforma o PCP numa poderosa força revolucionária, com uma única direcção e uma orientação geral.

A firmeza do homem, do revolucionário, é contagiante na formação de um importante e decisivo destacamento de quadros revolucionários a tempo inteiro, de outros tantos igualmente jovens comunistas, comprovados lutadores pela causa da emancipação do seu povo. Tal como Álvaro Cunhal, experimentaram as mais duras provações sob a bota da besta fascista de Salazar.

Nunca é de mais realçar, que mesmo apesar das duras condições impostas pela clandestinidade, o respeito pela pessoa e pela felicidade humana, moldaram a própria vida interna doi Partido. Nenhum militante poderia ser mais que outro militante, que nenhum dirigente estava acima de outro dirigente, de outro militante. Que nenhum dirigente, fosse qual fosse o nível da sua responsabilidade estva acima da crítica. Nas característica fundamentais dos militantes, quadros revolucionários, revolucionários dessa têmpora, na havia espaço para o autoelogio e a autosatisfação. A “escola” do camarada Álvaro, ensinava o uso do espírito crítico. Pois nenhum dirigente, ele próprio também, não tem a capacidade de sózinho dirigir. Álvaro Cunhal deixa-nos a marca da construção deste exército, e de alguns muito bons e generosos generais. Que o são por mérito próprio inseridos neste grande colectivo que é o PCP, e não por se declararem sê-lo.

Do próprio, mas de característica contagiante a toda a construção do Partido, a humildade foi, e é necessário que continue a ser, uma característica qualitativa fundamental de um dirigente do Partido. As excepções, é pena que sejam muitas, confirmam esta regra. Humildade exactamente igual, que contagia o homem e todo o colectivo partidário, conceito definido por Álvaro Cunhal, que por sua vez, o colectivo se apresenta assim às massas. Aos trabalhadores, à juventude e ao povo português.

No Centenário de Alvaro Cunhal, já são muitas e com tendência para crescer, o aproveitamento oportunista da sua figura, da sua multifacetada e a sigular figura. Não há cão nem gato que não queira ter uma palavrinha nestas justíssimas comemorações do seu Centenário. Fica bem, até a alguns inimigos de Álvaro e da sua causa, assumirem o respeito pela figura do dirigente comunista, homem das artes e das letras, o criador de intensa liberdade que é o homenageado. Mas seguramente que fica mal a estes, e a outros, que põem Álvaro Cunhal fechado numa redoma de vidro, selado, como alguém alheio à dialética, de alguém que se petrificou. É injusta esta atitude de alguns guardiões que se julgam os hermeneutas da obra de Álvaro Cunhal. O oportunismo escolhe todas as possibilidades de intervir, e este Centenário é um espaço apetecível.

Que dria Álvaro Cunhal de alguns que a si se referem? Será que o tempo imediatamente antes e após o XVI Congresso desapareceu, e todos os protagonistas se esfumaram?

Álvaro Cunhal tem de ser apreciado no seu todo. É oportunismo puro e duro, fragmentar Álvaro Cunhal, sobretudo nos seu textos políticos e ideológicos. Mas alguns fazem-no, e é incorrecto que o façam, desrespeitando a memória da figura gigantesca que foi Álvaro Cunhal, e a sua principal criação: o Partido, que é o PCP hoje!

A Exposição, é iniciativa de obrigatória fixação na agenda. Para os comunistas naturalmente, mas também para todos os outros trabalhadores, povo, até mesmo os mais preconceituosos...Não será presunção dizer que a Exposição do Centenário de Álvaro Cunhal, nos orgulha de sermos quem somos, através de uma vida vivida com plena intensidade e paixão conscientes, tomando Partido, construindo todos os dias Partido. É uma honra dizermos que somos membros, simpatizantes e amigos do Partido de Álvaro Cunhal.

Que país, que juventude e futuro teríamos se caíssem os preconceitos, de forma a levar o saber, o conhecimento, a vida e a luta de um Partido de homens e mulheres, cuja história se confunde com a história do país e do povo português. Esta Exposição pode dar esse contributo. Pelos seus textos e contextualização histórica, e também pela cuidada funcionalidade e plasticidade do espaço. Há que aproveitar bem o tempo da sua exibição, organizações do Partido, Sindicatos, Comissões de Trabalhadores, Escolas, Colectividades de Cultura e Recreio, povo singular.

É avassaladora a imponência da Exposição, mas que mesmo assim, não substitui o homem íntegro, e a sua vasta obra.

A causa da vida de Álvaro Cunhal, presença obrigatória do momento presente, uma projecção para o futuro!

18 de Maio de 2013
Luís Piçarra


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