Para
o objectivo do tema, e sem quaisquer pretensões de ser um teórico
ou especialista,
aqui ficam algumas notas que já algum tempo tinha ensaiado e que
agora publico, centrando as expressões e os conteúdos, reformismo
e revisionismo,
no aparecimento do Marxismo como ciência e teoria revolucionária do
proletariado, para a luta pela sua emancipação e libertação da
exploração. O surgimento do marxismo como teoria, foi desde logo
confrontado com anti-corpos
das mais diversas matizes, diversas correntes oportunistas,
anarquistas, colaboracionistas, enfim, uma chusma de impecilhos à
luta revolucionária e consequente, contra o capitalismo que gera as
causas da exploração e opressão de classe.
E
é no seio dos que se apelidam de marxistas, que estão no campo do
marxismo, que o Marxismo, o seu Programa de luta revolucionária
para a superação do capitalismo, o Manifesto do Partido Comunista
(Marx e Engels), é confrontado com a luta entre revolucionários e
reformistas. Exemplo maior, são todas as teses e concepções
construídas por Bernstein, que acabaram por determinar uma forte
divisão que nos dias de hoje é ainda hoje muito marcante no
movimento operário, quer nas forças políticas, quer nas sociais,
como o movimento sindical. A teoria de que “o movimento é tudo, o
objectivo final não é nada” (Bernstein) fracturou o movimento
operário, fracturou a sua própria luta de emancipação. Teses,
concepções e práticas, derrotadas no terreno, com a vitória do
proletariado na imensidão de povos, nacionalidades e etnias do
império russo, que num impetuoso crescimento das lutas proletárias
sobretudo a partir da Revolução de 1905, e que desembocaram na
Revolução burguesa de Fevereiro, e na vitoriosa e de significado
universal da Revolução Socialista de Outubro de 1917. Um processo
não fácil, onde também estiveram presentes as concepções
Bernsteinianas, Martovianas e Plekanovistas tentando anular a luta
pelo objectivo final, a superação do capitalismo e instauração do
poder dos trabalhadores, para o cincuscrever a luta à conquista de
pequenas reformas, deixando intacto o regime da burguesia, porque,
diziam, o “desenvolvimento das forças produtivas sofriam
seculares atrasos” e que por isso deveriam maturar num ambiente
“mais democrático”. Incluindo no seio dos Bolcheviques, estas
teses e concepções tiveram ecos, onde alguns deputados da Duma do
POSDR(b) consideravam que era ali, ali no ventre da besta, na Duma
(Parlamento) que se travava o essencial da luta contra o regime da
burguesia Kerenskyano e czarófilo, e que todas as energias incluindo
a força organizada do Partido e do proletariado deveriam estar para
ali voltadas. Outra corrente oportunista que se desenvolveu no
interior do POSDR (b) vinha já desde o rescaldo da Revolução de
1905, os chamados Otzovistas (1908) (termo do russo: retirar)
que defendia com fraseologia pseudo-revolucionária, que os deputados
bolcheviques na III Duma se deveriam retirar, e que os quadros
bolcheviques igualmente se deveriam retirar dos sindicatos,
organizações colectivas e de massas, quer legais, quer semi-legais.
Manifestações do oportunismo de “direita” e de “esquerda”,
expressões concretas do reformismo e revisionismo.
A
luta contra o Reformismo e o Revisionismo, terá de ser uma luta
constante
Há nas
forças mais consequentes, quem considere que isto são questões
académicas e arrumadas. Mas no quadro político e social que
vivemos, neste “estertor” do próprio sistema capitalista que
para se manter à tona enquanto regime económico e social, recorre a
tudo, é necessário que o Marxismo, ou melhor dito, que o
Marxismo-Leninismo base teórica e âncoras dos Partidos Comunistas
dignos do nome que ostentam, seja de facto assumido como o
instrumento mais capaz de análise ao estado das coisas, e a ciência
que atende aos caminho para a sua superação. Por isso é necessário
que se depurem de concepções e práticas que esmagam o
desenvolvimento da luta revolucionária, práticas que se submetem às
lógicas de que a participação nas instituições dos regimes de
democracia burguesa (que até chamam de parlamentar), é que dão
credibilidade
pelas propostas que apresentam para melhorar o sistema, e que e
isso abre o caminho para chegarem ao poder como um qualquer
outro partido, caso “seja essa a vontade do povo”. Concepção,
prática e orientação que arrasta para o apoio a essa intervenção
institucional os destacamentos mais avançados da classe operária e
dos trabalhadores. O objectivo final, razão que levou à fundação
dos Partidos Comunistas, do Socialismo, fica decretado como um
objectivo longínquo, e que para lá chegarmos temos de ir aos
“bochechos”, com pequenos passos, ou seja, transformando em
salmo
biblíco
as etapas históricas pré-determinadas, como se elas não fossem em
resultado do incremento e agudização da luta de classes, o
resultado do aprofundamento e desenvolvimento da luta de massas que
determinasse a fase ou fases, a etapa ou etapas, que levem à ruptura
e sbversão do regime da burguesia, e à criação de uma situação
revolucionária que provoque o salto. Ou seja, o processo
revolucionário, a Revolução Socialista que igualmente não pode
ser pré-determinada nos seus contornos, excepto de que, é o único
caminho para retirar o poder às classes dominantes, derrotar a
ditadura da burguesia, e substituír pelo regime do poder dos
trabalhadores sob a forma da ditadura do proletariado, cujo objectivo
é assegurar custe o que custar a construção vitoriosa do
Socialismo. Socialismo que também não pode ser pré-determinado na
forma como se “organiza”, mas que será aquilo que tem de ser,
como expressão de uma organização social nova, que elimine a
exploração do homem pelo homem, e que seja a antecâmara da
sociedade comunista. A sociedade sem classes baseada no princípio de
“a cada um, segundo as suas necessidades”.
O poder, quem o tem e quem o exerce e a forma como o faz, é a questão fundamental do Marxismo. Lénine desenvolve em “O Estado e a Revolução” o entendimento comunista sobre o poder e a classe ou classes que o detêm.
Reformismo, no qual se inscreve o Tacticismo, e Revisionismo não são uma e a mesma coisa, não se equivalem entre si, embora sejam cara e coroa da mesma moeda: o oportunismo.
Tal como a oposição às reformas não é uma questão de princípio, embora existam reformas e reformas. São as condições objectivas, cada situação concreta, e também os factores subjectivos, ou seja, o grau de entendimento das causas por parte da classe operária e das massas, do Partido de vanguarda e das organizações de massas, o movimento sindical, que determinarão sempre o estádio da luta, e as conquistas concretas dessa luta. As “melhorias” conquistadas à burguesia, apesar dos seus limites materiais e temporais, são também ao mesmo tempo a escola igualmente concreta, de que é com a luta que se aprofundam as conquistas com a luta e acção revolucionárias.
Questão diferente é, quando se pensa, e se pratica a co-gestão na feitura de Leis do Estado introdutoras de reformas, se derretem tempos incomensoráveis a pôr pensos rápidos nas feridas de morte do sistema capitalista, abandonando na prática o objectivo do Socialismo como a única alternativa ao capitalismo. É com reflexos brutais que tais práticas e concepções provocam atrasos para a luta dos trabalhadores e do povo. Concepção e prática de alguns Partidos que se afirmando comunistas, caminham nas avenidas do oportunismo político e ideológico. O objectivo final foi substituído por reformas que diminuem o sofrimento de amplas massas, são um paliativo, mas não o remédio para a mortal doença que é a exploração capitalista. Tal como na matéria e no pensamento, também na sociedade há natureza, natureza das coisas, das concepções, as práticas, uma práxis, a que correspondem objectivos. Nada é por acaso. Têm uma existência material, objectiva. Daí que se coloca sempre uma linha divisória entre reformistas e revolucionários, a partir das suas práxis, mesmo quando aparentemente estarão a resolver as mesmas tarefas práticas, nomeadamente: Luta de classes, confronto dos interesses de classe antagónicos, ou concertação e colaboração entre as classes?; Revolução, salto, transformação radical do estado das coisas, ou reforma, remendos sociais no regime da burguesia?; Ruptura revolucionária, ou conquista do Poder pelo voto?; Enfim, ditadura da burguesia, ou ditadura do proletariado?
Nada melhor do que pôr a falar Marx e Engel sobre estas questões das classes e da luta de classes:
“Aquilo que eu fiz de novo foi demonstrar: 1. que a existência das classes está apenas ligada a determinada fases do desenvolvimento histórico e da produção; 2. que a luta de classes necessáriamente conduz à ditadura do proletariado; 3. que esta mesma ditadura constitui somente a passagem à supressão de todas as classes e a uma sociedade sem classes” (Karl Marx). Também Engels sobre esta questão central: “1. Concretizar os interesses dos trabalhadores (dos proletários) frente (arrancando) aos da burguesia; 2. Conquistar este objectivo com a supressão da propriedade privada e a sua substituição pela propriedade comum (social) dos bens; 3. não reconhecer nenhum outro meio para a realização destes propósitos, que não seja a revolução democrática violenta”...
Marx, Engels, Lénine, Staline, nas suas obras respondem ao contrabando ideológico para todos gostos, contrabando feito sempre com os objectivos comuns de perpetuar o poder da burguesia.
Tal como Marx e Engels no combate ideológico aos “socialistas utópicos”, e outros, também Lenine dá firme combate ao reformismo e revisionismo. Fica aqui parte do texto escreve sobre o carácter revisionista de Bernstein e Kautsky: “ A social democracia deve transformar-se de partido da revolução social, em partido das reformas sociais. Bernstei tem apoiado esta reivindicação política com toda uma bateria de “novos” argumentos e considerações muito bem enquadradas. Nega-se a dar fundamento científico ao socialismo e de provar a necessidade e inevitabilidade desde o ponto de vista da concepção materialista da história; nega-se em reconhecer o que faz a miséria crescente, da proletarização, da agudização das contradições capitalistas, declara-se inconsistente o conceito do”objectivo final” (a famosa frase de Bernstein “o movimento é tudo, , o objectivo final nada) e rechaça a ideia da ditadura do proletariado; nega-se à oposição de princípio entre o liberalismo e o socialismo; nega a teoria da luta de classes, que seria inaplicável numa sociedade rigorosamente democrática, administrada segundo a vontade da maioria”...
Quer se queira ou não, foi Staline e sob a sua direcção, que se deu combate firme a toda uma rede de oportunistas, contra-revolucionários, reformistas e revisionistas dos tempos modernos, expressos no Trotskysmo, Bukarinismo, Zinovievismo, o nacionalismo burguês, o Browderismo, algumas teses e práticas do chamado Titismo, entre outras correntes reformistas e revisionistas.
É, ao arrepio dos êxitos conseguidos na primeira Pátria Socialista, que após a morte de Stáline e sobretudo após o XX Congresso do PCUS, que sob o signo do chamado “Relatório secreto” de Krutchev, que se introduz o vírús mais mortal da contra-revolução, cujo desfecho mais imediato é o da subida meteórica de novos e ambiciosos dirigentes comprometidos com a restauração do capitalismo, nos mais altos cargos do Partido e do Estado Soviético. Se alguns obedeciam a um plano (Gorbathev num colóquio comemorativo do 10º aniversário do jornal Público), outros eram militantes da mesma “causa” sem o saberem. Entre estes protagonistas do pós XX Congresso do PCUS, houve ainda o período das “meias tintas” de Brejnev, sem que isso queira dizer, menos socialismo. O facto mesmo, é de que o Krutchevismo criou as condições necessárias para o êxito da contra-revolução, quer com as “ajudas” internas, quer com as ajudas externas.
Com as derrotas do Socialismo no Leste da Europa-, sobretudo em resultado do virótico anticorpo que nasceu quando eclodiu a Revolução Socialista de Outubro, passando por linhas e fracções e oposições de “esquerda” e “direita”-, o oportunismo liquidacionista adquiriu um peso e dimensão que a generosidade revolucionária não previa e não prevenia. O desaparecimento do primeiro Estado Operário e Camponês, a grande potência do Socialismo que foi a URSS, levou a que o Reformismo e o Revisionismo adquirissem uma nova qualidade: falibilidade dos clássicos fundadores do Socialismo Científico, base teórica dos Partidos Comunistas, sistema efémero, consagrando assim a ideia de que o capitalismo, entretanto vitorioso, é o fim da história da sociedade humana. Que para além do capitalismo não há nova sociedade, e que por isso a tarefa é remendá-lo. É neste rescaldo que muitos Partidos Comunistas e organizações progressistas se auto-liquidaram e são liquidados enquanto tal. “Andaço” oportunista que ataca a cabeça desses Partidos, doença que nunca provém das suas bases. Alguns mantêm a sigla, mas há muito que fizeram implodir os conteúdos que lhes davam as características comunistas. Há muito que arrumaram com a natureza de classe que os definia como Partidos da classe operária e de todos os trabalhadores, identidade comunista (que incorpora os objectivos da Revolução Socialista e do Socialismo), regras de funcionamento baseadas no princípio de uma única orientação, uma única direcção, ou seja o centralismo democrático, a substituição da luta de classes pela negociação e a conciliação de classes. Alguns, como é o PCF que não se escusou em participar em Governos chamados de esquerda com o PSF, que afrontaram e roubaram direitos aos trabalhadores franceses, porque mais importante que o programa dos Governos, era a “credibilidade” conseguida com a repartição de ministérios e secretarias de Estado. O famoso “Manifesto de Champigny inaugura no PCF o Krutchevismo com as cores da França.
Em Portugal, também no interior do Partido Comunista Português, o “virús” provoca o “desvio de direita” (1956-1959), e mais recentemente, animado pela Perestroíka de Gorbatchov, e de um capital de queixa a propósito da perda de votos e de posições institucionais, abre-se a “caça aos patos” com as “velhas” e oportunistas teses: de que os “maus resultados” são por causa da ideologia marxista-leninista, dos símbolos, do funcionamento interno, da ausência de democracia interna e de “liberdade dos militantes” de pensarem pela sua cabeça, mais “os graves erros e assassinatos em massa na URSS de Staline e a cumplicidade e silêncio do PCP, e outras patranhas do baú do anti-comunismo amplificado por Goebells. Assim foi com o Grupo dos Seis, com o Grupo dos 24 de Almada, com o da Terceira Via, e o dos chamados Renovadores. Todos andavam ao mesmo. Poder a qualquer preço independentemente de ser um poder contra os trabalhadores e a maioria do povo português. A realidade impõe-se mais uma vez: todos esses “críticos” que queriam, mais Partido, mais democracia interna, institucionalizando plataformas e fracções, aí estão. No PS, no PSD, no BE. De oportunistas de grupo passam a militar em partidos oportunistas.
Para terminar esta espécie de ensaio, que não sei se cumpriu o objectivo, ou seja, deixar o alerta, o aviso e a atenção para que a “doença” não nos bata à porta, deixo partes de um texto de uma conferência enviada pelo camarada Álvaro Cunhal à Fundação Rodney Arismendi em Montevideu no ano de 2001, “As 6 característica Fundamentais do Partido Comunista”:
“O quadro das forças revolucionárias existentes no mundo alterou-se nas últimas décadas do século XX. O movimento comunista internacional e os partidos seus componentes sofreram profundas modificações em resultado da derrocada da URSS e de outros países socialistas e do êxito do capitalismo na competição com o socialismo.Houve partidos que renegaram o seu passado de luta, a sua natureza de classe, o seu objectivo de uma sociedade socialista e a sua teoria revolucionária. Em alguns casos, tornaram-se partidos integrados no sistema e acabaram por desaparecer”.
Esta nova situação no movimento comunista internacional abriu na sociedade um espaço vago no qual tomaram particular relevo outros partidos revolucionários que, nas condições concretas dos seus países, se identificaram com os partidos comunistas em aspectos importantes e por vezes fundamentais dos seus objectivos e da sua acção.
Por isso, quando se fala hoje do movimento comunista internacional, não se pode, como em tempos se fez, colocar uma fronteira entre partidos comunistas e quaisquer outros partidos revolucionários. O movimento comunista passou a ter em movimento uma nova composição e novos limites .
Estes acontecimentos não significam que partidos comunistas, com a sua identidade própria, não façam falta à sociedade. Pelo contrário. Com as características fundamentais da sua identidade, partidos comunistas são necessários, indispensáveis e insubstituíveis , tendo em conta que assim como não existe um “modelo” de sociedade socialista, não existe um “modelo” de partido comunista.
Entretanto, com diferenciadas respostas concretas a situações concretas, podem apontar-se seis características fundamentais da identidade de um partido comunista, tenha este ou outro nome.
1ª -
Ser um partido completamente independente dos interesses, da
ideologia, das pressões e ameaças das forças do capital. Trata-se
de uma independência do partido e da classe, elemento constitutivo
da identidade de um partido comunista. Afirma-se na própria acção,
nos próprios objectivos, na própria ideologia. A
ruptura com essas características essenciais em nenhum caso é uma
manifestação de independência mas, pelo contrário, é, em si
mesma, a renúncia a ela.
2ª - Ser um partido da classe operária, dos trabalhadores em geral, dos explorados e oprimidos .Segundo a estrutura social da sociedade em cada país, a composição social dos membros do partido e da sua base de apoio pode ser muito diversificada. Em qualquer caso, é essencial que o partido não esteja fechado em si, não esteja voltado para dentro, mas, sim voltado para fora, para a sociedade, o que significa, não só mas antes de mais, que esteja estreitamente ligado à classe operária e às massas trabalhadoras. Não tendo isto em conta, a perda da natureza de classe do partido tem levado à queda vertical da força de alguns e, em certos casos, à sua autodestruição e desaparecimento. A substituição da natureza de classe do partido pela concepção de um “partido dos cidadãos” significa ocultar que há cidadãos exploradores e cidadãos explorados e conduzir o partido a uma posição neutral na luta de classes – o que na prática desarma o partido e as classes exploradas e faz do partido um instrumento apendicular da política das classes exploradoras dominantes.
3ª - Ser um partido com uma vida democrática interna e uma única direcção central. A democracia interna é particularmente rica em virtualidades nomeadamente: trabalho colectivo, direcção colectiva, congressos, assembleias, debates em todo o partido de questões fundamentais da orientação e acção política, descentralização de responsabilidades e eleição dos órgãos de direcção central e de todas as organizações. A aplicação destes princípios tem de corresponder à situação política e histórica em que o partido actua. Nas condições de ilegalidade e repressão, a democracia é limitada por imperativo de defesa. Numa democracia burguesa, as apontadas virtualidades podem conhecer, e é desejável que conheçam, uma muito vasta e profunda aplicação.
4ª - Ser um partido simultaneamente internacionalista e defensor dos interesses do país respectivo. Ao contrário do que em certa época foi defendido no movimento comunista, não existe contradição entre estes dois elementos da orientação e acção dos partidos comunistas. Cada partido é solidário com os partidos, os trabalhadores e os povos de outros países. Mas é um defensor convicto dos interesses e direitos do seu próprio povo e país. A expressão “partido patriótico e internacionalista” tem plena actualidade neste findar do século XX. Pode, na atitude internacionalista, incluir-se, como valor, a luta no próprio país e, como valor para a luta no próprio país, a relação de solidariedade para com os trabalhadores e os povos de outros países.
5ª - Ser um partido que define, como seu objectivo, a construção de uma sociedade sem explorados nem exploradores, uma sociedade socialista. Este objectivo tem também plena actualidade. Mas as experiências positivas e negativas da construção do socialismo numa série de países e as profundas mudanças na situação mundial, obrigam a uma análise crítica do passado e a uma redefinição da sociedade socialista como objectivo dos partidos comunistas .
6ª - Ser um partido portador de uma teoria revolucionária, o marxismo-leninismo, que não só torna possível explicar o mundo, como indica o caminho para transformá-lo. Desmentindo todas as caluniosas campanhas anti-comunistas, o marxismo-leninismo é uma teoria viva, antidogmática, dialéctica, criativa , que se enriquece com a prática e com as respostas que é chamada a dar às novas situações e aos novos fenómenos. Dinamiza a prática, enriquece-se e desenvolve-se criativamente com as lições da prática. Marx no “O Capital” e Marx e Engels no “Manifesto do Partido Comunista” analisaram e definiram os elementos e características fundamentais do capitalismo. O desenvolvimento do capitalismo sofreu porém, na segunda metade do século XIX, uma importante modificação. A concorrência conduziu à concentração e a concentração ao monopólio. Deve-se a Lénine, na sua obra “O imperialismo, fase superior do capitalismo”, a definição do capitalismo nos finais do século XIX. Extraordinário valor têm estes desenvolvimentos da teoria. E igual valor têm a investigação e a sistematização dos conhecimentos teóricos.
Numa síntese de extraordinário rigor e clareza, um célebre artigo de Lénine indica “as três fontes e as três partes constitutivas do marxismo”. Na filosofia, o materialismo-dialéctico, tendo no materialismo histórico a sua aplicação à sociedade. Na economia política, a análise e explicação do capitalismo e da exploração, cuja “pedra angular” é a teoria da mais-valia.
Na
teoria do socialismo, a definição de uma sociedade nova com a
abolição da exploração do homem pelo homem.
Ao longo do século XX, acompanhando as transformações sociais, novas e numerosas reflexões teóricas tiveram lugar no movimento comunista. Porém, reflexões dispersas, contraditórias, tornando difícil distinguir o que são desenvolvimentos teóricos, do que é o afastamento revisionista de princípios fundamentais”...
Notas:
Eduard Bernstein (1850-1936)
Em
1899, o dirigente do Partido Social-Democrata Alemão, Eduard
Bernstein publica o livro "O Socialismo Teórico e o Socialismo
Prático", tornando visível o conflito entre revolucionários e
reformistas. Sem romper formalmente com o marxismo, Bernstein pregava
a revisão (donde o título de revisionismo) da sua essência
revolucionária: afirmava que o capitalismo era capaz de superar as
suas crises, que o socialismo seria fruto da acumulação gradual e
pacífica de pequenas conquistas. O seu lema "O movimento é
tudo, o objectivo é nada!" sintetizava as teorias reformistas
no movimento operário. As suas teses foram rechaçadas numa fase
inicial, e duramente criticadas no próprio SPD por Rosa Luxemburgo,
e no plano internacional, onde se destacou Lenine. Mas o
desenvolvimento "pacífico" do capitalismo levara o
movimento operário a uma certa acomodação, e quando a I Guerra
inaugurou uma nova fase de crise revolucionária, dá-se a primeira
grande divisão no movimento operário: entre revolucionários e
reformistas.
GuiorguiPlekanov
(1856 - 1918)
Pertenceu
à primeira geração de marxistas russos. Foi o principal
propagandista do materialismo histórico e dialético em sua geração
e seus textos tiveram grande influência junto aos lutadores sociais
do século XX. Aliado dos mencheviques. Entretanto, para
Lénin,
"a
melhor exposição da filosofia do marxismo e do materialismo
histórico é a feita por Plekhanov " (...) Plekanov , sendo um
genuíno marxista, caíu no oportunismo de direita dos mencheviques,
recusando a ruptura revolucionária com o Estado e regime da
burguesia.
Julius
Martov
(1873-1923): Um dos dirigentes do menchevismo. No II Congresso do
POSDR (1903) encabeçou a minoria
oportunista
e desde então foi o mais destacado ideólogo do
menchevismo.
Nos anos de reacção (1907-1910) apoiou os liquidacionistas.
Guiorgui
Zinoviev (1883-1936):
Começou a militar no movimento social-democrata da Rússia a partir
de 1901. Depois do II Congresso do POSDR aderiu aos bolcheviques.
Pronunciou-se várias vezes contra Lénine
e
a política do partido; durante o período de reacção (1907-1910)
adoptou uma posição conciliadora face aos
liquidacionistas,
otzovistas
e trotskistas. Em Outubro de 1917, juntamente com
Kaménev,
divulgou
a resolução do CC do partido sobre a insurreição armada. Em 1925
foi um dos organizadores da «nova oposição», e em 1926 um dos
chefes do bloco antipartido
Trótski-Zínóviev.
Em 1927 é expulso do Partido e exilado. Reintegrado em 1928, volta a
ser expulso em 1932, preso e condenado a quatro anos de exílio.
Expressando o seu arrependimento regressa ao Partido no ano seguinte,
mas em Dezembro de 1934 é novamente preso, julgado e condenado. Por
fim, é sentenciado à morte em 1936, confessando-se culpado das
actividades contra-revolucionárias de que foi acusado.
Nikolai Ivanovich Bukharin (1888 – 1938)
Durante a Revolução de 1905. aderiu ao POSDR juntando-se aos Bolcheviques.
Liderou a fracção “Comunistas de Esquerda” dentro do Partido Bolchevique. Era defensor do “Gradualismo”, recusando o avanço pioneiro da Revolução Socialista. Após a morte de Lenin, de início colocou-se ao lado Stalin contra Trotski e a Oposição de Esquerda, sendo afastado de cargos de direcção por desenvolver actividade fraccionária dentro do Partido, sendo-lhe dada nova oportunidade com a sua nomeação para redator-chefe do Izvestia (1934). Continuou a sua actividade conspirativa e fraccionária como um dos seus líderes e aliadso de Trotsky e Zinioviev, sendo por isso julgado e condenado.
Nikolai Ivanovich Bukharin (1888 – 1938)
Durante a Revolução de 1905. aderiu ao POSDR juntando-se aos Bolcheviques.
Liderou a fracção “Comunistas de Esquerda” dentro do Partido Bolchevique. Era defensor do “Gradualismo”, recusando o avanço pioneiro da Revolução Socialista. Após a morte de Lenin, de início colocou-se ao lado Stalin contra Trotski e a Oposição de Esquerda, sendo afastado de cargos de direcção por desenvolver actividade fraccionária dentro do Partido, sendo-lhe dada nova oportunidade com a sua nomeação para redator-chefe do Izvestia (1934). Continuou a sua actividade conspirativa e fraccionária como um dos seus líderes e aliadso de Trotsky e Zinioviev, sendo por isso julgado e condenado.
Earl
Browder (1891 – 1973)
Foi
Secretário Geral do Partido Comunista dos Estados Unidos da América
entre a II Guera Mundial e o início da chamada Guerra Fria. A sua
tese principal, era a de que em resultado da “vitória dos
aliados”, deixava de ter sentido a luta de classes, e de que era
possível conciliar capitalismo e comunismo. Teses que influenciaram
muitos Partidos Comunistas sobretudo na América Latina. Teve um
efeito devastador nos Partidos Comunistas Venezuelano e
Mexicano.Expulso d PCEUA em 1946, passa a aliado do Macartysmo,
incluindo a denúncia de comunista durante a célebre “caça às
bruxas” . Analistas sustenta que Earl Browder foi recrutado para a
CIA ainda quando estava preso.
Mikaíl S. Gorbatchev
Foi
Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética entre
1985 e 1991, quando ilegalizou o PCUS e entregou o poder à máfia
contra-revolucionária num processo conhecido como Perestróika
(reestruturação) que destruíu a URSS e liquidou o Socialismo,
abrindo caminho à restauração do capitalismo. A Administração
Reagan (EUA) afirma e pratica o apoio logísito, político e
diplomático para que o plano Gorbatchev tenha êxito. A traição de
Gorbatchev e de outros altos dirigentes do PCUS e do Estado, foi
animado na máquina de propaganda pró-capitalista pelas palavras de
ordem de “regresso ao Leninismo, mais democracia socialista e
aperfeiçoamento do Socialismo”.
Joseph Goebbels (1897 - 1945)
Chanceler
do III Reich da Alemanha nazi-fascista por um dia, que sucedeu ao
suicídio de Hitler já na fase terminal da II Guerra Mundial. Foi o
ministro da Propaganda Nazi, onde para além da sustentação
ideológica do nazismo, nomeadamente na preparação do povo alemão
para a guerra total, criou a célebre frase (e o respectivo
conteúdo) de que “uma mentira repetida mil vezes, tende a
tornar-se verdade”. Aliás, característica da campanha
anticomunista que dura até hoje, influenciando mesmo atitudes
preconceituosas de dirigentes comunistas. As mentiras repetidas vezes
sem conta, sobre os chamados crimes do Stalinismo por parte de
pseudo-sovietólogos e por toda a sorte de ex-comunistas e comunistas
ligth, alimentam as campanhas contra os êxitos da URSS, dos países
que querem construír o Socialismo e o Socialismo.
Janeiro
de 2013
Luís
Piçarra
Os portugas são os mais fodidos da Europa! Analfabetos comunistas! A Rússia e Europa do Leste são a Tumba do comunismo!
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