Vencer
o preconceito anti-stalinista, uma tarefa de todos os revolucionários
Uma
tarefa não fácil, mas imprescindível. Contextualizando a sua obra
e tarefas num processo inteiramente pioneiro, onde permanentemente
espreitavam, (tal como hoje espreitam) os inimigos do Socialismo.
Todos os que perderam com a construção da nova sociedade. A
mostruosidade da campanha contra Staline, ou seja contra o Comunismo,
atingíu proporções brutais, gigantescas. Uma proporção que
permitia ao capitalismo reinante no apogeu da sua fase superior, fase
do imperialismo e das guerras imperialistas, tentar esconder os
êxitos do Socialismo enquanto sistema sócio-económico superior.
Lénine,
falecido em 21 de Janeiro de 1924, não pôde presenciar e militar
nessa construção e projecto colectivos que venceram atrasos
milenares na velha Rússia czarista. Não pôde, porque o términús
da da sua vida decidiu impôr-se precocemente. No entanto Lenine, o
grande obreiro do novo Estado Socialista, deixou-se partir convicto
de que a vitória do Socialismo estava assegurada, e que os inimigos
do Socialismo seriam aplacados com o desenrrolar da Revolução. A
luta de classes prosseguia e aprofundava-se, com a classe operária,
a generalidade dos trabalhadores, os camponeses pobres, com o Partido
de Lénine, com os comunistas fiéis cumpridores do legado leninista.
Por
proposta de Lenine, coube a Staline a elevada responsabilidade de lhe
suceder à frente do Partido e do novo Estado. Staline, comprovado
leninista e dirigente da maior e inteira confiança de Lenine, tomou
conta do leme do enorme navio proletário num mar turbulento e cheio
de corsários ao serviço do capitalismo. Staline assumiu de forma
ímpar a tarefa e as responsabilidades confiadas por Staline e pela
direcção do Partido Bolchjevique. No dia 26 de Janeiro de 1924 nas
cerimónias fúnebres do fundador do Estado Soviético, Stáline diz
do grande Lenine:
”Ao
deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de manter bem alto e
conservar em toda a sua pureza o grande título de membro do Partido.
Nós juramos-te, camarada Lenine,
que cumpriremos com honra este teu mandato! Durante
vinte e cinco anos, o camarada Lenine educou o nosso Partido e
preparou-o para ser o mais sólido e mais bem temperado Partido
operário do mundo. Os golpes do czarismo e de seus sicários, a
fúria da burguesia e dos latifundiários, os assaltos armados de
Koltchak e Deníkin e a intervenção armada da Inglaterra e da
França, as mentiras e as calúnias de inúmeros órgãos da imprensa
burguesa com as suas “cem bocas” — todos esses escorpiões
lançaram-se incessantemente contra o nosso Partido, durante um
quarto de século. Mas o nosso Partido manteve-se firme como uma
rocha, rechaçando os golpes incontáveis dos seus inimigos e
conduzindo a classe operária para a frente, para a vitória. Através
de duros combates, o nosso Partido forjou a unidade e a solidez das
suas fileiras. E graças a essa unidade e a essa solidez conseguiu
vencer os inimigos da classe operária.
Ao
deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de velarmos pela
unidade do nosso Partido como pelas meninas de nossos olhos. Nós te
juramos, camarada Lenine cumpriremos com honra também este teu
mandato!”..
...“A
grandeza de Lenine
consiste, sobretudo, em ter mostrado praticamente às massas
oprimidas do mundo, com a criação da República dos Sovietes, que
não está perdida a esperança de salvação, que a dominação dos
latifundiários e dos capitalistas não é eterna, que o reino do
trabalho pode
ser
criado pelos esforços dos próprios trabalhadores, e que o reino do
trabalho deve ser criado na terra
e
não no céu. Com isto, acendeu no coração dos operários e dos
camponeses do mundo inteiro a esperança da libertação. É isto que
explica que o nome de Lenine
se tenha convertido no nome mais querido das massas trabalhadoras e
exploradas.
Ao
deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever
de
conservar e fortalecer a ditadura do proletariado. Nós te juramos,
camarada Lenine, que não pouparemos
esforços
para cumprir com honra também este teu
mandato!”...
...”Agora,
a aliança entre os operários e os camponeses deve tomar a forma de
uma cooperação económica entre a cidade e o campo, entre os
operários e os camponeses, porque está dirigida contra o
comerciante e o kulak, porque visa ao abastecimento mútuo dos
camponeses e operários de tudo quanto necessitam. Sabeis que ninguém
trabalhou com tanto afinco para isso como o camarada Lenine.
Ao
deixar-nos, o camarada Lenine
legou-nos
o dever de assegurarmos com todas as nossas forças a aliança entre
os operários e os camponeses. Nós te juramos, camarada Lenine, que
cumpriremos igualmente com honra este teu mandato!”...
...”Não
é somente a ditadura do proletariado que liberta esses povos das
cadeias e da opressão, eles, por sua vez, protegem a nossa Republica
dos Sovietes contra as maquinações e os assaltos dos inimigos da
classe operária, com sua dedicação incondicional e a sua
fidelidade abnegada a ela. Por este motivo é que o camarada Lenine
nos falava insistentemente da necessidade de uma aliança voluntária
e livre entre os povos do nosso país, e da necessidade de sua
colaboração fraternal no quadro da União das Repúblicas.
Ao
deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de consolidar e
alargar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nós te
juramos, camarada Lenine, que cumpriremos com honra também este teu
mandato!”...
...”Lenine
não considerou nunca a República dos Sovietes como uma finalidade
em si mesma. Considerou-a sempre como um elo indispensável para
reforçar-se o movimento revolucionário nos países do Ocidente e do
Oriente, como um elo indispensável para facilitar a vitória dos
trabalhadores de todo o mundo sobre o capital. Lenine sabia que
somente esta concepção era acertada, não só do ponto-de-vista
internacional, como também do ponto-de-vista da manutenção da
própria República dos Sovietes. Lenine sabia que esta era a única
maneira de levantar o ânimo dos trabalhadores do mundo inteiro para
as batalhas decisivas por sua libertação. Foi por isso que Lenine,
o líder mais genial de entre os líderes geniais do proletariado,
lançou, logo no dia seguinte à instauração da ditadura do
proletariado, as bases da Internacional dos operários. Foi por isso
que ele nunca se cansou de alargar e fortalecer a união dos
trabalhadores de todo o mundo, a Internacional Comunista”!...
...”Vistes,
nos últimos dias, a peregrinação de dezenas e centenas de milhares
de trabalhadores que vieram saudar os restos mortais de Lenine. Mais
algum tempo e vereis passarem em peregrinação, diante de seu
túmulo, os representantes de milhões de trabalhadores. Podeis estar
seguros de que, depois desses representantes de milhões de
trabalhadores, não tardarão a vir, de todos os recantos do mundo,
os representantes de dezenas e centenas de milhões de homens, para
testemunhar que Lenine foi o líder não apenas do proletariado
russo, não apenas dos operários europeus, não apenas dos
trabalhadores das colónias do Oriente, mas de toda a humanidade
trabalhadora do mundo.
Ao
deixar-nos o camarada Lenine legou-nos o dever de permanecermos fiéis
aos princípios da Internacional
Comunista.
Nós
te juramos, camarada Lenine, que não recusaremos esforços na nossa
vida para fortalecer e alargar a união dos trabalhadores do mundo
inteiro, a Internacional Comunista!...”
Staline,
foi um genial e fiel discípulo de Lenine. Não um Deus, mas um ser
humano generoso, desprendido das riquezas materiais e de interesses
egoístas, um ser humano que seguramente também errou, cometeu
imprudências, exorbitou, mas sobretudo, foi um revolucionário
apaixonado e provado, e profundas e inabaláveis convicções
comunistas. Um comunista de capacidades extraordinárias e um
profundo conhecedor do marxismo. Um fiel seguidor de Lenine, e quadro
em que Lenine confiava, quer na luta contra o czarismo, a exploração
e a opressão, quer nas mais importantes responsabilidades e tarefas
no período que medeia entre a Revolução burguesa de Fevereiro, e a
Revolução Socialista de Outubro. Confiança que lhe atribui as mais
duras e exigentes responsabilidades na consolidação das conquistas
revolucionárias, e na derrota dos inimigos da Russia Sovietica na
Guerra Civil de 1918-1921. De convicções forjadas na dura luta
contra o arcaico, criminoso e fascínora regime do czarismo e aqulio
que cummente era designado pela “Prisão dos Povos” ( a Rússia
imperial).
E é
por isso que constitui um dever dos comunistas, dos homens e mulheres
que querem construír a sociedade nova, o Socialismo, a reposição
da verdade sobre Staline aos olhos dos trabalhadores e dos povos de
forma objectiva, verdadeira, isenta de mentiras e julgamentos
sumários. Repor a verdade sobre o que foi o Socialismo que marcou de
forma precisa todo o Século XX, e que marca, -mesmo que o tentem
apagar,- os dias de hoje.
Muitos
preconceitos em relação a Staline têm ruído e caído por terra.
Muitos Partidos Comunistas que foram tocados pelo vírús do
preconceito anti-stalinista, têm feito a sua auto-crítica e
reassumido Staline como um grande teórico e dirigente comunista. Não
só junto dos trabalhadores e povos da antiga União Soviética e nos
ex-países socialistas do Leste da Europa, mas por todo o mundo. Uns
de forma ainda tímida, envergonhada, utros de forma clara,
objectiva, verdadeira, vencendo toneladas de mentiras, maquinações,
construções, que se reacenderam no rescaldo dos terríveis,
desnorteantes, e para muitos, claudicantes anos 90 do século que
passou. A turba anti-comunista com todo o seu argumentário pôs de
joelhos Partidos, quadros e dirigentes comunistas. O “canto do
cisne” da burguesia falou mais alto. Mas a verdade é de que a
campanha de difamação e a cruzada anti-comunista que tem no
anti-stalinismo o seu epicentro, procurando assestar duros golpes no
período em que foram construídos os alicerces do edifício
socialista, terá a seu tempo os dias contados.O anticomunismo
disfarçado de “anti-stalinismo” que pretendendo reescrever a
história, mostra o medo dos inimigos de classe dos trabalhadores,
pelo Socialismo e o Comunismo.
É
sob a direcção de Staline, que se constrói uma poderosa URSS
baseada em novas relações sociais, com a abolição das relações
capitalistas de produção, a formação de uma propriedade
socialista forte e dinâmica, e como motor que acelera o
desenvolvimentos de outros vectores da economia, a colectivização
da agricultura com a criação de um sector cooperativo forte, a
planificação central e os planos quinquenais, as conquistas técnico
e científicas, a inscrição na forma e na letra dos direitos
laborais e socias, a instituição do poder operário e camponês
através dos Sovietes. A URSS somou um enorme conjunto de êxitos num
curto espaço de tempo, incluindo nessse curtíssimo espaço, a
devastação dos seus meios e recursos por via do cerco imperialista
e a Guerra Civil, e a criminosa e brutal devastação que foi a II
Guerra Mundial (Grande Guerra Pátria). O Socialismo saíu vencedor,
garantindo o direito ao trabalho, à saúde e educação gratuitos,
promoveu o desporto, e a cultura, aboliu o analfabetismo, a
exploração do homem pelo homem, e mostrou de forma evidente, a
superioridade do Socialismo face ao capitalismo.
À
medida que se somavam as vitórias do Socialismo e as derrotas da
burguesia, do capitalismo, as armas do anti-comunismo adquiriram
novas e mais eficazes munições a partir do tristemente famoso,
febril e mercantil “Relatório Secreto” de Kruthev no XX
Congresso do PCUS. Um congresso realizado três anos depois da morte
de Staline, três anos onde já se manifestavam “aberturas” para
uma nova base económica, com elementos e sintomas, que reapareciam
depois de terem sido praticamente destruídos com a socialização e
colectivização da propriedade. Kruthcev não levou em conta por
opção própria, o alerta que Stalin tinha feito já em 1952 do erro
que seria deixar de dar primazia à produção de meios de produção,
máquinas-ferramentas e indústria pesada de vanguarda, colocando em
causa uma necessária e premente expansão da economia. O resultado
das opções de Krutchev manifestou-se de forma negativa a partir de
1956.
No
plano ideológico as teses revisionistas foram ainda mais longe,
anunciando que o estádio de desenvolvimento da sociedade soviética
era tal forma avançado,e tão perto da sociedade comunista, por via
da nova arrumação social (o desaparecimento das classes sociais),
de que o PCUS deixaria de ter uma natureza de classe explícita e
precisa como Partido e vanguarda da classe operária, passando a ser
o Partido, a vanguarda de “todo
o povo”... Um efervecente
caldo que desenvolveu e animou forças que já estavam derrotadas e
neutralizadas por via de um processo revolucionário de grande
fôlego. Desapareceu a vigilância revolucionária e de classe.
A
actividade económica com características privadas e sobretudo
“sub-mundanas”
privada, emergiu de forma embrionária
no tempo de Khruchev, desenvolveu-se de forma florescente com o
“meio-tintismo”
de Bréjnev, funcionando como um
acelerador de partículas que facilitou o golpe e a traição de
Gorbatchov, Iakovlev, Ieltsin e outros serôdios anti-comunistas que
só conseguiram chegar ao topo da hierarquia do Partido e Estado
Soviéticos, porque tinha havido um verdadeiro golpe
contra-revolucionário no XX Congresso do PCUS depois da morte de
Staline.
Não
tem portanto qualquer base científica a conclusão tirada
convenientemente pelos fazedores da campanha anti-comunista, de que o
sistema socialista estava condenado ao desastre desde o início. Foi
necessário às forças revanchistas, introduzir o “anti-stalinismo”
como um elemento que facilitasse a introdução dos elementos
desagregadores, ao vírús, que levasse à derrota do Socialismo. Na
URSS, e por arrasto os países socialistas do Leste da Europa. A
traição de Gorbatchev tomou foros internacionais, inclusivé
rearrumando fronteiras, com a negociação entre a URSS e as
potências imperialistas para a anexação da RDA socialista. A
Alemanha Federal conseguiu conquistar sem disparar um tiro, o que não
conseguiu nas I e II Guerras Mundiais.
Um
processo de golpe
final
muito doloroso para os povos da URSS e Leste da Europa, para os
Partidos Comunistas e forças do progresso de todo o mundo. Um
processo onde o descontentamento popular apenas surge e com efeito
hecatombico na fase final das “reformas
gorbathevianas”,
como um efeito da política de Gorbathev e do “Novo Pensamento
Político” apoiado pelos “conselheiros das “democracias
ocidentais”. Todas as medidas de demolição do Socialismo foram
acomnpanhadas por máquinas de propaganda e aparelho ideológico do
próprio Partido e da sociedade. Tanto Krutchev, como Gorbatchov
iniciaram os seus consulados a falar em “mais Lenine” e pureza do
leninismo”, ao mesmo tempo que se fastavam do leninismo. As
críticas ao “culto da personalidade” de Staline, não passavam
de filtros para facilitar a aceitação das medidas mercantilistas
pelas grandes massas do povo soviético que sempre confiaram em
Lenine. O Socialismo na URSS e nos países socialistas no Leste da
Europa não representava a sociedade perfeita, mas era seguramente
infinitamente mais democrática e realizadora que qualquer sociedade
capitalista desenvolvida. ...“O
socialismo soviético tinha muitos problemas (…) Contudo,
corporizava a essência do socialismo tal como definido por Marx –
uma sociedade que derrubara a propriedade burguesa, o “mercado
livre”, o Estado capitalista, substituindo- os pela propriedade
colectiva, a planificação centralizada e um Estado operário.”...
(O
Socialismo Traído de
Roger
Keeran e Thomas Kenny)
Gorbatchev
(e a direcção mafiosa e
malfeitora que o rodeava) sabia (e para isso foi devidamente
aconselhado pelos “conselheiros das democracias ocidentais”) que
haviam medidas-chave para o assalto final ao Socialismo. A pedra de
toque foi a eliminação apressada do Artigo 6º da Constituição da
URSS, para além de outras de profundo alcance e efeito demolidor. A
seguir ao ano de 1987, no espaço de um ano, Gorbatchev com a sua
Perestróika substituiu mais de 50% dos membros efectivos e suplentes
do Politburo do Comité Central e do profundas alteraçoes
sociológicas no Comité Central onde os operários foram reduzidos a
5% dos seus membros. Substituiu 14 dos 23 dirigentes de departamentos
do Comité Central, cinco dos 14 presidentes de repúblicas e 50 dos
157 primeiros secretários de krais (regiões) e oblasts (distritos).
Gorbatchev substituiu 40% dos embaixadores, alterou ministérios e
afastou 50 mil gestores. Tal e qual como fez Krutchev, e acompanhar
todas estas medidas por uma campanha mediática sempre em nome do
“rejuvenescimento”, “renovação”, “alívio dos camaradas
que já deram muito”... Usou e abusou da confiança do Partido e
povo soviéticos. Usou e abusou da solidariedade da humanidade
progressista com o seu “Novo Pensamento Político”, que mudou o
conteúdo da doutrina da “coexistência pacífica”, para o que
passou a chamar de “Valores Humanos Universais”, uma expressão e
um conteúdo com que justificou a aliança com o imperialismo.
Ao defendermos Stáline, não defendemos o homem e os seus erros. Eles devem ser analisados à luz da época histórica concreta em que se verificaram, (e corrigidos), distinguindo sempre a crítica justa do criticismo, e não da forma leviana e traiçoeira como foi feito por Krutchev e benificiários da campanha “anti-stalinista”. A histeria “anti-stalinista” levou a que muitos deixassem de ver Stáline como um camarada, um comunista revolucionário e passassam a vê-lo como um inimigo.
Kruchov, um mestre na arte da bajulação, injuriou Stálin, qualificando-o de “assassino”, “criminoso”, “bandido”, “déspota do tipo de Ivan o Terrível”, o “maior ditador da história da Rússia”, “tolo”, “idiota”, chamou-lhe de tudo, menos de pai... A baixesa foi dilacerante. Krutchev aproveitou igualmente para se vingar de Staline, desde o tempo em que o seu filho foi preso por morte de um soldado, por via de uma brincadeira com a arma fazendo a “roleta russa”. Krutchev vais interceder pelo filho junto de Staline. Dirigindo-se a Krutchev depois de de este lhe colocar o problema do filho: ...” quem é que se está dirigir ao Secretário Geral do Partido, é o pai do soldado que matou por via de uma brincadeira irresponsável, ou o camarada Krutchev, membro da direcção do Partido?”... De facto, um pequeno exemplo revelador do carácter desprovido de espinha dorsal de Krutchev, ainda por cima num plano onde a dignidade de Staline foi duramente provada quando o seu filho foi capturado e aprisionado pelas forças alemãs, que tentaram negociar a sua troca por altas patentes nazis que foram feitas prisioneiros pelo Exército Vermelho. Staline não vendeu os seus princípios e a dignidade do Estado soviético.
Repetidamente
o revisionismo krutcheviano pretendia, e de alguma forma conseguiu,
“jogar em vários tabuleiros”. Por um lado dando a idéia de que
o povo soviético viveu ao longo de três décadas não no
Socialismo, mas num regime de tirania e debaixo do mando implacável
do “maior ditador da Rússia”..., ou de um Stáline “tolo”,
que por vontade colectiva da direcção do PCUS foi o principal
dirigente por mais de 30 anos. Ou o Staline “idiota” que foi o
mais capaz dirigente militar e político, tal como foi reconhecido
pelas altas patentes militares soviéticas, incluindo o Marechal
Jukov, e até mesmo pelos inimigos confessos do Socialismo e da União
Soviética, como era Winston Churchil.
O insulto que Kruchev lançou contra Stáline, a divisão que provocou no Movimento Comunista Internacional, constuíu uma afronta ao povo soviético, ao Partido Comunista da União Soviética e ao Exército Soviéticos. Um insulto ao sistema socialista e à ditadura do proletariado. Um insulto à causa pela qual lutaram e tombaram os comunistas. Um insulto ao trabalho colectivo do seu próprio Partido no qual foi um dos principais dirigentes, e ao mesmo tempo um dos mais criativos bajuladores.
Para
os fins pretendidos Krutchev, o seu “Relatório Secreto” e as
novas concepções e orientações saídas do XX Congresso, foram os
meios e as armas utilizados. Injúrias e falsificações em tudo
iguais às dos inimigos do Socialismo, iguais aos “argumentos”
que fazem parte do arsenal imperialista.
Vale
a pena citar Lénine:...“a
injúria em política encobre frequentemente a completa carência de
idéias, a impotência, a frouxidão, frouxidão repugnante dos
injuriadores”... (in
artigo “O significado político da injúria”).
A injúria, a falsificação, são irmãs siamesas da mentira. Foi
necessário injuriar e mentir muito, para se chegar ao estado
deplorável a que muitos comunistas e Partidos Comunistas chegaram,
ao “paparem”
de uma penada os preconceitos da
campanha “anti-stalinista”, ou seja, à campanha anti-comunista
montada pela buirguesia, montada pelos que perderam com o Socialismo,
e os seus agentes das mais diversas roupagens e origens. O facto, é
de que objectivamente todos cooperavam, e cooperam na mesma campanha,
repetindo as mesmas ladaínhas, as mesmas mentiras.
Uma
falsificação da história,- no que se refere a um processo pioneiro
de construção do Socialismo no processo histórico,- que foi tão
longe, que vai ser, (e de alguma forma já está a ter) necessário
muito tempo para que a falsificação e a mentira sejam eliminadas.
Esta reposição da verdade histórica é uma tarefa, difícil é
certo, de todos os comunistas e dos Partidos dignos de se chamarem de
Comunistas, de lutarem contra o preconceito e as mentiras instiladas
pela campanha anti-comunista. Não deixarem que a tese de Goebells
leve a melhor, ou seja, que “uma
mentira repetida mil vezes, tende a tornar-se verdade”...
Nunca
é demais lembrar as condições, e o caráter libertador da Grande
Revolução Socialista de Outubro, que libertando energias próprias
dominantes e determinantes, gerou ao mesmo tempo “anti-corpos”
das classes que antes dominantes,
perderam o Poder. E quando se fala em Poder, fala-se do sistema e
regime sociais, e dos partidos que se alimentavam e viviam desse
sistema, o capitalismo, no elo mais fraco do sistema capitalista
mundial, que era o império czarista russo.
Noutras
palavras, a revolução proletária alcançou a vitória, fora das
previsões de Marx e Engels, num país rural e de “mentalidade
asiática” como dizia
Lenine.
O
derrube do Governo provisório burguês de Kerensky em Outubro de
1917 no período da “dualidade de poderes”, foi o início de uma
revolução quase sem derramamento de sangue no assalto ao Palácio
de Inverno, onde estava instalado o Governo provisório de Kerensky .
Para além de algumas mortes e feridos sobretudo nas forças da
guarda do Palácio, rápidamente o poder foi entregue ao novo Poder
dos Sovietes. Na capital do império, São Petersburgo, o Poder dos
Sovietes de Operários, Camponeses, Soldados e Marinheiros passou a
ser o novo poder. Pela primeira vez na história da humanidade, os
protagonistas e sujeitos históricos da Revolução, foram também
quem passou a exercer o Poder político. Em Moscovo, para além de
pequenas escaramuças, também o novo Poder toma conta da segunda
capital do império.
A
situação que se vivia a seguir à Revolução Democrática-Burguesa
de Fevereiro de 1917, gerou o aparecimento de trinta e nove partidos
que representavam os interesses das classes burguesas e sete
monárquicos e de latifundiários que desapareceram gradualmente da
cena política em resultado de um processo revolucionário
qualitativamente novo. Ainda no primeiro Governo dos Sovietes
encabeçado por Lenine, participaram representantes de partidos
pequeno-burgueses, mencheviques e “Revolucionários de Esquerda”.
Arrancava assim, o processo pioneiro que marcou de forma indelével o
início do século XX, e inaugurou o período da passagem do
capitalismo ao Socialismo. O desejo dos “comunards”
cumpria-se. Iniciava-se o desejado por
mil lutas, o “assalto aos
céus”!
Os
inimigos do novo Poder, internos e externos, tudo fizeram para
derrotar o novo Poder operário-camponês. O cerco da Entente
(potências capitalistas que cercaram por terra e mar a jovem Rússia
Soviética) de apoio aos exércitos brancos czaristas de Koltchak e
Denikín, uma Guerra Civil sangrenta e brutalmente destrutiva, foram
derrotados pela classe operária em armas que defendia o seu poder de
classe.
Mas
as acções de sabotagem continuaram naquilo que se identificava como
“Contra-Revolução
Tranquila”, atingindo
quer as estruturas do novo aparelho de Estado, quer as estruturas
económicas e produtivas. Uma contra-revolução que também chegou
ao interior do Partido Bolchevique, ao novo aparelho de Estado, ao
Exército Vermelho, procurando por todos os meios fazer fracassar a
Revolução Socialista, e que para isso, para esse objectivo,
atacavam com enorme ferocidade a cabeça do Partido Bolchevique,
Lenine e Staline.
A
luta pelo socialismo também se fazia sentir no interior do Partido
na luta contra os trotskystas, zinovyevistas, bukarynistas e outros
oportunistas.
Fracções
oportunistas com perigosos reflexos em alguns Comissariados do Povo
(ministérios), que promoviam aa sabotagem e a cospiração. Uma
complexa e contraditória fase da construção do Socialismo que
assinalava já grandes êxitos na industrialização, no processo de
colectivização e do cooperativismo da economia rural gerando uma
nova estrutura fundiária, e a revolução cultural, a educação,
ensino e cultura de socialistas.
A
jovem URSS sofreu um brutal cerco onde naquele tempo onde toda a
atividade da política externas das chamadas “democracias”
ocidentais obedeciam a uma estratégia comum que era empurrar a
Alemanha hitleriana para uma guerra e invasão da União Soviética.
O Pacto de Não-Agressão assinado pela União Soviética com com a
Alemanha hitleriana, permitiu à URSS ganhar tempo. O tempo para que
em ano e meio, a URSS deslocasse para zonas de segurança as suas
indústrias mais ocidentais para os Urais, e fortalecesse a sua
indústria militar de defesa, e prevenir um ataque da Alemanha como
veio a acontecer.
O
chamado “Pacto
Molotov-Ribbendrop” (O
pacto de não agressão com a Alemanha), permitiu ao mesmo tempo
(graças a este pacto), que o imperialismo não tivesse capacidade
para montar uma força única contra a União Soviética. A União
Soviética prestou um serviço à humanidade derrotando as foças da
coligação hitlaeriana, pagando por isso um altíssimo preço. A
táctica desenhada pelas “democracias ocidentais” que era de
atacar uma Alemanha enfraquecida depois desta ter vencido a URSS, não
resultou. Os EUA e a Inglaterra perderam nos seus propósitos. A
abertura tardia da “Segunda Frente” dá-se não por acaso, muito
tardiamente já quando Exército Vermelho cercava Berlim.
Uma
vitória que permitiu ao Socialismo recuperar as suas forças,
restaurar o país e a sua economia em saltos gigantescos de
realização e conquistas, somando avanços do ponto de vista
qualitativo na produção, nos progressos científico-técnicos, no
bem-estar dos trabalhadores e povo soviéticos.
Nos
anos 50 do século passado, a URSS ocupou o primeiro lugar na Europa
e o segundo no Mundo no que diz respeito à produção industrial, e
o terceiro lugar no mundo que se referia à produtividade do trabalho
na indústria. A autoridade de Stálin era por demais evidente para
as amplas massas de soviéticos e para os trabalhadores e forças
progressistas de todo o mundo.
Objectivamente
a campanha contra o “culto à personalidade” de Staline, denegriu
a autoridade do socialismo, pôs em causa na consciência de muitos o
ideal comunista, criou ainda mais sérias dificuldades ao Movimento
Comunista Internacional. Esta campanha significava a degenerescencia
social-democratizante instalada no PCUS. Foi o início do revanchismo
com a mudança massiva de bons e experimentados quadros do Partido na
estrutura partidária, nos orgãos do Poder, e nas Forças Armadas,
dentro das novas linhas da histeria “anti-stalinista” numa
perseguição carregada de atropelos à legalidade e democracia
socialistas.
Aquilo
de que acusavam Staline injustamente, passou a ser a prática do
grupelho Krutchevista instalado após a morte de Staline na Direcção
do Partido e do Estado. O assassinato sem julgamento de Laurentus
Beria, é um bom exemplo disso. Outras medidas igualmente violentas
foram tomadas. Kruschov substituiu todos os Secretários dos Comités
Regionais e Urbanos, e dos Comités Centrais do Partido nas
Repúblicas, por outros quadros afectos a si e da sua confiança, que
com facilidade revelavam ter menor capacidade que os anteriores, com
consequências desastrosas para o Partido, para a economia, e a
sociedade.
A
implementação das linhas de “destalinização”
iniciadas por Krutchev e continuadas
por Brejnev e Gorbatchev, levou a um nível baixíssimo o trabalho
partidário sobretudo junto dos trabalhadores . Uma enorme massa de
militantes do Partido foi transformada apenas nos “pés” que
suportavam uma pirâmide cada vez mais invertida, introduzindo o
desalento, desencanto e a desconfiança em generosos e dedicados
militantes e construtores do Socialismo, ao mesmo tempo que cresciam
os sintomas de favorecimento e aproveitamento de uma cúpula cada vez
mais afastada da base do Partido e das massas. Sintomas que
desautorizaram o PCUS, que transformaram o Partido e o ideal
comunista em alvos de críticas por via dos comportamento e
oportunismo desses dirigentes, críticas a comportamentos não
permitidos no tempo de Staline. Tais comportamentos individuais e
colectivos, contribuiram para o reforço do “submundo
mafioso” ramificado e
poderoso. A Perestroika ao mesmo tempo que assassinava o Socialismo,
mostrava a face dos rostos mafiosos que iriam tomar conta do poder
político (porque parte do económico já detinham), e os seus
agentes. Agentes, alguns deles ex-membros e até dirigentes do PCUS e
da Komsomol.
Na
reescrição da história feita pelos vencedores a seguir à derrota
do Socialismo e da própria URSS em 1991, tudo fizeram, e escreveram,
para que fosse possível identificar o socialismo com o nazismo,
Staline a Hitler, metendo tudo no mesmo saco, para desorientar e
desnortear os comunistas , os proguessistas e revolucionários, e os
trabalhadores e os povos de uma forma geral. Para esse peditório, a
campanha “anti-stalinista” contou com o oportunismo da
social-democracia, e outras expressões do oportunismo como foi o
“eurocomunismo”. Como já se disse antes, muitos comunistas,
gente genuínamente revolucionária e progressista sucumbiram a esta
monstruosa campanha de colossais mentiras, produzida por igualmente
colossais meios.
A
história da União Soviética demonstrou que o oportunismo, cresceu
e disseminou-se com o propósito de restaurar o capitalismo. A
histeria “anti-stalinista”, é a outra face da moeda da campanha
“anti-leninista”, ou seja, do anti-comunismo. No movimento
Comunista Internacional, o “anti-stalinismo” foi de facto, como
diz Nina Andreyeva, “o
cavalo de tróia que levou à ruína e à degeneração dos Partidos
(Comunistas) da ex-comunidade dos países socialistas (no Leste da
Europa) que imitavam cegamente a linha do PCUS”!, nos
bons e maus momentos.
Termino
com uma expressão de Staline:...“o
vento da História varrerá inevitavelmente das nossas tumbas, todo o
palavreado e todas as calúnias, e deixará com clareza todas as
verdades”...
Combater
o “anti-stalinismo”, é combater a mais eficaz arma do
anti-comunismo. É abrir as portas aos ventos que de Leste, soprarão
a pooeira das falsidades, injúrias e mentiras, que ocultam a
verdade!
Janeiro
de 2013
Luís
Piçarra
Alexander
Kérensky (1881
–
1970),
Social-democrata,
foi um dos participantes e activistas da Revolução
Democratico-burguesa de Fevereiro de 1917, foi chefe
do Governo Provisório imediatamente antes da Revolução de Outubro.
Nina
Andreyeva (1938), Professora
de Engenharia Física, foi expulsa do PCUS por criticar a linha
política reformista e revisionista da direcção de Gorbatchev que
estava a ser seguida. È dirigente do Partido dos Comunistas
(blochevique) de Toda a União, que faz parte de uma frente comum com
o Partido Comunista da Federação Russa
Tenho gostado bastante de ler e acompanhar estas suas reflexões sobre o anti-stalinismo ;)
ResponderEliminarNão sei se o camarada já leu o livro "Antistalinskaia Podlost" de Grover Furr, onde ele consegue provar que 60 das 61 acusações de Krutchev eram falsas...mas propunha-lhe, caso estivesse de acordo e considerasse relevante, contrariar essas mesmas acusações e críticas a Stalin...acredito que seria uma boa forma de terminar as suas exposições a respeito deste tema ;)
Um Abraço!