terça-feira, 23 de abril de 2013

Anti-Stalinismo: Uma Arma do Anti-Comunismo (II)


Vencer o preconceito anti-stalinista, uma tarefa de todos os revolucionários

Uma tarefa não fácil, mas imprescindível. Contextualizando a sua obra e tarefas num processo inteiramente pioneiro, onde permanentemente espreitavam, (tal como hoje espreitam) os inimigos do Socialismo. Todos os que perderam com a construção da nova sociedade. A mostruosidade da campanha contra Staline, ou seja contra o Comunismo, atingíu proporções brutais, gigantescas. Uma proporção que permitia ao capitalismo reinante no apogeu da sua fase superior, fase do imperialismo e das guerras imperialistas, tentar esconder os êxitos do Socialismo enquanto sistema sócio-económico superior.

Lénine, falecido em 21 de Janeiro de 1924, não pôde presenciar e militar nessa construção e projecto colectivos que venceram atrasos milenares na velha Rússia czarista. Não pôde, porque o términús da da sua vida decidiu impôr-se precocemente. No entanto Lenine, o grande obreiro do novo Estado Socialista, deixou-se partir convicto de que a vitória do Socialismo estava assegurada, e que os inimigos do Socialismo seriam aplacados com o desenrrolar da Revolução. A luta de classes prosseguia e aprofundava-se, com a classe operária, a generalidade dos trabalhadores, os camponeses pobres, com o Partido de Lénine, com os comunistas fiéis cumpridores do legado leninista.

Por proposta de Lenine, coube a Staline a elevada responsabilidade de lhe suceder à frente do Partido e do novo Estado. Staline, comprovado leninista e dirigente da maior e inteira confiança de Lenine, tomou conta do leme do enorme navio proletário num mar turbulento e cheio de corsários ao serviço do capitalismo. Staline assumiu de forma ímpar a tarefa e as responsabilidades confiadas por Staline e pela direcção do Partido Bolchjevique. No dia 26 de Janeiro de 1924 nas cerimónias fúnebres do fundador do Estado Soviético, Stáline diz do grande Lenine:

Ao deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de manter bem alto e conservar em toda a sua pureza o grande título de membro do Partido. Nós juramos-te, camarada Lenine, que cumpriremos com honra este teu mandato! Durante vinte e cinco anos, o camarada Lenine educou o nosso Partido e preparou-o para ser o mais sólido e mais bem temperado Partido operário do mundo. Os golpes do czarismo e de seus sicários, a fúria da burguesia e dos latifundiários, os assaltos armados de Koltchak e Deníkin e a intervenção armada da Inglaterra e da França, as mentiras e as calúnias de inúmeros órgãos da imprensa burguesa com as suas “cem bocas” — todos esses escorpiões lançaram-se incessantemente contra o nosso Partido, durante um quarto de século. Mas o nosso Partido manteve-se firme como uma rocha, rechaçando os golpes incontáveis dos seus inimigos e conduzindo a classe operária para a frente, para a vitória. Através de duros combates, o nosso Partido forjou a unidade e a solidez das suas fileiras. E graças a essa unidade e a essa solidez conseguiu vencer os inimigos da classe operária.

Ao deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de velarmos pela unidade do nosso Partido como pelas meninas de nossos olhos. Nós te juramos, camarada Lenine cumpriremos com honra também este teu mandato!”..

...“A grandeza de Lenine consiste, sobretudo, em ter mostrado praticamente às massas oprimidas do mundo, com a criação da República dos Sovietes, que não está perdida a esperança de salvação, que a dominação dos latifundiários e dos capitalistas não é eterna, que o reino do trabalho pode ser criado pelos esforços dos próprios trabalhadores, e que o reino do trabalho deve ser criado na terra e não no céu. Com isto, acendeu no coração dos operários e dos camponeses do mundo inteiro a esperança da libertação. É isto que explica que o nome de Lenine se tenha convertido no nome mais querido das massas trabalhadoras e exploradas.

Ao deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de conservar e fortalecer a ditadura do proletariado. Nós te juramos, camarada Lenine, que não pouparemos esforços para cumprir com honra também este teu mandato!”...

...”Agora, a aliança entre os operários e os camponeses deve tomar a forma de uma cooperação económica entre a cidade e o campo, entre os operários e os camponeses, porque está dirigida contra o comerciante e o kulak, porque visa ao abastecimento mútuo dos camponeses e operários de tudo quanto necessitam. Sabeis que ninguém trabalhou com tanto afinco para isso como o camarada Lenine.

Ao deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de assegurarmos com todas as nossas forças a aliança entre os operários e os camponeses. Nós te juramos, camarada Lenine, que cumpriremos igualmente com honra este teu mandato!”...

...”Não é somente a ditadura do proletariado que liberta esses povos das cadeias e da opressão, eles, por sua vez, protegem a nossa Republica dos Sovietes contra as maquinações e os assaltos dos inimigos da classe operária, com sua dedicação incondicional e a sua fidelidade abnegada a ela. Por este motivo é que o camarada Lenine nos falava insistentemente da necessidade de uma aliança voluntária e livre entre os povos do nosso país, e da necessidade de sua colaboração fraternal no quadro da União das Repúblicas.

Ao deixar-nos, o camarada Lenine legou-nos o dever de consolidar e alargar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nós te juramos, camarada Lenine, que cumpriremos com honra também este teu mandato!”...

...”Lenine não considerou nunca a República dos Sovietes como uma finalidade em si mesma. Considerou-a sempre como um elo indispensável para reforçar-se o movimento revolucionário nos países do Ocidente e do Oriente, como um elo indispensável para facilitar a vitória dos trabalhadores de todo o mundo sobre o capital. Lenine sabia que somente esta concepção era acertada, não só do ponto-de-vista internacional, como também do ponto-de-vista da manutenção da própria República dos Sovietes. Lenine sabia que esta era a única maneira de levantar o ânimo dos trabalhadores do mundo inteiro para as batalhas decisivas por sua libertação. Foi por isso que Lenine, o líder mais genial de entre os líderes geniais do proletariado, lançou, logo no dia seguinte à instauração da ditadura do proletariado, as bases da Internacional dos operários. Foi por isso que ele nunca se cansou de alargar e fortalecer a união dos trabalhadores de todo o mundo, a Internacional Comunista”!...

...”Vistes, nos últimos dias, a peregrinação de dezenas e centenas de milhares de trabalhadores que vieram saudar os restos mortais de Lenine. Mais algum tempo e vereis passarem em peregrinação, diante de seu túmulo, os representantes de milhões de trabalhadores. Podeis estar seguros de que, depois desses representantes de milhões de trabalhadores, não tardarão a vir, de todos os recantos do mundo, os representantes de dezenas e centenas de milhões de homens, para testemunhar que Lenine foi o líder não apenas do proletariado russo, não apenas dos operários europeus, não apenas dos trabalhadores das colónias do Oriente, mas de toda a humanidade trabalhadora do mundo.

Ao deixar-nos o camarada Lenine legou-nos o dever de permanecermos fiéis aos princípios da Internacional Comunista. Nós te juramos, camarada Lenine, que não recusaremos esforços na nossa vida para fortalecer e alargar a união dos trabalhadores do mundo inteiro, a Internacional Comunista!...”


Staline, foi um genial e fiel discípulo de Lenine. Não um Deus, mas um ser humano generoso, desprendido das riquezas materiais e de interesses egoístas, um ser humano que seguramente também errou, cometeu imprudências, exorbitou, mas sobretudo, foi um revolucionário apaixonado e provado, e profundas e inabaláveis convicções comunistas. Um comunista de capacidades extraordinárias e um profundo conhecedor do marxismo. Um fiel seguidor de Lenine, e quadro em que Lenine confiava, quer na luta contra o czarismo, a exploração e a opressão, quer nas mais importantes responsabilidades e tarefas no período que medeia entre a Revolução burguesa de Fevereiro, e a Revolução Socialista de Outubro. Confiança que lhe atribui as mais duras e exigentes responsabilidades na consolidação das conquistas revolucionárias, e na derrota dos inimigos da Russia Sovietica na Guerra Civil de 1918-1921. De convicções forjadas na dura luta contra o arcaico, criminoso e fascínora regime do czarismo e aqulio que cummente era designado pela “Prisão dos Povos” ( a Rússia imperial).

E é por isso que constitui um dever dos comunistas, dos homens e mulheres que querem construír a sociedade nova, o Socialismo, a reposição da verdade sobre Staline aos olhos dos trabalhadores e dos povos de forma objectiva, verdadeira, isenta de mentiras e julgamentos sumários. Repor a verdade sobre o que foi o Socialismo que marcou de forma precisa todo o Século XX, e que marca, -mesmo que o tentem apagar,- os dias de hoje.

Muitos preconceitos em relação a Staline têm ruído e caído por terra. Muitos Partidos Comunistas que foram tocados pelo vírús do preconceito anti-stalinista, têm feito a sua auto-crítica e reassumido Staline como um grande teórico e dirigente comunista. Não só junto dos trabalhadores e povos da antiga União Soviética e nos ex-países socialistas do Leste da Europa, mas por todo o mundo. Uns de forma ainda tímida, envergonhada, utros de forma clara, objectiva, verdadeira, vencendo toneladas de mentiras, maquinações, construções, que se reacenderam no rescaldo dos terríveis, desnorteantes, e para muitos, claudicantes anos 90 do século que passou. A turba anti-comunista com todo o seu argumentário pôs de joelhos Partidos, quadros e dirigentes comunistas. O “canto do cisne” da burguesia falou mais alto. Mas a verdade é de que a campanha de difamação e a cruzada anti-comunista que tem no anti-stalinismo o seu epicentro, procurando assestar duros golpes no período em que foram construídos os alicerces do edifício socialista, terá a seu tempo os dias contados.O anticomunismo disfarçado de “anti-stalinismo” que pretendendo reescrever a história, mostra o medo dos inimigos de classe dos trabalhadores, pelo Socialismo e o Comunismo.

É sob a direcção de Staline, que se constrói uma poderosa URSS baseada em novas relações sociais, com a abolição das relações capitalistas de produção, a formação de uma propriedade socialista forte e dinâmica, e como motor que acelera o desenvolvimentos de outros vectores da economia, a colectivização da agricultura com a criação de um sector cooperativo forte, a planificação central e os planos quinquenais, as conquistas técnico e científicas, a inscrição na forma e na letra dos direitos laborais e socias, a instituição do poder operário e camponês através dos Sovietes. A URSS somou um enorme conjunto de êxitos num curto espaço de tempo, incluindo nessse curtíssimo espaço, a devastação dos seus meios e recursos por via do cerco imperialista e a Guerra Civil, e a criminosa e brutal devastação que foi a II Guerra Mundial (Grande Guerra Pátria). O Socialismo saíu vencedor, garantindo o direito ao trabalho, à saúde e educação gratuitos, promoveu o desporto, e a cultura, aboliu o analfabetismo, a exploração do homem pelo homem, e mostrou de forma evidente, a superioridade do Socialismo face ao capitalismo.


À medida que se somavam as vitórias do Socialismo e as derrotas da burguesia, do capitalismo, as armas do anti-comunismo adquiriram novas e mais eficazes munições a partir do tristemente famoso, febril e mercantil “Relatório Secreto” de Kruthev no XX Congresso do PCUS. Um congresso realizado três anos depois da morte de Staline, três anos onde já se manifestavam “aberturas” para uma nova base económica, com elementos e sintomas, que reapareciam depois de terem sido praticamente destruídos com a socialização e colectivização da propriedade. Kruthcev não levou em conta por opção própria, o alerta que Stalin tinha feito já em 1952 do erro que seria deixar de dar primazia à produção de meios de produção, máquinas-ferramentas e indústria pesada de vanguarda, colocando em causa uma necessária e premente expansão da economia. O resultado das opções de Krutchev manifestou-se de forma negativa a partir de 1956.

No plano ideológico as teses revisionistas foram ainda mais longe, anunciando que o estádio de desenvolvimento da sociedade soviética era tal forma avançado,e tão perto da sociedade comunista, por via da nova arrumação social (o desaparecimento das classes sociais), de que o PCUS deixaria de ter uma natureza de classe explícita e precisa como Partido e vanguarda da classe operária, passando a ser o Partido, a vanguarda de todo o povo”... Um efervecente caldo que desenvolveu e animou forças que já estavam derrotadas e neutralizadas por via de um processo revolucionário de grande fôlego. Desapareceu a vigilância revolucionária e de classe.

A actividade económica com características privadas e sobretudo sub-mundanasprivada, emergiu de forma embrionária no tempo de Khruchev, desenvolveu-se de forma florescente com o meio-tintismode Bréjnev, funcionando como um acelerador de partículas que facilitou o golpe e a traição de Gorbatchov, Iakovlev, Ieltsin e outros serôdios anti-comunistas que só conseguiram chegar ao topo da hierarquia do Partido e Estado Soviéticos, porque tinha havido um verdadeiro golpe contra-revolucionário no XX Congresso do PCUS depois da morte de Staline.

Não tem portanto qualquer base científica a conclusão tirada convenientemente pelos fazedores da campanha anti-comunista, de que o sistema socialista estava condenado ao desastre desde o início. Foi necessário às forças revanchistas, introduzir o “anti-stalinismo” como um elemento que facilitasse a introdução dos elementos desagregadores, ao vírús, que levasse à derrota do Socialismo. Na URSS, e por arrasto os países socialistas do Leste da Europa. A traição de Gorbatchev tomou foros internacionais, inclusivé rearrumando fronteiras, com a negociação entre a URSS e as potências imperialistas para a anexação da RDA socialista. A Alemanha Federal conseguiu conquistar sem disparar um tiro, o que não conseguiu nas I e II Guerras Mundiais.

Um processo de golpe final muito doloroso para os povos da URSS e Leste da Europa, para os Partidos Comunistas e forças do progresso de todo o mundo. Um processo onde o descontentamento popular apenas surge e com efeito hecatombico na fase final das “reformas gorbathevianas, como um efeito da política de Gorbathev e do “Novo Pensamento Político” apoiado pelos “conselheiros das “democracias ocidentais”. Todas as medidas de demolição do Socialismo foram acomnpanhadas por máquinas de propaganda e aparelho ideológico do próprio Partido e da sociedade. Tanto Krutchev, como Gorbatchov iniciaram os seus consulados a falar em “mais Lenine” e pureza do leninismo”, ao mesmo tempo que se fastavam do leninismo. As críticas ao “culto da personalidade” de Staline, não passavam de filtros para facilitar a aceitação das medidas mercantilistas pelas grandes massas do povo soviético que sempre confiaram em Lenine. O Socialismo na URSS e nos países socialistas no Leste da Europa não representava a sociedade perfeita, mas era seguramente infinitamente mais democrática e realizadora que qualquer sociedade capitalista desenvolvida. ...“O socialismo soviético tinha muitos problemas (…) Contudo, corporizava a essência do socialismo tal como definido por Marx – uma sociedade que derrubara a propriedade burguesa, o “mercado livre”, o Estado capitalista, substituindo- os pela propriedade colectiva, a planificação centralizada e um Estado operário.”... (O Socialismo Traído de Roger Keeran e Thomas Kenny)


Gorbatchev (e a direcção mafiosa e malfeitora que o rodeava) sabia (e para isso foi devidamente aconselhado pelos “conselheiros das democracias ocidentais”) que haviam medidas-chave para o assalto final ao Socialismo. A pedra de toque foi a eliminação apressada do Artigo 6º da Constituição da URSS, para além de outras de profundo alcance e efeito demolidor. A seguir ao ano de 1987, no espaço de um ano, Gorbatchev com a sua Perestróika substituiu mais de 50% dos membros efectivos e suplentes do Politburo do Comité Central e do profundas alteraçoes sociológicas no Comité Central onde os operários foram reduzidos a 5% dos seus membros. Substituiu 14 dos 23 dirigentes de departamentos do Comité Central, cinco dos 14 presidentes de repúblicas e 50 dos 157 primeiros secretários de krais (regiões) e oblasts (distritos). Gorbatchev substituiu 40% dos embaixadores, alterou ministérios e afastou 50 mil gestores. Tal e qual como fez Krutchev, e acompanhar todas estas medidas por uma campanha mediática sempre em nome do “rejuvenescimento”, “renovação”, “alívio dos camaradas que já deram muito”... Usou e abusou da confiança do Partido e povo soviéticos. Usou e abusou da solidariedade da humanidade progressista com o seu “Novo Pensamento Político”, que mudou o conteúdo da doutrina da “coexistência pacífica”, para o que passou a chamar de “Valores Humanos Universais”, uma expressão e um conteúdo com que justificou a aliança com o imperialismo.

Ao defendermos Stáline, não defendemos o homem e os seus erros. Eles devem ser analisados à luz da época histórica concreta em que se verificaram, (e corrigidos), distinguindo sempre a crítica justa do criticismo, e não da forma leviana e traiçoeira como foi feito por Krutchev e benificiários da campanha “anti-stalinista”. A histeria “anti-stalinista” levou a que muitos deixassem de ver Stáline como um camarada, um comunista revolucionário e passassam a vê-lo como um inimigo.

Kruchov, um mestre na arte da bajulação, injuriou Stálin, qualificando-o de “assassino”, “criminoso”, “bandido”, “déspota do tipo de Ivan o Terrível”, o “maior ditador da história da Rússia”, “tolo”, “idiota”, chamou-lhe de tudo, menos de pai... A baixesa foi dilacerante. Krutchev aproveitou igualmente para se vingar de Staline, desde o tempo em que o seu filho foi preso por morte de um soldado, por via de uma brincadeira com a arma fazendo a “roleta russa”. Krutchev vais interceder pelo filho junto de Staline. Dirigindo-se a Krutchev depois de de este lhe colocar o problema do filho: ...
quem é que se está dirigir ao Secretário Geral do Partido, é o pai do soldado que matou por via de uma brincadeira irresponsável, ou o camarada Krutchev, membro da direcção do Partido?”... De facto, um pequeno exemplo revelador do carácter desprovido de espinha dorsal de Krutchev, ainda por cima num plano onde a dignidade de Staline foi duramente provada quando o seu filho foi capturado e aprisionado pelas forças alemãs, que tentaram negociar a sua troca por altas patentes nazis que foram feitas prisioneiros pelo Exército Vermelho. Staline não vendeu os seus princípios e a dignidade do Estado soviético.

Repetidamente o revisionismo krutcheviano pretendia, e de alguma forma conseguiu, “jogar em vários tabuleiros”. Por um lado dando a idéia de que o povo soviético viveu ao longo de três décadas não no Socialismo, mas num regime de tirania e debaixo do mando implacável do “maior ditador da Rússia”..., ou de um Stáline “tolo”, que por vontade colectiva da direcção do PCUS foi o principal dirigente por mais de 30 anos. Ou o Staline “idiota” que foi o mais capaz dirigente militar e político, tal como foi reconhecido pelas altas patentes militares soviéticas, incluindo o Marechal Jukov, e até mesmo pelos inimigos confessos do Socialismo e da União Soviética, como era Winston Churchil.

O insulto que Kruchev lançou contra Stáline, a divisão que provocou no Movimento Comunista Internacional, constuíu uma afronta ao povo soviético, ao Partido Comunista da União Soviética e ao Exército Soviéticos. Um insulto ao sistema socialista e à ditadura do proletariado. Um insulto à causa pela qual lutaram e tombaram os comunistas. Um insulto ao trabalho colectivo do seu próprio Partido no qual foi um dos principais dirigentes, e ao mesmo tempo um dos mais criativos bajuladores.

Para os fins pretendidos Krutchev, o seu “Relatório Secreto” e as novas concepções e orientações saídas do XX Congresso, foram os meios e as armas utilizados. Injúrias e falsificações em tudo iguais às dos inimigos do Socialismo, iguais aos “argumentos” que fazem parte do arsenal imperialista.
Vale a pena citar Lénine:...a injúria em política encobre frequentemente a completa carência de idéias, a impotência, a frouxidão, frouxidão repugnante dos injuriadores”... (in artigo “O significado político da injúria”). A injúria, a falsificação, são irmãs siamesas da mentira. Foi necessário injuriar e mentir muito, para se chegar ao estado deplorável a que muitos comunistas e Partidos Comunistas chegaram, ao “paparemde uma penada os preconceitos da campanha “anti-stalinista”, ou seja, à campanha anti-comunista montada pela buirguesia, montada pelos que perderam com o Socialismo, e os seus agentes das mais diversas roupagens e origens. O facto, é de que objectivamente todos cooperavam, e cooperam na mesma campanha, repetindo as mesmas ladaínhas, as mesmas mentiras.

Uma falsificação da história,- no que se refere a um processo pioneiro de construção do Socialismo no processo histórico,- que foi tão longe, que vai ser, (e de alguma forma já está a ter) necessário muito tempo para que a falsificação e a mentira sejam eliminadas. Esta reposição da verdade histórica é uma tarefa, difícil é certo, de todos os comunistas e dos Partidos dignos de se chamarem de Comunistas, de lutarem contra o preconceito e as mentiras instiladas pela campanha anti-comunista. Não deixarem que a tese de Goebells leve a melhor, ou seja, que “uma mentira repetida mil vezes, tende a tornar-se verdade”...

Nunca é demais lembrar as condições, e o caráter libertador da Grande Revolução Socialista de Outubro, que libertando energias próprias dominantes e determinantes, gerou ao mesmo tempo “anti-corposdas classes que antes dominantes, perderam o Poder. E quando se fala em Poder, fala-se do sistema e regime sociais, e dos partidos que se alimentavam e viviam desse sistema, o capitalismo, no elo mais fraco do sistema capitalista mundial, que era o império czarista russo.

Noutras palavras, a revolução proletária alcançou a vitória, fora das previsões de Marx e Engels, num país rural e de “mentalidade asiáticacomo dizia Lenine.

O derrube do Governo provisório burguês de Kerensky em Outubro de 1917 no período da “dualidade de poderes”, foi o início de uma revolução quase sem derramamento de sangue no assalto ao Palácio de Inverno, onde estava instalado o Governo provisório de Kerensky . Para além de algumas mortes e feridos sobretudo nas forças da guarda do Palácio, rápidamente o poder foi entregue ao novo Poder dos Sovietes. Na capital do império, São Petersburgo, o Poder dos Sovietes de Operários, Camponeses, Soldados e Marinheiros passou a ser o novo poder. Pela primeira vez na história da humanidade, os protagonistas e sujeitos históricos da Revolução, foram também quem passou a exercer o Poder político. Em Moscovo, para além de pequenas escaramuças, também o novo Poder toma conta da segunda capital do império.

A situação que se vivia a seguir à Revolução Democrática-Burguesa de Fevereiro de 1917, gerou o aparecimento de trinta e nove partidos que representavam os interesses das classes burguesas e sete monárquicos e de latifundiários que desapareceram gradualmente da cena política em resultado de um processo revolucionário qualitativamente novo. Ainda no primeiro Governo dos Sovietes encabeçado por Lenine, participaram representantes de partidos pequeno-burgueses, mencheviques e “Revolucionários de Esquerda”. Arrancava assim, o processo pioneiro que marcou de forma indelével o início do século XX, e inaugurou o período da passagem do capitalismo ao Socialismo. O desejo dos “comunardscumpria-se. Iniciava-se o desejado por mil lutas, o assalto aos céus”!

Os inimigos do novo Poder, internos e externos, tudo fizeram para derrotar o novo Poder operário-camponês. O cerco da Entente (potências capitalistas que cercaram por terra e mar a jovem Rússia Soviética) de apoio aos exércitos brancos czaristas de Koltchak e Denikín, uma Guerra Civil sangrenta e brutalmente destrutiva, foram derrotados pela classe operária em armas que defendia o seu poder de classe.

Mas as acções de sabotagem continuaram naquilo que se identificava como “Contra-Revolução Tranquila, atingindo quer as estruturas do novo aparelho de Estado, quer as estruturas económicas e produtivas. Uma contra-revolução que também chegou ao interior do Partido Bolchevique, ao novo aparelho de Estado, ao Exército Vermelho, procurando por todos os meios fazer fracassar a Revolução Socialista, e que para isso, para esse objectivo, atacavam com enorme ferocidade a cabeça do Partido Bolchevique, Lenine e Staline.

A luta pelo socialismo também se fazia sentir no interior do Partido na luta contra os trotskystas, zinovyevistas, bukarynistas e outros oportunistas.
Fracções oportunistas com perigosos reflexos em alguns Comissariados do Povo (ministérios), que promoviam aa sabotagem e a cospiração. Uma complexa e contraditória fase da construção do Socialismo que assinalava já grandes êxitos na industrialização, no processo de colectivização e do cooperativismo da economia rural gerando uma nova estrutura fundiária, e a revolução cultural, a educação, ensino e cultura de socialistas.

A jovem URSS sofreu um brutal cerco onde naquele tempo onde toda a atividade da política externas das chamadas “democracias” ocidentais obedeciam a uma estratégia comum que era empurrar a Alemanha hitleriana para uma guerra e invasão da União Soviética. O Pacto de Não-Agressão assinado pela União Soviética com com a Alemanha hitleriana, permitiu à URSS ganhar tempo. O tempo para que em ano e meio, a URSS deslocasse para zonas de segurança as suas indústrias mais ocidentais para os Urais, e fortalecesse a sua indústria militar de defesa, e prevenir um ataque da Alemanha como veio a acontecer.

O chamado “Pacto Molotov-Ribbendrop(O pacto de não agressão com a Alemanha), permitiu ao mesmo tempo (graças a este pacto), que o imperialismo não tivesse capacidade para montar uma força única contra a União Soviética. A União Soviética prestou um serviço à humanidade derrotando as foças da coligação hitlaeriana, pagando por isso um altíssimo preço. A táctica desenhada pelas “democracias ocidentais” que era de atacar uma Alemanha enfraquecida depois desta ter vencido a URSS, não resultou. Os EUA e a Inglaterra perderam nos seus propósitos. A abertura tardia da “Segunda Frente” dá-se não por acaso, muito tardiamente já quando Exército Vermelho cercava Berlim.

Uma vitória que permitiu ao Socialismo recuperar as suas forças, restaurar o país e a sua economia em saltos gigantescos de realização e conquistas, somando avanços do ponto de vista qualitativo na produção, nos progressos científico-técnicos, no bem-estar dos trabalhadores e povo soviéticos.

Nos anos 50 do século passado, a URSS ocupou o primeiro lugar na Europa e o segundo no Mundo no que diz respeito à produção industrial, e o terceiro lugar no mundo que se referia à produtividade do trabalho na indústria. A autoridade de Stálin era por demais evidente para as amplas massas de soviéticos e para os trabalhadores e forças progressistas de todo o mundo.
Objectivamente a campanha contra o “culto à personalidade” de Staline, denegriu a autoridade do socialismo, pôs em causa na consciência de muitos o ideal comunista, criou ainda mais sérias dificuldades ao Movimento Comunista Internacional. Esta campanha significava a degenerescencia social-democratizante instalada no PCUS. Foi o início do revanchismo com a mudança massiva de bons e experimentados quadros do Partido na estrutura partidária, nos orgãos do Poder, e nas Forças Armadas, dentro das novas linhas da histeria “anti-stalinista” numa perseguição carregada de atropelos à legalidade e democracia socialistas.

Aquilo de que acusavam Staline injustamente, passou a ser a prática do grupelho Krutchevista instalado após a morte de Staline na Direcção do Partido e do Estado. O assassinato sem julgamento de Laurentus Beria, é um bom exemplo disso. Outras medidas igualmente violentas foram tomadas. Kruschov substituiu todos os Secretários dos Comités Regionais e Urbanos, e dos Comités Centrais do Partido nas Repúblicas, por outros quadros afectos a si e da sua confiança, que com facilidade revelavam ter menor capacidade que os anteriores, com consequências desastrosas para o Partido, para a economia, e a sociedade.

A implementação das linhas de “destalinizaçãoiniciadas por Krutchev e continuadas por Brejnev e Gorbatchev, levou a um nível baixíssimo o trabalho partidário sobretudo junto dos trabalhadores . Uma enorme massa de militantes do Partido foi transformada apenas nos “pés” que suportavam uma pirâmide cada vez mais invertida, introduzindo o desalento, desencanto e a desconfiança em generosos e dedicados militantes e construtores do Socialismo, ao mesmo tempo que cresciam os sintomas de favorecimento e aproveitamento de uma cúpula cada vez mais afastada da base do Partido e das massas. Sintomas que desautorizaram o PCUS, que transformaram o Partido e o ideal comunista em alvos de críticas por via dos comportamento e oportunismo desses dirigentes, críticas a comportamentos não permitidos no tempo de Staline. Tais comportamentos individuais e colectivos, contribuiram para o reforço do “submundo mafiosoramificado e poderoso. A Perestroika ao mesmo tempo que assassinava o Socialismo, mostrava a face dos rostos mafiosos que iriam tomar conta do poder político (porque parte do económico já detinham), e os seus agentes. Agentes, alguns deles ex-membros e até dirigentes do PCUS e da Komsomol.

Na reescrição da história feita pelos vencedores a seguir à derrota do Socialismo e da própria URSS em 1991, tudo fizeram, e escreveram, para que fosse possível identificar o socialismo com o nazismo, Staline a Hitler, metendo tudo no mesmo saco, para desorientar e desnortear os comunistas , os proguessistas e revolucionários, e os trabalhadores e os povos de uma forma geral. Para esse peditório, a campanha “anti-stalinista” contou com o oportunismo da social-democracia, e outras expressões do oportunismo como foi o “eurocomunismo”. Como já se disse antes, muitos comunistas, gente genuínamente revolucionária e progressista sucumbiram a esta monstruosa campanha de colossais mentiras, produzida por igualmente colossais meios.

A história da União Soviética demonstrou que o oportunismo, cresceu e disseminou-se com o propósito de restaurar o capitalismo. A histeria “anti-stalinista”, é a outra face da moeda da campanha “anti-leninista”, ou seja, do anti-comunismo. No movimento Comunista Internacional, o “anti-stalinismo” foi de facto, como diz Nina Andreyeva, “o cavalo de tróia que levou à ruína e à degeneração dos Partidos (Comunistas) da ex-comunidade dos países socialistas (no Leste da Europa) que imitavam cegamente a linha do PCUS”!, nos bons e maus momentos.

Termino com uma expressão de Staline:...“o vento da História varrerá inevitavelmente das nossas tumbas, todo o palavreado e todas as calúnias, e deixará com clareza todas as verdades”...

Combater o “anti-stalinismo”, é combater a mais eficaz arma do anti-comunismo. É abrir as portas aos ventos que de Leste, soprarão a pooeira das falsidades, injúrias e mentiras, que ocultam a verdade!


Janeiro de 2013
Luís Piçarra


Alexander Kérensky (1881 1970), Social-democrata, foi um dos participantes e activistas da Revolução Democratico-burguesa de Fevereiro de 1917, foi chefe do Governo Provisório imediatamente antes da Revolução de Outubro.

Nina Andreyeva (1938), Professora de Engenharia Física, foi expulsa do PCUS por criticar a linha política reformista e revisionista da direcção de Gorbatchev que estava a ser seguida. È dirigente do Partido dos Comunistas (blochevique) de Toda a União, que faz parte de uma frente comum com o Partido Comunista da Federação Russa

1 comentário:

  1. Tenho gostado bastante de ler e acompanhar estas suas reflexões sobre o anti-stalinismo ;)

    Não sei se o camarada já leu o livro "Antistalinskaia Podlost" de Grover Furr, onde ele consegue provar que 60 das 61 acusações de Krutchev eram falsas...mas propunha-lhe, caso estivesse de acordo e considerasse relevante, contrariar essas mesmas acusações e críticas a Stalin...acredito que seria uma boa forma de terminar as suas exposições a respeito deste tema ;)

    Um Abraço!

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