domingo, 28 de abril de 2013

Artigos de Opinião | Ludo Martens - O Trotskismo ao Serviço da CIA contra os Países Socialistas




Depois do triunfo da contra-revolução burguesa no Leste Europeu e na União Soviética, não pode haver divergências de opinião entre comunistas sobre a verdadeira natureza do trotskismo.

O desenvolvimento do processo contra-revolucionário no Leste e na União Soviética permite atestar o significado de classe do discurso que os trotskistas mantêm desde há 60 anos. É hoje fácil de perceber, no seu fraseado de «esquerda», a verdadeira natureza e o verdadeiro objectivo desta corrente. Basta simplesmente reler as declarações trotskistas de há dois ou três anos para que a verdade nos salte aos olhos. O trotskismo é uma corrente ideológica cuja essência é o anticomunismo desenfreado, uma corrente que recruta elementos progressistas da pequena burguesia para os doutrinar no anticomunismo, uma corrente que trava um único combate com perseverança, continuidade e convicção: o combate contra o marxismo-leninismo e contra o movimento comunista internacional.

Demonstraremos estas afirmações através do estudo das posições trotskistas aquando das contra-revoluções de «veludo», que conduziram à restauração do capitalismo no Leste da Europa e na União Soviética.

«A restauração do capitalismo é impossível!»

Nos anos 30, Stáline levantou uma questão essencial: Será que depois de o socialismo ter sido instaurado num país, enquanto ditadura das massas trabalhadoras, a restauração do capitalismo continua a ser possível nesse país? Trótski respondeu que a restauração do capitalismo era impossível sem uma insurreição armada da burguesia e sem uma guerra civil prolongada. A sua tese sobre a impossibilidade da restauração do capitalismo visava eliminar a vigilância política e ideológica e favorecer uma atitude conciliadora para com o oportunismo, tanto no interior do partido como em relação ao inimigo de classe na sociedade.

Desde a Revolução Cultural que os marxistas-leninistas reafirmaram que um partido comunista pode degenerar politicamente e ser invadido por concepções e teorias burguesas e pequeno-burguesas. O revisionismo é a adopção de ideias da burguesia e da pequena-burguesia embrulhadas numa terminologia marxista-leninista. Quando o revisionismo consegue dominar um partido comunista, este torna-se no instrumento principal de uma progressiva restauração burguesa nos domínios ideológico, político e económico.

Ernest Mandel, o líder principal da chamada IV Internacional, lançou-nos à cara que esta era uma teoria «stalinista», que servia unicamente para justificar a arbitrariedade. Ele insiste muito nesta ideia mestra de Trótski.

«Só idiotas manifestos...»

Em 1934, Stáline demonstrou que a linha do grupo oportunista Zinóviev-Kámenev conduziria necessariamente ao restabelecimento do capitalismo na União Soviética. A história provou que as críticas de Stáline a Trótski, ao grupo de Zinóviev-Kámenev e de depois aos seguidores de Bukhárine, eram inteiramente pertinentes. A refutação das suas ideias ao longo dos anos 20 e 30 permitiu conservar a ditadura do proletariado e construir o socialismo, bem como forjar as forças políticas e militares necessárias para defender vitoriosamente o socialismo da agressão fascista. Um quarto de século mais tarde, os revisionistas Khruchov e Bréjnev retomaram grande parte das ideias de Trótski, Zinóviev e Bukhárine. E apenas dois anos depois da reabilitação oficial destas figuras por Gorbatchov, a restauração do capitalismo tornou-se um facto consumado. Mas é preciso recordar que, em 1934, Trótski replicou a Stáline: «Só idiotas manifestos seriam capazes de acreditar que as relações capitalistas, ou seja a propriedade privada dos meios de produção incluindo a terra, podem ser restabelecidas na URSS por via pacífica e desembocar num regime de democracia burguesa. Na realidade, se isso fosse possível, o capitalismo só poderia ser restaurado na Rússia em resultado de um violento golpe de Estado contra-revolucionário, que exigiria dez vezes mais vítimas que a Revolução de Outubro e a guerra civil.» Dez vezes mais, o que faria entre 50 e 90 milhões de mortos para que o capitalismo pudesse ser reintroduzido na Rússia...

1989: «A restauração impossível a médio prazo»

Mesmo em 1989, quando já estavam em campo as forças abertamente contrarevolucionárias, Mandel insistia que o espectro da restauração capitalista não passava de uma mentira «stalinista» para justificar a «repressão». Em 1989, a Polónia e a Hungria já tinham tombado para o lado do imperialismo, porém, Mandel escrevia: «A pequena e média burguesia representa apenas uma pequena minoria da sociedade em cada um destes estados operários burocratizados. Ela beneficia de um apoio, aliás fortemente limitado, por parte do grande capital internacional. Mas no conjunto, esta convergência de interesses é insuficiente para poder impor, a curto ou a médio prazo, uma qualquer restauração do capitalismo.»

Os marxistas-leninistas identificaram há muito as quatro forças sociais que formam a base da restauração: a primeira é a camada dos burocratas, tecnocratas e elementos corruptos no seio do partido e do aparelho do Estado; a segunda são as forças políticas e ideológicas das velhas classes reaccionárias; a terceira são os novos elementos burgueses e exploradores surgidos na sociedade socialista; e por último, as forças imperialistas que actuam aberta ou clandestinamente nos países socialistas. Com Reagan, a ingerência e a infiltração do imperialismo redobraram nos países socialistas. Mandel nega a existência das duas primeiras forças e minimiza as duas últimas.

De resto, ele recorreu ao mesmo argumento para apoiar a contra-revolução na URSS: «Para onde vai a União Soviética de Gorbatchov? Excluamos, antes de mais, a eventualidade de uma restauração do capitalismo na URSS. Da mesma forma que o capitalismo não poder ser gradualmente suprimido, tão pouco pode ser gradualmente restaurado.»

Os trotskistas difundiram com alarido a sua teoria sobre a impossibilidade da restauração enquanto existisse alguma resistência por parte do partido comunista e do aparelho do Estado contra as forças anticomunistas. Desde os anos 30 que esta «teoria» lhes serviu para justificar o apoio a todas as correntes oportunistas e contrarevolucionárias. Durante os anos 30 e 40, os trotskistas apoiaram todas as correntes e facções oportunistas que desencadearam a luta contra a direcção marxista-leninista do partido. Em 1956 aplaudiram o «antistalinismo corajoso» de Khruchov, converteram-se em propagandistas do reaccionário tsarista Soljenítsine, apoiaram todas as forças nacionalistas reaccionárias e fascistas, todos os dissidentes pró-ocidentais, propagaram galhardamente todas as teorias anticomunistas do círculo de Gorbatchov, chegando a encher dois terços do seu jornal com artigos de direita publicados no Notícias de Moscovo e na revista Sputnik. Resumindo, em nome da teoria da impossibilidade darestauração, os trotskistas apoiaram todos os contra-revolucionários até ao dia em que já nada subsistia das ideias revolucionárias e as instituições socialistas criadas e defendidas por Lénine e Stáline.

Uma vez terminada a batalha, Mandel refere de passagem, hipocritamente, a hipótese de uma restauração. Em 12 de Outubro de 1989, numa única entrevista, consegue defender as duas posições... «Excluo um restabelecimento gradual, pacífico, imperceptível do capitalismo. Isso é uma ilusão reformista. Será preciso quebrar a resistência operária (…)» Mais adiante, cita a trotskista Catherine Samary, que afirma que não é de excluir uma restauração, mas ela será feita «exclusivamente segundo o modelo turco (…)».5 Mas esta alusão à possibilidade de uma restauração não tem qualquer reflexo na política trotskista, que se mantém fiel ao princípio da destruição de tudo o que se assemelhe com o comunismo. Assim, três meses mais tarde, em finais de Dezembro de 1989, no momento do assalto final da contra-revolução, os trotskistas lançam a seguinte consigna na primeira página: «Solidariedade com a revolução que começa no Leste!»

De um lado «a burocracia», do outro «as massas»

Esta tese da impossibilidade da restauração serviu durante 60 anos de camuflagem aos trotskistas, permitindo-lhe desertar decorosamente para o lado dos anticomunistas. Com efeito, Stáline e depois dele Mao Tsé Tung afirmaram sempre que a luta de classes continua no socialismo, que a luta entre a via socialista e a via capitalista mantém-se durante um largo período histórico e que a restauração do capitalismo é, deste modo, sempre possível. O socialismo, para se poder manter e progredir, precisa de um partido comunista autenticamente marxista-leninista, um partido que depura, em intervalos regulares, as suas fileiras das correntes oportunistas. O socialismo deve defender-se dos seus inimigos, dos restos das antigas classes reaccionárias, dos novos elementos burgueses que nascem no novo regime e dos agentes do imperialismo.

Atacando estas ideias, Mandel e os trotskistas desenvolveram uma «teoria» original, que reconhece que a luta de classes existe na realidade no socialismo… mas ela opõe a «burocracia» às «massas populares». Denunciando a «burocracia» como uma violência só igualada pelos fascistas, os líderes trotskistas apoiam todas as oposições reaccionárias contra o socialismo, afirmando que estas exprimem a vontade das «massas populares». Arvorando-se em advogados de todas as forças burguesas e anticomunistas, os trotskistas colocam de um lado a «burocracia», que quer «suprimir as liberdades democráticas», e do outro lado as forças da «revolução política», que aspiram ao «socialismo autêntico».

Assim escreveu Mandel em Outubro de 1989: «O objectivo principal das lutas políticas em curso não é a restauração do capitalismo. O que está em causa é ou o avanço em direcção à revolução política antiburocrática ou a supressão parcial ou total das liberdades democráticas que as massas conquistaram durante a glasnost. A luta principal não opõe as forças pró-capitalistas às forças anticapitalistas, mas a burocracia ao povo.» Pretendendo que a luta «opõe a burocracia às massas populares», Mandel apoia aberta e explicitamente as forças liberais, sociais-democratas, monárquicas e fascistas na sua luta contra os últimos resquícios do socialismo.

«A glasnost é um trotskismo…»

Num momento em que a burguesia internacional já reconhecia que o restabelecimento do capitalismo na URSS estava praticamente concluído, Mandel teve as honras da imprensa anticomunista soviética. O seu descaramento levou-o a afirmar que Gorbatchov era um grande revolucionário que tinha adoptado as teses trotskistas. De seguida, Mandel declara que agora todos os comunistas podem compreender quem são os verdadeiros revolucionários e quem são os contra-revolucionários. Trótski, os trotskistas, Gorbatchov e gorbatchovianos estão no campo da revolução, Stáline e os stalinistas estão no campo da contra-revolução. Stáline representa uma «contra-revolução violenta», declarou em Manágua. E assim, graças ao esforço conjunto de Mandel e Gorbatchov, nesse ano bendito de 1990 iniciou-se a verdadeira revolução.

Eis a declaração de Mandel a Temps Nouveaux: «Temps Nouveaux: Gorbatchov proclama de facto que a perestroika é uma verdadeira nova revolução? Mandel: Sim, proclama-o efectivamente, e isso é mais uma vez muito positivo. O nosso movimento defende desde há 55 anos a mesma tese, e por essa razão foi qualificado de contra-revolucionário. Hoje compreendemos melhor, tanto na URSS como em boa parte do movimento comunista internacional, onde se encontravam os verdadeiros contra-revolucionários e onde se encontravam os verdadeiros revolucionários.»

Não foi preciso esperar dois anos para ver a União Soviética cair nas mãos da máfia tsarista e pró-norte-americana, ver o recrudescimento das forças fascistas e tsaristas na Rússia e nas outras repúblicas, e assistir a guerras civis reaccionárias entre as diferentes facções burguesas. O que ilumina na perfeição o rosto dos «revolucionários» da glasnost e da perestroika e mostra para que forças políticas Mandel – esse profissional do anticomunismo – trabalha.

Catherine Samary, outra estrela da IV Internacional, afirmou à imprensa soviética que Gorbatchov aplicava o programa desenvolvido por Trótski. Fez o elogio da glasnost nestes termos: «No vosso país ainda não foi publicada a Plataforma da Oposição de Esquerda, que combateu Stáline e propôs um caminho alternativo para a construção do socialismo. De facto, neste momento, estão a adoptar as suas ideias: construir a democracia socialista autêntica e a autogestão.»

O apoio de Mandel a Iéltsine

Embora sendo um ardente partidário da glasnost, Mandel considerou ser seu dever apoiar as forças ainda mais à «esquerda» de Gorbatchov, e foi de Iéltsine e Sákharov que se tornou porta-voz!

No início de 1989, Mandel apresentou Iéltsine como o representante dos trabalhadores, o homem da democratização que exprime as ideias da classe politicamente consciente da URSS! No seu livro sobre Gorbatchov, escreve: «A eliminação de Iéltsine [em 11 de Novembro de 1987] enquanto dirigente do PCUS representa um grave retrocesso no processo de democratização da URSS.» «Iéltsine é hoje a personalidade política mais popular entre os trabalhadores soviéticos. (...) Dezenas de milhares de crachás com a inscrição “Reintegrem Iéltsine!” foram espontaneamente fabricados. Tudo isto indica a vontade de uma camada politicamente consciente de conservar e ampliar as liberdades democráticas parciais obtidas durante o período entre 1986 e 1988.»

Em 3 de Abril de 1989, Mandel saúda «o surgimento de uma esquerda mais radical e massiva. Três linhas de força, progressistas, sobressaem na plataforma de Iéltsine e Sákharov: contra os privilégios da burocracia; por mais igualdade; e por um sistema multipartidário.» Sákharov, esse representante da «esquerda radical», tinha na prática o estatuto de agente oficial da CIA na União Soviética desde há muitos anos. Apoiara com entusiasmo a agressão norte-americana ao Vietname. Considerava que os norte-americanos teriam podido vencer essa guerra «se tivessem demonstrado um espírito mais determinado e consequente no plano militar e sobretudo no plano político.» Quanto a Iéltsine, durante a sua primeira viagem aos Estados Unidos, a imprensa internacional havia comentado as suas afirmações elogiosas sobre o capitalismo norteamericano e relatado os contactos com a CIA. Até um jornal belga de direita, como o De Gazet van Antwerpen, considerou que Iéltsine tinha exagerado ao declarar: «O capitalismo não está a apodrecer, pelo contrário, desabrocha. Podemos comprar tudo por pouco dinheiro. À noite, nas ruas, não se corre o menor perigo. Até junto dos semabrigo encontrei uma atitude optimista perante a vida.» Depois destas declarações tão abertamente anti-socialistas, Iéltsine continuou a ser saudado por Mandel como «a esquerda radical democrática» do partido comunista da URSS!

Com efeito, no início de 1990, a imprensa trotskista manifestou mais uma vez o seu apoio à ala «radical-democrática» da oposição na União Soviética: «O Moskóvskaia Pravda, de 23 de Fevereiro de 1990, publicou “a plataforma democrática” da oposição radical-democrática dirigida por Iéltsine. A plataforma reclama o exercício do poder pelos sovietes, eleitos na base de um sistema multipartidário, a abolição do “papel dirigente do PC” e a adopção de uma lei que institua o sistema multipartidário.»Notamos que os trotskistas continuaram a insistir nos pontos desenvolvidos por Iéltsine, os quais coincidiam com a sua linha «revolucionária». Mandel chegou mesmo a declarar que Iéltsine era o novo Trótski: «Na actualidade, o reformador Boris Iéltsine representa a tendência que é favorável à redução do enorme do aparelho burocrático. Deste modo, ele segue as pegadas de Trótski.»

Quando, em Agosto de 1991, Ianáiev improvisou o seu estranho golpe, Iéltsine montou profissionalmente um verdadeiro golpe de Estado, que destruiu toda a legalidade do sistema existente com o apoio de uma desmesurada mobilização internacional de todas as forças imperialistas. Mandel e os trotskistas estavam, evidentemente, ao lado de Iéltsine.

«A mobilização galvanizada por Iéltsine e a rejeição do antigo sistema explicam o fracasso do que parece mais ter sido um golpe de força do que um golpe de Estado. Era preciso não hesitar em se opor ao golpe e, neste sentido, lutar ao lado de Iéltsine. O desenvolvimento da auto-organização, do pluralismo político e da total liberdade de expressão são as únicas garantias de uma democracia em relação às opções essenciais futuras. Somos a favor da nacionalização dos bens do partido comunista e dos sindicatos oficiais.»

Nesta altura, para todos os anticapitalistas honestos, era evidente que Iéltsine representava a facção ultraliberal e pró-norte-americana da nova burguesia russa e se preparava para reabilitar a herança tsarista. No entanto, os trotskistas aclamaram o golpe de Estado contra-revolucionário de Iéltsine porque abria caminho à «auto-organização», quer dizer, à auto-organização das massas contra o partido comunista, e por que introduzia o «pluralismo», quer dizer, a liberdade para os partidos liberais, sociaisdemocratas, fascistas e tsaristas... Liberdade para os partidos burgueses, acompanhada da inevitável repressão contra as organizações comunistas, podendo conduzir eventualmente à sua interdição, como acontece em todo o sistema burguês «pluralista». Um ano mais tarde, já ninguém podia negar, inclusive nos círculos da grande
burguesia internacional, o carácter de extrema-direita e pró-imperialista de Iéltsine.

Como verdadeiros provocadores anticomunistas, os trotskistas ousaram então titular: «Estará Boris Iéltsine a seguir as pegadas de Ióssif Stáline?». Este exemplo mostra bem que estes anticomunistas não se detêm perante nenhuma baixeza ou canalhice. Apoiaram até ao fim o liberal Iéltsine no seu combate anticomunista, comparando-o com seu venerado chefe revolucionário, o grande Trótski; alguns meses depois, concluída a restauração capitalista e tendo Iéltsine saudado a memória dos antigos tsares, os trotskistas declaram que, na realidade, Iéltsine se parece com o seu pior inimigo: Stáline.

«Um grande suspiro de alívio»

Em Abril de 1989, Mandel publicou um livro em que escreve tudo o que pensa de positivo sobre Gorbatchov, Iéltsine e sobretudo da glasnost. Recorde-se que, na altura, a burguesia escondia a custo o seu entusiasmo pelas mudanças introduzidas por Gorbatchov. A senhora Thatcher já tinha exclamado que era uma partidária da glasnost e da perestroika. A burguesia anunciava o fim do comunismo e o início de uma grande era de paz, de democracia e liberdade. Na sua linguagem de «esquerda» pérfida, Mandel apoiou como sempre a corrente burguesa na moda. No seu livro escreve: «O pesadelo do stalinismo e do brejnevismo está definitivamente superado. O povo soviético, o proletariado internacional e toda a humanidade pode dar um suspiro de alívio.»

Nessa altura, o nosso partido tinha sublinhado que a contra-revolução no Leste Europeu e na União Soviética constituía uma vitória estratégica do imperialismo, que provocaria umdesastre para os povos dos antigos países socialistas, reforçaria a opressão do Terceiro Mundo, cujos povos seriam as primeiras vítimas das mudanças em curso, e que acentuaria todas as contradições do mundo capitalista. Os trotskistas titularam então: «A loucura da direcção do PTB agrava-se». No mesmo jornal, explicavam «o suspiro de alívio da humanidade», prometendo um futuro sem intervenções militares imperialistas aos povos do Terceiro Mundo! «Os movimentos de massas no Leste Europeu constituem também uma ameaça (…) para o imperialismo. Uma intervenção estrangeira do imperialismo no Terceiro Mundo torna-se agora mais difícil.» E quando um ano depois a coligação imperialista desencadeou a sua agressão bárbara contra o Iraque, os trotskistas apregoaram que se batiam tanto contra Saddam Hussein como contra os aliados. Entretanto, no Leste Europeu e na União Soviética, verificava-se que o «suspiro de alívio» era afinal um grito de horror ante o desemprego, a miséria, a pobreza, o nacionalismo reaccionário e a guerra civil.

Desenvolvendo a sua ideia do «suspiro de alívio» do povo soviético, Mandel imaginou fechar o seu livro com chave de ouro. Eis, em resumo, a última página: «A evolução actual confirma que a análise e as predições feitas por Lev Trótski, há quase meio século, eram bastante realistas e verdadeiras: “Assim que o proletariado começar a entrar em acção, o aparelho stalinista ficará suspenso no ar. Se tentar, apesar de tudo, oferecer resistência, não deverá recorrer a medidas de guerra civil, mas antes a medidas de carácter policial. Trata-se em todo o caso, não de uma insurreição contra a ditadura do proletariado, mas da ablação de uma excrescência perniciosa dentro dela.”» E ainda: «A revolução que a burocracia prepara contra ela própria não será uma revolução social, como a de Outubro de 1917: não se tratará de mudar as bases económicas da sociedade, nem de substituir uma forma de propriedade por uma outra. Assim acontecerá.» É louvável que Mandel tenha associado o velho Trótski às suas análises da glasnost (que, apenas um ano depois, o irá desmascarar como um anticomunista irredutível).

Com efeito, os grotescos artifícios contra-revolucionários de Mandel levam até às últimas consequências os propósitos antibolcheviques mais sofisticados de Trótski. Em 300 páginas de análises, Mandel conclui que a «predição» de Trótski podia agora concretizar-se graças à glasnost. Há meio século, Trótski esforçava-se para provocar uma insurreição antibolchevique. Como a ditadura do proletariado estava firmemente estabelecida, como o partido bolchevique mobilizava energicamente as massas operárias e camponesas, Trótski teve de recorrer a uma aliciante demagogia de «esquerda»: quando derrubarmos o partido «stalinista», a ditadura do proletariado restará intacta, apenas amputaremos uma «excrescência burocrática». A insurreição eliminará um parasita de um corpo são. Não haverá mais classes reaccionárias ou revanchistas no corpo da sociedade soviética, nem novas forças burguesas: o corpo socialista erguer-se-á contra o «parasita stalinista». Trótski teve que assegurar aos operários que a sua insurreição não alteraria as bases económicas do socialismo, que estava fora de questão restabelecer a propriedade privada. Evidentemente! Cinquenta anos mais tarde, Mandel dará as mesmas garantias na seguinte citação com que conclui o seu livro: a glasnost e a «democratização» da sociedade soviética, levados até a fim, manterão e melhorarão a ditadura do proletariado, e não mudarão a base económica da sociedade. Dois anos depois pudemos assistir às convulsões contra-revolucionárias criminosas, que foram apresentadas e justificadas com estes propósitos benignos.

A «revolução política antiburocrática» trotskista

Há 60 anos que os trotskistas alegam que querem derrubar «a burocracia» nos países socialistas através de uma «revolução política». O ódio de Trótski ao sistema socialista manifesta-se na forma como qualifica a direcção bolchevique da União Soviética: a «casta dos arrivistas rapaces», a «oligarquia totalitária», «a nova aristocrática», «o gang criminoso de Stáline», «a casta dos novos opressores e parasitas», «aburocracia totalitária», «a clique autocrática», «a hierarquia de incapazes e escória». Encontramos a mesma linguagem na literatura fascista nos finais dos anos 30.

Segundo Trótski, a mobilização de todas as forças de oposição à «burocracia» conduzirá a uma «revolução política» que livrará a sociedade socialista autêntica dos parasitas da burocracia. Esta teoria, segundo as afirmações do grupo de Mandel, constitui em si o núcleo da doutrina trotskista: «A teorização da degenerescência burocrática da URSS e da revolução política é o avanço programático mais importante do movimento trotskista. A revolução política e as tarefas que implica a sua preparação são as verdadeiras razões da existência da IV Internacional.»

Provocações ao serviço dos nazis

O significado real da teoria da «revolução política» foi demonstrado nas lutas dos anos 30. Toda a burguesia ocidental exprimiu então a sua apreciação positiva das «análises penetrantes da revolução traída», feitas por Trótski. Na realidade, Trótski manifestou-se como um anticomunista enraivecido e as suas afirmações contra o partido bolchevique e contra Stáline foram e continuam a ser aplaudidas pelos ideólogos do imperialismo.

Limitemo-nos a um exemplo altamente significativo. Em 1982, Henri Bernard, professor emérito da Academia Real Militar da Bélgica, publicou um livro para alertar a opinião pública contra o perigo de uma agressão soviética. Disse-nos o seguinte: «1939 parece-se com 1982, os nazis de então são os comunistas de hoje, o antifascista Einstein tem o seu sucessor no anticomunista Soljenítsine.»

Para nos demonstrar a ameaça terrível que pesava sobre o Ocidente em 1982, Henri Bernard considerou útil guiar-nos numa digressão através da história da União Soviética desde 1927. Eis algumas frases colhidas ao longo do percurso: «No plano privado, Lénine era, tal como Trótski, um ser humano. A sua vida sentimental não era desprovida de fineza. Trótski devia normalmente suceder a Lénine. Apesar de algumas divergências de opinião, Lénine manteve sempre uma grande afeição por Trótski. Pensava nele como o seu sucessor. Achava que Stáline era demasiado brutal. No plano interno, Trótski manifestava-se contra a burocracia apavorante que paralisava o aparelho comunista. Por último, Trótski afirmava que um regime só poderia desenvolver-se com uma maior liberdade de opinião e um espírito crítico construtivo.

Artista, homem de letras, inconformista e frequentemente profeta, não podia entenderse com os dogmáticos primários do Partido.» Eis como fala um dos principais chefes do serviço de informações militares sobre os méritos de Trótski.

A partir de 1938, quando a agressão hitleriana pesava como uma ameaça constante sobre a União Soviética, num momento em que o partido comunista travava uma luta decisiva contra os derrotistas e capitulacionistas, e em que mobilizava todas as suas forças para a batalha gigantesca que se aproximava, Trótski fazia agitação como provocador, e as suas afirmações tornaram-se armas nas mãos dos agentes nazis. Em 1938, todos os comunistas e patriotas soviéticos se entregavam de corpo e alma às tarefas políticas e militares na expectativa da agressão nazi. Os apelos dementes de Trótski à insurreição armada só poderiam encontrar eco entre os piores inimigos do socialismo.

Eis algumas afirmações feitas por Trótski entre 1938 e 1949: «Só é possível assegurar a defesa do país destruindo a clique autocrática dos sabotadores e derrotistas». (3 de Julho de 1938). Neste momento, ante a ameaça nazi, as tensões eram muito fortes na União Soviética. Certos grupos oportunistas, para os quais os sacrifícios eram demasiado pesados, e certos grupos contra-revolucionários conceberam planos para um golpe de Estado. A depuração, inteiramente necessária face à de uma guerra de resistência, foi dirigida contra estas forças. Trótski ofereceu-lhes um novo argumento de agitação contra o partido, afirmando que a derrota da URSS face aos nazis seria certa se Stáline e os stalinistas permanecessem no poder.

Consequentemente, era preciso destruir a direcção do partido através de uma insurreição. Estes propósitos correspondiam exactamente às intenções dos nazis, que pretendiam provocar uma guerra civil para realizar mais facilmente os seus planos de invasão. «Só o derrubamento da clique bonapartista do Krémlin poderá permitir a regeneração do poderio militar da URSS. Aqueles que defendem directa ou indirectamente o stalinismo, que exageram o poderio do seu exército, são os piores inimigos da revolução socialista e dos povos oprimidos.» (10 de Outubro de 1938). Assinale-se que os nazis alemães acreditaram nesta propaganda, que os animou na sua determinação de acabar com bolchevismo. Mas após seis meses de guerra tiveram que reconhecer que haviam subestimado o potencial militar e a combatividade dos soviéticos...

«Só uma insurreição do proletariado soviético contra a tirania infame dos novos parasitas pode salvar o que ainda subsiste das conquistas do Outubro nos fundamentos da sociedade». (14 de Novembro de 1938). «As conquistas da Revolução de Outubro não servirão o povo se este não se mostrar capaz de agir contra burocracia stalinista como antes fez com a burocracia tsarista e a burguesia. (...) Isto só pode ser feito de uma única maneira: pelos operários, os camponeses e os soldados do Exército Vermelho que se levantarão contra a nova casta de opressores e parasitas. Para preparar um levantamento em massa, é preciso um novo partido, a IV Internacional». (Maio de 1940).

O leitor terá reparado na data em que esta prosa delirante foi produzida: Maio de 1940. Havia já sete meses que a Inglaterra e a França tinham declarado guerra à Alemanha de Hitler; dois meses antes, a Finlândia, aliada da Alemanha, tinha capitulado perante a União Soviética após três meses de guerra. Stáline tenta por todos os meios ganhar tempo, mas sabe que a partir deste momento a agressão nazi pode acontecer a qualquer momento. É neste contexto que Trótski lança as suas provocações mais infames e criminosas: apela à insurreição popular, depois a uma insurreição do exército contra a «nova casta dos parasitas», termos que eram muito populares na altura entre os hitlerianos. Seria possível os bolcheviques não concluírem que Trótski tinha degenerado ao ponto de agir como um agente de Hitler?

Todas as suas declarações anticomunistas, durante o período entre 1938 e 1940, mostravam que Trótski e os seus pequenos grupos de acólitos se tinham transformado em provocadores, consciente e inconscientemente, ao serviço dos nazis. Mas não puderam exercer a menor influência no desenrolar dos combates. Graças a um trabalho gigantesco de organização da população e de mobilização do Exército Vermelho e das formações de guerrilheiros, graças aos esforços sobre-humanos no domínio da produção militar e da construção de novas fábricas, os bolcheviques conseguiram preparar eficazmente o país para a confrontação inevitável com os criminosos nazis. No final da guerra antifascista, um pouco por todo o mundo, os pequenos grupos trotskistas estavam completamente desacreditados e isolados.

Foi Khruchov quem permitiu aos anticomunistas trotskistas levantar a cabeça, atacando a obra gigantesca do camarada Stáline nos termos retomados à reacção mundial. A linha de Khruchov, aprofundada e desenvolvida por Bréjnev, resultou hoje na restauração do capitalismo selvagem. Hoje podemos dizer que quem não é capaz de reconhecer o carácter provocador, anticomunista e pró-fascista das referidas teses de Trótski, nada tem de comunista.

Mandel apoia os nazis ucranianos

Vejamos agora quais as forças políticas e sociais que os trotskistas apoiaram em nome da sua «revolução política», desde a Segunda Guerra Mundial. Quando os nazis ocuparam uma parte da URSS em 1941, fundaram e apoiaram na Ucrânia um movimento nacionalista e pró-nazi que massacrou centenas de milhares de judeus, polacos e comunistas. Em 1944, no momento da retirada, os nazis deixaram grupos fascistas ucranianos, dirigidos por oficiais alemães nazis, atrás das linhas do Exército Vermelho. O grupo de Mandel aclamou esta contra-revolução nazi, como fazendo parte da «revolução política antiburocrática». Inacreditável?

Julguem vós próprios: Em 1988, o grupo de Mandel escreveu o seguinte: «Durante a Segunda Guerra Mundial, a IV Internacional subestimou gravemente as potencialidades revolucionárias do movimento nacionalista ucraniano. A Internacional só se apercebeu da existência do movimento revolucionário de libertação nacional cinco anos depois da guerra, quando os guerrilheiros ucranianos travavam o seu último combate».

Aqui, os trotskistas revelaram-se abertamente como provocadores ao serviço dos nazis. Os trotskistas retomaram para o efeito a mentira difundida desde 1945 pelos serviços secretos norte-americanos, segundo a qual os nacionalistas ucranianos tinham combatido «contra Hitler e contra Stáline». O que aconteceu na realidade? Numa revista para antigos combatentes da Frente Oeste, um oficial alemão da Waffen-SS relatou a sua experiência na Ucrânia. Ele reconhece que o povo ucraniano «estava muito desiludido com a política alemã durante a ocupação». Antes da sua retirada, o exército alemão formara a divisão Galitzia da Waffen-SS, composta por ucranianos e dirigida por militares alemães. O chefe do Exército Insurreccional Ucraniano, Melnik, tomou «a decisão muito responsável de lutar nas duas frentes: contra os soviéticos e contra os alemães.» (Contra os alemães que... já estavam em retirada). O oficial nazi descreve então os combates em que participou com os «seus ucranianos» contra o Exército Vermelho, em Julho de 1944. «O facto de soldados alemães e ucranianos terem combatido juntos contra o inimigo comum conferiu uma nova dimensão à história das relações germano-ucranianas.» A «revolução política» trotskista torna-se realmente maravilhosa com a Waffen-SS na sua vanguarda!

Com a contra-revolução em Berlim e em Budapeste

A grande maioria da população alemã apoiou activamente o regime hitleriano ao longo da guerra. Cinco anos depois da derrota, a influência dos nazis era ainda muito presente, tanto na Alemanha Ocidental como na Oriental. A Ocidente os antigos nazis e os seus colaboradores continuaram à frente das grandes empresas, da magistratura e do exército. A guerra fria, desencadeada pelos EUA e a Inglaterra, alimentava o anticomunismo dos nostálgicos da Nova Ordem na RDA. Quando em 1953, em Berlim-Leste rebenta uma revolta dirigida por antigos nazis e apoiada pela rede do general Gehlen, antigo chefe dos serviços secretos nazis que passara para a CIA, Mandel aclamou esta «luta antiburocrática». «A casta burocrática não recua ante os crimes mais revoltantes. Esta lição da história já foi escrita com sangue nos muros de Berlim em 1953».

Na Hungria, o regime fascista de Horthy tinha dominado o país sem interrupção desde 1919 até 1944. Em 1956 rebenta a contra-revolução húngara, desencadeada pelos fascistas com o apoio da CIA. Mandel aplaudiu: «A revolução húngara de Outubro/Novembro de 1956 foi a que chegou mais longe na via da revolução política antiburocrática plenamente desenvolvida».

Acrescentemos que aqueles que, em 1989, em Budapeste, proclamaram o reino da livre iniciativa e pediram a adesão à NATO, estavam assim a realizar o programa da insurreição anticomunista de 1956. Saudaram a memória do «herói nacional», Imre Nagy, que, em 31 de Outubro de 1956, tinha rompido com o Pacto de Varsóvia e decretado a «neutralidade» da Hungria… o que era precisamente a palavra de ordem mais avançada, formulada pela Rádio Europa Livre. A imprensa trotskista saudou as grandes manifestações anticomunistas do Verão de 1989 na Hungria.

Assim, Mandel escreve: «Nesta semana, um milhão de pessoas manifestou-se, em Budapeste, para prestar homenagem à memória do camarada Imre Nagy, líder comunista do governo dessa revolução que foi fuzilada pelos stalinistas».38 (Entre parênteses, a imprensa fascista também saudou a memória de Nagy, esse eminente nacionalista executado pelos stalinistas…). Mais adiante, o mesmo jornal trotskista afirma: «Imre Nagy pagou com a vida a sua acção corajosa ao lado dos conselhos de operários da grande Budapeste. Estes conselhos exigiam a democracia no quadro do socialismo.»No livro A URSS e a Contra-Revolução de Veludo dedicámos um capítulo à análise da contra-revolução de 1956 na Hungria.

Com o Solidarnosc, o «poder operário»

Na Polónia, o Solidarnosc foi apresentado pelos trotskistas como uma organização empenhada na luta contra a burocracia stalinista e pelo socialismo proletário! A IV Internacional escreveu em 1981: «Cada vez mais, o Solidarnosc funciona objectivamente, pelo menos a nível local e regional, como um órgão de duplo poder; a revolução política antiburocrática já começou, de facto, na Polónia. A experiência polaca ilustra o conteúdo proletário revolucionário das reivindicações democráticas e nacionais nos estados operários burocratizados.» Ainda em 1981, os trotskistas queixaram-se de que o Solidarnosc não queria tomar o poder, apesar de representar uma alternativa, o poder dos trabalhadores. «As pessoas estão desarmadas pela incapacidade de Solidarnosc de tomar o poder. (...) Seria particularmente trágico neste momento que o ódio do totalitarismo pudesse servir para desarmar os trabalhadores confrontados com a ditadura totalitária. Surgiu um poder contra o Estado: o poder dos trabalhadores polacos.» E quando em 1989, com o apoio de Reagan, Bush, Thatcher e de todos os serviços de secretos ocidentais, o Solidarnosc se preparava para tomar o poder, Mandel ainda não mudara de opinião sobre a natureza do Solidarnosc, e afirma: «A legalização do Solidarnosc é uma vitória para a classe operária.»

Com a CIA na Checoslováquia

Em 1990, na Checoslováquia, o conhecido colaborador da Rádio Europa Livre e da CIA, Vaclav Havel, toma o poder. Ele nomeará o trotskista Peter Uhl como director da agência de imprensa checoslovaca e porta-voz oficial do novo Estado burguês pró-norteamericano! Uhl escreve então: «Pode-se discutir em que medida a teoria de Trótski sobre a revolução política se justificou. Eu penso que é na Checoslováquia que a realidade se aproxima mais desta teoria». Em 12 de Novembro, Mandel desenvolve o mesmo raciocínio, levando-o até ao absurdo (ou ao sórdido, como queiram). Compara a contra-revolução checoslovaca… com a Grande Revolução de Outubro! No seu relatório, os trotskistas escrevem: «Mais brilhante que nunca, o nosso camarada Ernest Mandel reafirma que não há nenhuma dúvida: o que nós vivemos agora na Checoslováquia e na RDA é uma verdadeira revolução, com uma magnitude e uma profundidade sem precedentes desde a revolução russa de 1917».

Peter Uhl fez também uma excelente descrição da «revolução política» na Checoslováquia, enquanto revolução anticomunista, levada a cabo por uma frente de todas as forças reaccionárias: «Havia quem visse na Carta 77 um passo na direcção da revolução política. É o meu caso. Outros viam nela um meio para propagar a palavra de Cristo. Foi um verdadeiro laboratório de tolerância.» «Desde que se diga que somos contra o “comunismo”, contra o stalinismo, contra a burocracia, toda a gente está de acordo». Bela descrição esta da frente que reagrupava os clérico-fascistas, os nacionalistas reaccionários, os sociais-democratas, os agentes da Rádio Europa Livre e os três trotskistas de serviço.

Acrescentemos que os trotskistas nos ensinaram, em 1989, que «a história da Checoslováquia realizou uma vingança estrondosa: Dubcek foi reabilitado». Ainda que os verdadeiros comunistas possam divergir de opinião, quando se trata de apurar se a intervenção soviética de 1968 foi ou não justificada, são unânimes em considerar a «Primavera de Praga» como uma contra-revolução de tipo social-democrata. Em A URSS e a Contra-Revolução de Veludo consagrámos um capítulo à Checoslováquia entre 1969 e 1989. A relação entre as ideias sociais-democratas de Dubcek em 1969 e as da «revolução de veludo» de Havel-Uhl é aí analisada. Também comentamos os pontos de vista de Castro, que apoiou a intervenção, e de Mao, que a condenou.

A revolução proletária na RDA!

A partir de Setembro de 1989, a burguesia revanchista da República Federal Alemã apoiou com enormes recursos financeiros, com as suas estações de televisão e de rádio, a agitação anticomunista na RDA. O grupo de Mandel alega que «começou uma verdadeira revolução política».

Duas semanas depois, Mandel saúda a «revolução proletária» na RDA! «O recrudescimento do movimento de massas que abalou a RDA tem a magnitude de uma verdadeira revolução. Este movimento ultrapassa tudo o que já se viu na Europa desde Maio de 1968, talvez mesmo desde a revolução espanhola. O carácter proletário da revolução que começou na RDA é demonstrado pela grande efervescência nas fábricas». Um mês depois, em Dezembro de 1989, a excitação de Mandel atinge o auge: «Estou realmente entusiasmado com tudo o que acontece em Berlim. Tudo o que Rosa Luxemburg, Trótski e Lénine sempre desejaram pode agora realizar-se. É a primeira revolução, desde a revolução na Holanda no século XVI, que não está ameaçada por uma intervenção militar estrangeira. Estamos perante a primeira geração alemã, após cerca de 200 anos, que é completamente antimilitarista e antinacionalista. O que estimula o meu entusiasmo é a magnitude e a força excepcional deste movimento popular. Dos 500 mil habitantes de Leipzig, 200 ou 300 mil saíram à rua todas as segundas-feiras, durante oito semanas consecutivas. Na Alemanha Oriental, a corrente anti-socialista é particularmente fraca. Em sete mil slogans, nem sequer um por cento era anti-socialista. Ninguém pode dizer se a próxima revolução irá ter lugar na Rússia, França, África do Sul ou em Espanha, mas é certo que as revoluções no Leste alemão e na Checoslováquia terão repercussões».

Para ilustrar o carácter «socialista» do movimento em curso, a IV Internacional cita uma declaração… de um grupo social-democrata. Ora, a social-democracia alemã é uma força de choque do imperialismo alemão, poderosa, em crescimento e expansionista. A estratégia e as tácticas utilizadas por Willy Brandt, para infiltrar e influenciar, dividir e destruir o partido comunista da RDA, tiveram um papel importante na degenerescência oportunista do SED.

Eis o texto citado pelos trotskistas: «A democratização necessária da RDA pressupõe a contestação do monopólio do poder e da pretensão à verdade do partido dominante. Para nós, a formação de um partido social-democrata é muito importante. São nossas orientações programáticas: Estado de direito; democracia parlamentar e multipartidarismo; economia social de mercado com uma rigorosa proibição dos monopólios; liberdade de criação de sindicatos independentes.» Deste modo, os trotskistas chegaram ao ponto de apresentar, como ilustração do carácter «proletário» da «revolução política» em curso, um programa que propugna abertamente o regime burguês... Apesar de Mandel afirmar que menos de um por cento dos slogans era contra o socialismo!

A Glasnost e o multipartidarismo contra os «stalinistas»

Mandel definiu três critérios para distinguir os partidários do «stalinismo» das forças favoráveis ao rumo para o «socialismo democrático e autogestionário»: a atitude em relação à glasnost de Gorbatchov, ao partido comunista e à repressão na praça Tien An Men.

Viva a glasnost

«Definimos a glasnost como o processo de mudanças políticas que alargam o campo de exercício das liberdades democráticas», escreveu Mandel. No livro A URSS e a Contra-Revolução do Veludo reservámos um capítulo inteiro para demonstrar que os cinco anos da glasnost prepararam de forma sistemática os espíritos para a restauração do capitalismo integral; que a glasnost ressuscitou os ideais da grande burguesia russa de 1917; que a glasnost deu a palavra a todos os anticomunistas, a agentes da CIA como William Colby, seu antigo director, ou ao reverendo Moon, aos adeptos do tsarismo e da Igreja Ortodoxa tsarista, a antigos colaboradores nazis, aos homens de Vlássov e de Bandera.

Mandel falaria das «liberdades democráticas» em geral, sem carácter de classe, no momento em que Gorbatchov dava liberdade a todos os contra-revolucionários que queriam enterrar definitivamente as últimas estruturas e influências socialistas. A ideia mais elementar do leninismo é que o socialismo é uma ditadura de classe, que une os trabalhadores contra as forças da burguesia, contra as forças da exploração. «Reconhecemos que toda a liberdade», afirma Lénine, «se ela não se subordina aos interesses da libertação do trabalho do jugo do capital, é um logro».

Abaixo o partido único!

A glasnost deu a palavra a todas as correntes anticomunistas, e permitiu também que todas as forças capitalistas e pró-imperialistas se organizassem e lutassem abertamente pela restauração. Em 1989, Mandel aclamou a organização de partidos anticomunistas e contra-revolucionários na URSS. «O início de eleições autênticas, que se verifica hoje na URSS, é um grande passo em frente. Mas é preciso que haja eleições realmente livres, com liberdade para constituir tendências, fracções e partidos diversos, sem restrições ideológicas.»

Entre 1989 e 1990, Mandel assistiu à realização do seu maior sonho: a legalização «de partidos diversos, sem restrições ideológicas»; e a nova burguesia soviética manifestouse através dos partidos sociais-democratas, liberais, democratas-cristãos, nacionalistastsaristas, etc. Este pluralismo burguês marcou a liquidação final do socialismo e a restauração completa do capitalismo. Hoje, a prática da luta de classes mostrou o carácter e a natureza desta reivindicação principal fundamental dos trotskistas,
formulada desde 1979. No seu IX Congresso Mundial, o grupo de Mandel aprovou uma resolução que «reinventa», quase palavra por palavra, as teses anticomunistas do renegado Kautsky, contra as quais Lénine lançou a sua célebre polémica. Deste modo, comprova-se, mais uma vez, a verdade muitas vezes repetida pelo partido bolchevique e pelo camarada Stáline: O trotskismo é a social-democracia de direita, adornada com um fraseado de «esquerda». No capítulo «Partido único ou pluripartidarismo», Mandel afirma: «Se dissermos que só os partidos e organizações que não tenham programas burgueses (e pequeno-burgueses?) podem ser legalizados, onde é que iremos traçar a linha de demarcação? Os partidos cujos membros sejam maioritariamente oriundos da classe operária, mas que ao mesmo tempo tenham uma ideologia burguesa, deverão ser proibidos? Qual é a linha de demarcação entre um “programa burguês” e a “ideologia reformista”? Devemos desde logo proibir igualmente os partidos reformistas? Iremos suprimir a social-democracia? (…) Nenhuma democracia operária autêntica será possível sem a liberdade de constituir um sistema multipartidário.»

Sim, é verdade que Lénine proibiu os partidos sociais-democratas, isto é, os mencheviques e os socialistas-revolucionários. Isto porque, na guerra civil, eles combateram ao lado do tsarismo, da burguesia e das forças intervencionistas; e porque foram esmagados juntamente com as forças feudais e burguesas. Lénine sublinhou várias
vezes que um representante inteligente da grande burguesia, como Miliukov, compreendia perfeitamente que, numa primeira fase, só um partido de «esquerda», social-democrata, teria possibilidades de arrastar as massas para a luta antibolchevique. É por isso que Miliukov contentar-se-ia com mera legalização de um partido socialdemocrata...

«Não reprimir a contra-revolução!»

O trotskismo nunca perde de vista o seu único inimigo: o marxismo-leninismo e o movimento comunista internacional. Assim, negando galhardamente o perigo de uma restauração, Mandel concentra os seus ataques contra aqueles que denunciam os processos contra-revolucionários em curso e que enfrentam efectivamente a contrarevolução em marcha.

Ao longo de 1989, duas tendências políticas ousaram enfrentar a contra-revolução em ascensão. Em primeiro lugar, na Europa de Leste, forças com orientações oportunistas desde há muitos anos, do tipo khruchovianas, que praticaram o seguidismo em relação à União Soviética e se deram conta das intenções reais de Gorbatchov. Em segundo lugar, o Partido Comunista da China, que reprimiu a revolta anti-socialista em Pequim.

Para acelerar o processo de restauração na União Soviética, Gorbatchov deu deliberadamente luz verde a todas as forças anticomunistas na Europa de Leste. Levando a glasnost à sua conclusão lógica, Gorbatchov queria impedir que os autênticos comunistas dos países do Leste e da União Soviética pudessem formar uma frente antirestauracionista. Ao mesmo tempo, a restauração integral do capitalismo na Europa de Leste deveria encorajar e ajudar os «reformadores» da URSS.

Numa altura em que a restauração estava praticamente terminada na Polónia e na Hungria, Mandel afirma: «A Europa de Leste está a ser actualmente abalada por uma crise sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao contrário do que uma análise superficial poderia fazer crer, a burguesia europeia não vê com bons olhos esta desestabilização. Ela não tem a esperança de recuperar o capitalismo na Europa de Leste». Um ano mais tarde, a afirmação de que o imperialismo não tem a esperança de recuperar os países de Leste seria suficiente para qualificar Mandel como o bobo da contra-revolução. Procurou justificar assim a sua ajuda a todas as forças anti-socialistas que se lançavam no assalto contra a «burocracia». Ao mesmo tempo, Mandel minava toda a vigilância em relação à nova burguesia e ao imperialismo.

Em contrapartida, Mandel mantinha uma vigilância cerrada em relação às fracas forças comunistas que tentavam resistir à ofensiva da burguesia! «Assistimos à coordenação de uma espécie de “frente internacional” anti-gorbatchoviana, que inclui os chamados “conservadores” na Roménia, na Checoslováquia, na Alemanha de Leste, as minorias neo-stalinistas na Polónia e na Hungria.»

Em Abril de 1989, Mandel saúda os notórios progressos na Polónia e na Hungria da restauração burguesa, designada «experiência pluralista». Havel é o seu herói e os opositores à restauração são os seus inimigos obstinados. «Num momento em que na Polónia e na Hungria têm lugar experiências de pluralismo, a direcção de Praga reafirma o princípio do “papel dirigente do partido” (…) A imprensa da Alemanha de Leste continua a apoiar a repressão na Checoslováquia e pressiona para a constituição do eixo Praga-Berlim-Bucareste contra a perestroika. O Neues Deutschland descreveu Havel como um provocador». «Enviem mensagens de solidariedade a Vaclav Havel naprisão». Para os trotskistas, toda a repressão das forças anti-socialistas, todas as prisões de agentes subversivos ao serviço da CIA, como Havel, é um crime monstruoso.

Em Maio de 1989, os estudantes anticomunistas de Pequim aclamaram Gorbatchov com gritos de «Viva a glasnost e a perestroika» e «Viva o Solidarnosc». Quando o motim contra-revolucionário de 4 de Junho de 1989 foi reprimido, Mandel juntou-se à extremadireita internacional, dirigida na ocasião pelo Kuomintang, partido fascista reinante em Taiwan. Numa primeira reacção aos acontecimentos de Pequim, o grupo de Mandel escreveu: «A casta burocrática não recua perante os crimes mais repugnantes. Esta lição da história já foi escrita com sangue nos muros de Berlim em 1953, em Praga em 1968, em Gdansk em 1970 e em Varsóvia em 1981. A dimensão dos horrores em Pequim só pode ser comparada com a forma como a revolução húngara foi esmagada em 1956. (…) Os verdugos de Pequim ainda não ganharam a batalha. Hesitaram demasiado tempo! Hoje, o povo chinês revolta-se. A insurreição alastra através do país. O exército desmorona-se, há a ameaça de uma verdadeira guerra civil». Tal como os fascistas de Taiwan, os trotskistas esperavam ver desenvolver-se na China uma «verdadeira guerra civil» contra a «classe burocrática». Mais tarde, o próprio Mandel produziu uma análise «teórica» em que afirma: «A comuna (!) de Pequim de Abril-Maio de 1989 foi o início de uma revolução política autêntica que tentou substituir o poder corrupto e ineficaz de uma clique de déspotas burocratas pelo verdadeiro poder das massas populares. (…) As massas que se insurgiram em Pequim não tinham nenhum interesse em restaurar o capitalismo. Também não tinham a intenção de o fazer».

Felizmente que os trotskistas não foram os únicos a salvar a honra, como logo se apressaram a declarar: «Só a ala esquerda do Partido Comunista da URSS salvou a honra do comunismo». «Sentimo-nos orgulhosos de estarmos hoje ombro a ombro com outros comunistas no nosso protesto contra a repressão sangrenta na China. A primeira reacção foi de Boris Iéltsine. “O que está a acontecer na China é um crime”, declarou este membro do Soviete Supremo recentemente eleito.» Eis pois Mandel de novo orgulhoso por estar na companhia de Iéltsine.

No ensaio «Tien An Men 1989: da deriva revisionista ao levantamento contrarevolucionário» fornecemos provas sobre o verdadeiro carácter do movimento de Pequim. Fang Li-Zhi, o pai espiritual incontestável do «protesto» estudantil de Pequim, declarou em 17 de Janeiro de 1989: «O socialismo, na sua mistura Lénine-Stáline-Mao, foi completamente desacreditado. Será que uma economia livre pode ser compatível com a forma especificamente chinesa de governo ditatorial? A ditadura socialista está intimamente ligada a um sistema de propriedade colectiva e a sua ideologia é contrária ao tipo de direito de propriedade requerido por uma economia livre.» Três dos principais dirigentes do movimento de Pequim, Yan Jiaqi, Wuer Kiaxi e Wang Runnan, refugiaram-se em França e criaram a Federação para a Democracia. No seu programa definem como objectivo: «Desenvolver uma economia de iniciativa privada e pôr fim à ditadura do partido único». Em nome do multipartidarismo, os três juntaram-se ao partido fascista de Tawain, o Kuomintang. Wuer Kiaxi, que teve grande destaque na imprensa trotskista, encontrou-se em 29 de Janeiro de 1990, na República Popular da China, com o chefe da espionagem taiwanesa, John Chang, a quem afirmou: «O diálogo entre os chineses anticomunistas é o primeiro passo para a unidade». Yan Jiaqi e Wang Runnan também estiveram em Taiwan. Yan declarou: «O facto de Taiwan ter um governo democrático é para nós importante. Parece-me que esta é a base fundamental para a unificação de Taiwan e da China continental». Yueh Wu, o líder do dito «Sindicato Operário Independente», tão caro aos trotskistas, chegou a Taiwan em 16 de Junho de 1990, a convite da... Liga Mundial Anticomunista.

Assim, no seu intuito de distinguir os stalinistas, que defendem os princípios do marxismo-leninismo, dos partidários do «socialismo multipartidário», Mandel definiu um terceiro critério: «Outro indicador é a atitude em relação à repressão sangrenta da Comuna de Pequim. No campo daqueles que condenaram os massacres da Praça Tien An Men estão quase todos os partidos favoráveis à glasnost.

Os «stalinistas» de Pyongyang até Havana

Em Outubro de 1989, Mandel classificou como forças «stalinistas» os partidos comunistas da China, da República Democrática Alemã, do Vietname, da Roménia, da Checoslováquia, da Bulgária, do Japão, da Índia (PCI-marxista), da Coreia do Norte, da Albânia, de Portugal, os grupos que designou como pró-albaneses e maoístas, e também o Partido Comunista Cubano.

Quando afirma que «o partido comunista cubano ocupa uma posição à parte», Mandel refere-se à sua táctica particular em relação a Cuba com vista à destruição do partido comunista. Isto ressalta claramente ao desenvolver a seguinte tese: «Os ataques de Fidel Castro e da direcção cubana contra a glasnost, ou seja, contra o processo de democratização parcial em curso na URSS, são contrários aos interesses do proletariado soviético, aos do proletariado mundial e aos da revolução cubana. Eles ameaçam provocar uma grave crise de legitimidade da direcção cubana perante uma parte das massas, sobretudo dos jovens». «Os entraves à liberdade de pensamento multiplicam-se em Cuba». O partido comunista «substitui» as massas. «Esta penosa regressão ideológica é, a longo prazo, suicidária». Castro não pode lutar eficazmente contra «a degenerescência burocrática do Estado cubano» porque «rejeita a glasnost, a democratização pluralista, o controlo institucionalizado pelas massas». «Assim não lhe resta senão a luta burocrática contra a burocracia. É caminhar para um fracasso certo, como já vimos na URSS e na República Popular da China». Isto mostra bem que o ódio dos trotskistas ao «regime burocrático de partido único» atinge também o «partido único cubano». Se a abordagem táctica é diferente, é porque os trotskistas consideram que assim serão mais eficazes a destruir o movimento comunista na América do Sul, infiltrando o Partido Comunista Cubano e os partidos próximos de Cuba. Isto já aconteceu em resultado do trabalho destrutivo realizado durante dez anos por estes anticomunistas no interior da Frente Sandinista. Agora esperam poder aproximar-se da ala «progressista, antiburocrática e reformista» do Partido Comunista Cubano. Têm a esperança de que o longo convívio dos cubanos com os soviéticos possa ter sido suficiente para formar partidários da glasnost e do multipartidarismo.

Entretanto tivemos oportunidade de verificar na Europa de Leste e na União Soviética no que resultaram os judiciosos conselhos de Mandel: triunfo da contra-revolução, restabelecimento integral do capitalismo, ressurgimento do fascismo e do nacionalismo reaccionário, um capitalismo selvagem, onde super-ricos passam ao lado de uma massa de milhões de pessoas lançadas na miséria desumana e na guerra civil. Não duvidamos de que o Partido Comunista Cubano tomará as medidas que se impõem para impedir a infiltração destes contra-revolucionários e anticomunistas profissionais.


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