segunda-feira, 22 de abril de 2013

ALELUIA


Milagre. Foi milagre, dizem eles, os eunucos da comunicação social plastificada, os próceres da estupidificação institucionalizada.

O pretexto para a proclamação indigente foi, desta vez, uma menina que, ao colo da sua jovem mãe, se salvou de uma queda de 40 metros (ou foi 400 metros?). Nada mais apropriado, pois, que ver-se a mão divina num salvamento inocente, na demonstração mais eloquente, e repetida, que “ele” está atento e sempre justo, particularmente com as crianças. É o que sabemos, aliás, da transcendência da inevitabilidade católica, tão apreciada tem sido a sua laboriosa tarefa pelo salvamento de crianças no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, no Kosovo, na Croácia, no Haiti, etc.

Quanto à mãe da criança, morta por desespero social, nem uma palavra de piedade, nem uma palavra que pretendesse investigar a razão de tamanha radicalização da sua vida. Nada, estas marionetas do “discurso único”, acharam por bem dizer-nos. O que teria levado aquela jovem mãe a praticar acto tão desesperado em plena “época de amor ao próximo”? Será plausível argumentar-se que aquela mulher amava a sua cria, mas que não vislumbrava perspectivas de melhorar, com um mínimo de dignidade da pessoa humana, as suas vidas difíceis?

Pobre, desempregada, muito jovem, sem saber como continuar a dar resposta às crescentes dificuldades que tão cedo lhe eram tão injustamente impostas. Ela que talvez se tenha horrorizado com o alvitre contranatura da orientação política de um governo que despreza o ser humano mais jovem e o manda ir tratar da sua vida “lá fora”. Ela, vítima da “crise” (qual crise, senhores?), que ouve a estratégia de que só os mais fortes merecem continuar, de que é pelo empobrecimento miserável do povo que este ganhará, orgulhoso, o reino dos céus. SIM! Foi por tudo isto, provavelmente, que entontecida, apostou na desistência, fazendo sem disso ter consciência, o jogo rapace do seu inimigo de classe: Ir-se…

Esta é a solução, no limite, que o FMI e a troica nacional preconizam para os seus lusos compatriotas, num contagiante pensamento de que só claudicando a Pátria se recomporá imaculada e ascética.

É, NO ENTANTO, PELA LUTA QUE LÁ VAMOS!


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